quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

DIVERSOS POEMAS DE ROGEL SAMUEL



COM A TUA
vox
lamento a perda
da fonte mágica de
Ós.

(Na foto: BOURNEMOUTH, UK. Ver Poemas de Bournemouth)


TE LAVARÁS
nas minhas
lacrimações
florais


EU TE FABRICO
e não
eu te desvelo
cantares
mel e dia
do ar


EU TE AMO
naquilo
em que o teu
é a linha
e o ponto



EU TE PASSO
e passo
livremente
de cantar


POIESIS. Prática de
desnivelamento
de amor



estação devemos
que importa o poético?


- (EM) ILHA.
somos
sobes a ladeira
sobes Santa Teresa
sobes


SOBES
a cada grande
complemento


OVIDIO: METAMORFOSES

Trad. livre R. Samuel

A MINHA ALMA CANTA
AS FORMAS TRANSFORMADAS EM OUTRAS FORMAS.
Ó DEUSES, INSPIRAI-ME!
POIS NÃO FOSTES VÓS, POR CERTO,
QUEM AS TRANSFORMOU?
MINHA OBRA E MEU CANTO
CONDUZI, ININTERRUPTO,
DESDE AS PRIMEIRAS ORIGENS
DESTE MUNDO
ATÉ A NOSSA ÉPOCA ATUAL.

Antes do mar, antes da terra e do céu
que tudo cobre
um só era o todo desta natureza
a que chamamos Caos,
massa rudimentar massa informe.
Nada senão seu próprio peso
sim, as coisas semeadas em discordes
montes, amontoadas sem nenhum ajuntamento.

Pois nenhum filho do Céu e da Terra
dava luz ao mundo. Nem Febo no horizonte
no nascente
reconstruía seus chifres,
nem a terra pendia do ar
que a envolvia em sustentáculo
vazio, em seu próprio peso,
nem mesmo a querida Anfitrite
(a virgem) estendia
seus braços pelos limites
daquelas terras.

Onde quer que houvesse o piso da terra
ali também havia o mar, havia o ar.
A terra instável, a onda inábil, o ar
privado daquela luminosidade.
Nada ali permanecia como era,
em sua forma própria, e uma coisa
se chocava às outras porque
num só corpo o frio lutava contra
o quente, o úmido com o seco,
o mole com o duro, o pesado
contra o sem peso algum.



MÍSTICO LIRISMO
te chamo
místico-lirismo
vejo-te assim


SUAS ÁGUAS
frias idas
escorridas
suas águas
magoadas



NESSA NOITE
dessa fonte
desse lado
nesse sentido
passa o perdido

POEMAS DE BOURNEMOUTH
e eu bebo veneno pelos olhos
quando vejo a tua forma de partir
que ela se torna numa larva preta
a espuma do mar fervente em cada mão
o desiderato rumo dessa casa feita
a linha errada em cada palma, o não
estarmos à roda desfibrada estreita
limita o mar que nos fareja o cão.
distúrbio funcional, minha malignidade
espectro desse quarto quando um morto
vagueava entre vivos a nos aterrorizar
humores, forma aquosa, vítrea,
e cristalina capa de estampadas letras.
eras superfície, punção, a gata morta
no leva e traz das ondas da maré
marco divisório de teus passos.

(Bournemouth, UK, 19 de agosto de 2007)

os dias se arrastam, lentos
as noite se sucedem, escuras
e frias
neste quarto de hotel.

muitas vezes pensei em sair
em ver o mar na noite fria,
mas me recolho cedo
encapsulado
em recordações

o mundo não está
nem lá fora
nem aqui dentro

o mundo não está



(Bournemouth, UK, 15 de agosto de 2007)

à medida que envelheço
vou ficando
como minha avó

à medida que envelheço
mais vou tendo
minha avó no espelho
(Bournemouth, UK, 14 de agosto de 2007)

todas as coisas se parecem contigo
[passo a ver-te em cada dobrada lua]
nada me afastará de ti, pois estás em todas as coisas
onde o olhar
onde há olhar
onde olhar

ver quero ver-te
mas só consigo ouvir-te
há uma canção que me embala
e me adormece

não te tenho perto
tão perto
nem durmo contigo

mas não faz falta
o amor se espraia para sempre

no ar

(Bournemouth, UK, 13 de agosto de 2007,
às 21:20).

