quarta-feira, 20 de abril de 2011

RIMBAUD





INFÂNCIA

Eu sou o santo, rezando no terraço,
- como os animais pacíficos pastando junto ao mar da Palestina. Eu sou o sábio na poltrona sombria. Os galhos e a chuva se jogam contra a vidraça da biblioteca. Eu sou o andarilho da grande estrada entre os bosque anões; o rumor das represas cobre meus passos. Me demoro vendo a triste fuligem dourada do pôr-do-sol. Eu bem podia ser a criança abandonada no cais de partida pro alto mar, o caipira rodando as alamedas, sua cabeça roçando o céu. Os caminhos são ásperos. Montesinhos se enchem de giestas. O ar está parado. Que longe os pássaros e as fontes! Isso só pode ser o fim do mundo, avançando.

RIMBAUD - ILUMINURAS

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