DHAMMACAKKAPPAUATTANASUTTAM
Discurso da Inauguração do Reino da Verdade
[Literalmente: Discurso de por em ação a Roda da Verdade ou do Dhamma, a Doutrina, talvez o mais importante de todos os Suttas, pois nele se expões as chamadas QUATRO NOBRES VERDADES, ponto de base de toda a teoria budista. Foi o Primeiro Discurso do Sublime a tratar da Dharma, reencontrando os seus cinco antigos discípulos]
NAMÔTASSÊ BHAGUEVÊTO AREHATÔ SAMMÁ SAMBUDHASSÊ!
Louvado seja Ele, o Valioso, o Perfeito, o Supremamente Iluminado!
NAMÔTASSÊ BHAGUEVÊTO AREHATÔ SAMMÁ SAMBUDHASSÊ!
Louvado seja Ele, o Valioso, o Perfeito, o Supremamente Iluminado!
Assim foi ouvido por mim:
Naquele tempo o Sublime estava em Baranasi, Isipatana, no Parque das Gazelas, quando, então, o Sublime se dirigiu aos monges que formavam um grupo de cinco:
“Ó monges, existem estes dois extremos que não devem ser freqüentados por um recluso; há este apreço pelos divertimentos do mundo, com respeito aos prazeres sensuais, baixo, comum, pertencente ao homem comum, (caminho este que é) desprezível, conectado com sofrimento; e há este apego à auto-mortificação, (que é cheio de) sofrimento, ignóbil, conectado com sofrimento. Ó monges, sem se aproximar desses dois extremos, o caminho do meio foi bem realizado pelo Conquistador, produzindo introspecção, produzindo conhecimento, levando à serenidade, especial conhecimento, mais alta iluminação, Nibbana.
E monges, o que é este caminho do meio que foi bem realizado pelo Conquistador, produzindo Introspecção, produzindo conhecimento, levando à serenidade, especial conhecimento, correta iluminação, Nibbana?
Este não deve ser nenhum outro além do Nobre Óctuplo Caminho, a saber: Correta visão, correta intenção, correta palavra, correta ação, correto meio de subsistência, correto esforço, correta atenção e correta concentração. Este, ó monges, é o caminho do meio realizado pelo Conquistador, produzindo introspecção, produzindo conhecimento, que leva à serenidade, especial conhecimento, mais alta iluminação, Nibbana.
Esta, ó monges, é a Nobre Verdade do Sofrimento: Nascimento é sofrimento, velhice é sofrimento, doença é sofrimento, morte é sofrimento, união com o indesejável é sofrimento, separação do amado é sofrimento, não conseguir o que se deseja é sofrimento, e assim os fatores dos cinco agrupados são sofrimento. Este, ó monges, é a Nobre Verdade da raiz do sofrimento: A avidez de todos os meios que causam vir-a-ser no próximo mundo, que consiste no apaixonado deleite que busca por prazer nisto ou naquilo, ou seja: avidez por prazeres sensuais, avidez por vir-a-ser, avidez por não vir-a-ser.
Este é, então, ó monges, o Nobre Caminho da Extinção do Sofrimento: pela extinção da vida, mesma, através do radical desapego, da renúncia, do abandono, da liberdade, da não-prisão. Este, ó monges, é o Nobre Caminho, o Caminho que leva à extinção (desta miséria, deste mar de sofrimento). Este é o único, o Nobre Óctuplo Caminho, a saber: Correta visão, correta intenção, correta palavra, correta ação, correto meio de subsistência, correto esforço, correta atenção e correta concentração.
Este é a Nobre Verdade do Sofrimento, para mim, ó monges, com referência às outras doutrinas nunca ouvida antes, o olho nasceu, a cognição nasceu, a sabedoria nasceu, o conhecimento nasceu, a luz nasceu.
Sem dúvida esta Nobre Verdade do Sofrimento poderia ser compreendida por mim, ó monges, com referência às outras doutrinas isto nunca foi ouvido antes, o olho nasceu, a cognição nasceu, a sabedoria nasceu, o conhecimento nasceu, a luz nasceu. Sem dúvida esta Nobre Verdade do Sofrimento foi compreendida por mim, ó monges, com referência às outras doutrinas nunca ouvidas antes, o olho nasceu, a cognição nasceu, a sabedoria nasceu, o conhecimento nasceu, a luz nasceu. Esta é a Nobre Verdade da raiz do sofrimento, para mim, ó monges, com referência às outras doutrinas nunca foi ouvida antes, o olho nasceu, a cognição nasceu, a sabedoria nasceu, o conhecimento nasceu, a luz nasceu.
Sem dúvida esta é a Nobre Verdade que a raiz do sofrimento pode ser abandonada, por mim, ó monges, com referência às outras doutrinas isto nunca foi ouvido antes, o olho nasceu, a cognição nasceu, a sabedoria nasceu, o conhecimento nasceu, a luz nasceu.
Sem dúvida esta Nobre Verdade da raiz do Sofrimento foi abandonada, para mim, ó monges, com relação às outras doutrinas isto nunca foi ouvido antes, o olho nasceu, a cognição nasceu, a sabedoria nasceu, o conhecimento nasceu, a luz nasceu. Sem dúvida esta é a Nobre Verdade da Extinção do Sofrimento, para mim, ó monges, com relação às outras doutrinas isto nunca foi ouvido antes, o olho nasceu, a cognição nasceu, a sabedoria nasceu, o conhecimento nasceu, a luz nasceu.
