quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

POEMA DO RIO NEGRO, 4



Poema do Rio Negro, 4

Rogel Samuel


meu pai já está morto nossos nervos selvagens
escondidos no mormaço venhamos, unamo-nos
contra tal atrocidade
caíram esmagados e obscuros
os principes da amazônica cidade
não sobra registro livros história
seus nomes se perderam
mesmo em papel crepom raça extinta
saiamos já daqui deste poema
com tudo o que fomos
não se volatizaram esses altos valores?
oh verdes claros cimos ares
luzes inatingíveis
estamos aprisionados no passado
é o pó a pedra a extrema a vermelha
pedra do rio negro
do rio negro calado
ó calar subterrâneo que grita alto
não me conformo, meu deus, eu não
me conformo
usemos algo, sangremos algo, falemos algo
o sangue a nossa voz
a nossa veia acordada
a transfusão de nossas águas
não fiquemos assim como nada
não fiquemos parado no tempo
da rota história
vamos ao traspasse do tempo
ou não teremos história
marco pavio lamparina navio
voemos para os extintos
sem nome sem nunca mais
pois em 1729 morreram no rio urubu
vinte e oito mil índios meu passado

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