COGUMELOS NOS JARDINS
DA VIDA
CLARISSE DE OLIVEIRA
A umidade provoca
fungos nos troncos mortos das árvores. É o que o habitante da cidade, em seus
jardins, conhece como "orelha-de-pau". Os elementais têm atração por
esses fungos, e também pelos Cogumelos.
Nada mais atrativo do que um gnomo sob um Cogumelo, numa pequena loja da
Europa, seja em madeira ou em porcelana. A alma do Gnomo se manifesta também
como um Velho, aparecendo com seus olhos azuis e longa barba branca. O crepitar
da lareira no Inverno ou as manchas de Sol no chão dos bosques, que surgem
através das copas das árvores, nas Estações mais quentes, tornam ativas as
Almas dos Elementais. Os elementais não são alegres nem tristes: - suas almas
se modificam de acordo com os transtornos da humanidade - no entanto, eles têm
uma espécie de poesia que é o resíduo do amor entre os humanos, fungos do
Espírito, podridão das caricias que perdem o latejar do aquecimento da
Salamandra eterna, enquanto a Sensualidade empalidece com a morte da carne dos
humanos.
Uma espécie de iniciação se processa
entre os princípios funcionais ativos, os "neterw", esses poderes que
não são deuses, mas, segundo os egípcios, "entidades divinas" ou
atributos divinos, que podem ser os ornamentos de muitos aspectos da Vida, - aqueles
que não formam Destinos... e são livres até desejarem a fatalidade da
atração humana e mergulharem no
Estupor de "Onde foi que eu errei?"
A cegueira desse Estado em que
estamos tão perto da Realidade da Revelação, a ponto de a podermos tocar com os
dedos, e no entanto não nos julgamos cegos e por isso nos perguntamos:
- É preciso ver?
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