sábado, 31 de dezembro de 2016

QUE ME APARTO DE VÓS, OH ÓLEOS



que me aparto de vós, oh óleos 
do Rio Negro. Das axilas 
de coca-cola, de mel. Produto impuro 
banho de esperma que ferve 
pelas paquidérmicas chatas. 
vos deixo, oh mãe de orquídeas terra 
régia fera guerra estéril e amorosa 
e no longo corredor me enrosco 
meu aeroplano tece 
sobre vossas plastificadas canoas de ferro 
goma arábica ungüento espesso 
caboclo jovem mãe planície 
negra magra seda 
de vós finalmente me aparto 
oh águas lixiviadas, menstruais 
lembranças de ventres de tarântulas 
de cristais 
de vós me aparto para sempre! 
esmorecido de vós, sucumbido 
por vossa fênix, por vosso lenho 
vos esqueço, oh pélvica morada 
de mortos deuses, de profundos silos 
e neste ar meu aeroplano tece 
e é expelido pelas tuas pernas. 

(ROGEL SAMUEL)

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