segunda-feira, 7 de março de 2022

Gonçalves Dias


 Minha terra!

Gonçalves Dias

 

Quanto é

grato

em terra estranha

Sob um céu menos querido,

Entre feições estrangeiras,

Ver um rosto conhecido;

Ouvir a pátria linguagem

Do berço balbuciada,

Recordar sabidos casos

Saudosos – da terra amada!

E em tristes serões d’inverno,

Tendo a face contra o lar,

Lembrar o sol que já vimos,

E o nosso ameno luar!

Certo é grato; mais sentido

Se nos bate o coração,

Que para a pátria nos voa,

P’ra onde os nossos estão!

Depois de girar no mundo

Como barco em crespo mar,

Amiga praia nos chama

Lá no horizonte a brilhar.

E vendo os vales e os montes

E a pátria que Deus nos deu,

Possamos dizer contentes:

Tudo isto que vejo é meu!

Meu este sol que me aclara,

Minha esta brisa, estes céus:

Estas praias, bosques, fontes,

Eu os conheço – são meus!

Mais os amo quando volte,

Pois do que por fora vi,

A mais querer minha terra,

E minha gente aprendi.

Paris, 1864.

Pode ser uma imagem de oceano, céu e natureza

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