SUAS CLARAS
fáceis águas
ouçamos
com benesses d'água


NESSA FONTE
solitária
paremos nossas
meditações

NESSA FONTE
solitária
paremos nossas
meditações



Na
partitura do ser
não experimentemos


POST-SCRIPTUM. Nau viajemos
irmão
nossas profundas
comemorações.


FIM. O que
não chegou
faltará depois


DOZE. Mais e mais
o que há são portas
para o pouso
das palavras


ONZE. Casamos
nossa paz
com tua dor

DÉCIMO. Esta página
tomada
como está
é perto
do que estou a pedir


NONO. É preciso negar
que o real
Quando não me amares mais
perdoarás sem repouso

e eu bebo veneno pelos olhos
quando vejo a tua forma de partir
que ela se torna numa larva preta
a espuma do mar fervente em cada mão
o desiderato rumo dessa casa feita
a linha errada em cada palma, o não
estarmos à roda desfibrada estreita
limita o mar que nos fareja o cão.
distúrbio funcional, minha malignidade
espectro desse quarto quando um morto
vagueava entre vivos a nos aterrorizar
humores, forma aquosa, vítrea,
e cristalina capa de estampadas letras.
eras superfície, punção, a gata morta
no leva e traz das ondas da maré
marco divisório de teus passos.

(Bournemouth, UK, 19 de agosto de 2007)




OITAVO. Pinta o que escrevo
canta
palavra pinta acima. Nem
isso de aparição

SÉTIMO. Nunca mais
pomos os olhos no
tua pena
aceleraste


SEXTO. Por perto
ronda o céu
aberto
que é necessário ao
heroico fugir.


os dias se arrastam, lentos
as noite se sucedem, escuras
e frias
neste quarto de hotel.

muitas vezes pensei em sair
em ver o mar na noite fria,
mas me recolho cedo
encapsulado
em recordações

o mundo não está
nem lá fora
nem aqui dentro

o mundo não está



(Bournemouth, UK, 15 de agosto de 2007)


QUINTO. Deixa de
lastimação
que amanhã
não acordarás


QUARTO. Mastigação
poroso
precipício pavor
pítico lavado
sinto
paro


à medida que envelheço
vou ficando
como minha avó

à medida que envelheço
mais vou tendo
minha avó no espelho
(Bournemouth, UK, 14 de agosto de 2007)


todas as coisas se parecem contigo
[passo a ver-te em cada dobrada lua]
nada me afastará de ti, pois estás em todas as coisas
onde o olhar
onde há olhar
onde olhar

ver quero ver-te
mas só consigo ouvir-te
há uma canção que me embala
e me adormece

não te tenho perto
tão perto
nem durmo contigo

mas não faz falta
o amor se espraia para sempre

no ar

(Bournemouth, UK, 13 de agosto de 2007,
às 21:20).

TERCEIRO. Do ser
precisavas no
que estavas fazendo
Perto de ti nada
podes fazer

SEGUNDO. O que
de que
ao qual pertences
te engole


NÃO. Não escreverá
um só texto
mas o que for dito
e luminoso
como salto de sapato
sapo


CALMAMENTE. Sentes
que é preciso assumir
o que sentes


CAIXA. Não na abertura
porém no vácuo
entregarás o cimentado
serviço de freiras

PÓ.

De tal
viverás
e renascerás
fênix

NAUS. Não velejarás
por viajar
não velejarás
entre as paredes más

TRÊS. Há tempos
querida
que eu quero escolher-te
entre os compatíveis
depois


DOIS. É preciso
dizer
e fazer
calmamente pensar
e dar-me

UM. Unicamente
delido e só
sou
neste meu quarto
passo

QUE QUERES?
Não vais ficar junto a
melhor fonte solitária

TRIO. Sou nada
sonata de secreto
tilintar
Cale-me a calma em
conforme sou
RIMA

SECO. Não. Ninguém
ou/e nada
me calará
por sobre o muro das
lamentáveis considerações

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