Sem dúvida esta Nobre Verdade da extinção do Sofrimento pode ser realizada, para mim, ó monges, com relação às outras doutrinas isto nunca foi ouvido antes, o olho nasceu, a cognição nasceu, a sabedoria nasceu, o conhecimento nasceu, a luz nasceu. Sem dúvida esta Nobre Verdade da extinção do Sofrimento foi realizada ...
Sem dúvida este é o Nobre Caminho que leva à extinção do Sofrimento ... Sem dúvida este Nobre Caminho que leva à extinção do Sofrimento pode ser desenvolvido ... Sem dúvida este Nobre Caminho que leva à extinção do Sofrimento foi desenvolvido.
Enquanto, ó monges, então, com referência a estas Quatro Nobres Verdades, os três círculos, doze vezes repassados, a visibilidade concretamente real e clara não estava pura, eu ainda não, ó monges, declarava ao mundo, com seus deuses e maras, brahmas, reclusos e povo, incluindo os brâhmanes, junto com os deuses e seres humanos, que Eu realizei a insuperável e supremamente completa iluminação. Depois de um certo ponto, ó monges, com o olhar firme nestas Quatro Nobres Verdades, então, os três círculos, doze vezes realizados, a visibilidade concretamente real e clara começou a ficar pura.
Então Eu, ó monges, na inteireza do Universo, com os devas e os maras, os brahmas, os reclusos e o povo, incluindo os brâhmanes junto com os devas e seres humanos, declaro que Eu realizei a insuperável completa iluminação. A luz da visão cognitiva nasceu e ficou clara para mim. A soltura e amplidão de minha mente com nada é perturbada. Este é o meu último nascimento. Não há mais um futuro vir-a-ser agora”.
O Sublime disse isto. Os monges que pertenciam ao grupo dos cinco ficaram felizes e aprovaram as palavras do Sublime.
Quando esta explicação estava bem dita, para o venerável Kondanna, nasceu o Olho do Dhamma, livre de mancha, livre de pó (e ele disse:)
“Qualquer que seja o real que nasça, isto tem a qualidade de morrer”.
Quando a Roda do Dhamma foi posta a rolar pelo Sublime, os devas da terra alardearam a notícia:
“Pelo Sublime, em Baranasi, Isipatana, no Parque das Gazelas, a insuperável Roda do Dhamma foi posta a rolar, a qual nunca pôde ser posta a rolar por nenhum recluso ou brâhmane ou deva ou mara ou brahma ou por ninguém deste mundo.
Tendo ouvido a notícia dos devas da terra, os devas Catummaharajika proclamaram a notícia:
“Pelo Sublime, em ...”
Tendo ouvido a notícia dos devas Catummaharajika os devas Tavatinsa proclamaram a notícia:
“Pelo Sublime, em ...”
Tendo ouvido dos devas Tavatimsa, os devas Yamma proclamaram a notícia:
“Pelo Sublime, em ...”
Tendo ouvido dos devas Yama, os devas Tusita proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos devas Tusita, os devas Nimmanarati proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos devas Nimmanarati, os devas Paranimmitavasavatti proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos devas Paranimmitavasavatti, os devas Brahmaparisajja proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos devas Brahmaparisajja, os devas Brahmapurohita proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos devas Brahmapurohita, os devas Mahabrahma proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos devas Mahabrahma, os devas Parittabha proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos devas Parittabha, os devas Appamanabha proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos devas Appamanabha, os devas Abhassara proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos devas Abhassara, os devas Parittasubha proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos devas Paritassubha, os devas Appamanasubha proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos devas Appamanasubha, os devas Subhakinhaka proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos devas Subhakinhaka, os devas Vehapphala proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos devas Vehapphala, os devas Aviha proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos devas Aviha, os devas Atappa proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos devas Atappa, os devas Sudassa proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos devas Sudassa, os devas Sudassi proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos devas Sudassi, os devas Akanitthaka proclamaram a notícia:
“Pelo Sublime, em Baranasi, Isipatana, no Parque das Gazelas, a insuperável Roda do Dhamma foi posta a rolar, a qual nunca pôde ser posta o rolar por nenhum outro asceta ou Brâmane, ou deva ou mara, ou brahma ou por ninguém deste mundo”.
Então, naquele momento, desde que aquela notícia foi proclamada, um grande rumor nasceu no mundo dos Deuses. E os Dez Mil Universos estremeceram, sacudiram ruidosamente. Grandes e ilimitadas luzes apareceram no universo, vindas de longe, do alcance do poder dos Deuses.
Então o Sublime proferiu uma exclamação de alegria: “De fato meu querido Kondañña atingiu o Conhecimento, de fato meu querido Kondañña atingiu o Conhecimento!”. E por esta razão Annakondanna passou a se chamar venerável Kondañña.
Que pela força desta verdade você tenha vida virtuosa, longa e feliz! Que pela força desta verdade todos os seus problemas desapareçam! Que pela força desta verdade você tenha feliz e longa vida!
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