A fome é um não
A fome é um não
Rogel Samuel
O mundo está com fome. A fome no mundo aumenta.
Leio que a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) prevê que o número de famintos no mundo chegará ao recorde de 1 bilhão e 20 milhões de pessoas. Um em cada seis seres humanos está passando fome.
Há uma perversa combinação da crise econômica com a elevação do preço dos alimentos.
Jacques Diouf, da FAO, disse que a crise alimentar vai por em risco a paz e a segurança mundial.
642 milhões vivem na Ásia e 265 milhões na África subsaariana.
"A fome não é um produto da superpopulação: a fome já existia em massa antes do fenômeno da explosão demográfica do após-guerra. Apenas esta fome que dizimava as populações do Terceiro Mundo era escamoteada, era abafada era escondida. Não se falava do assunto que era vergonhoso: a fome era tabu" escreveu há muitos anos Josué de Castro.
Escreveu Cassiano Ricardo:
"A fome é um não.
A fome ri. A fome é a morte ainda viva.
Ambulante".
Vejo os rostos cadavéricos da fome africana e asiática. A máscara da fome. No coro das máscaras. A face ossuda, angulada. Não é preciso perguntar: 'você me conhece'.
"A face do sub-vivo é dialética. Gera pontas de faca sob a pele" diz Cassiano Ricardo.
A máscara da fome é um feroz atestado. Uma em cada seis pessoas passa fome, no mundo.
A fome ri. A fome esculpe, cinzela as suas criaturas (ou caricaturas?)
- A fome é um Não.
Um não que não aceita explicação.
(Cassiano).
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