sexta-feira, 15 de abril de 2011
Complexo Boothline
As obras para a construção do shopping no Complexo Boothline, Centro Histórico de Manaus, devem ser iniciadas nos próximos três meses. O empreendimento pertence ao Grupo Uai, que anunciou, no último mês, que o local não serviria mais como um shopping popular, mas sim como um centro comercial convencional.
Apesar de o Instituto Municipal de Ordem e Planejamento Urbano (Implurb) informar que os empresários do grupo reconsideraram a continuação do projeto de construção do shopping para abrigar os camelôs cadastrados junto à prefeitura, o diretor de operações do grupo, Elias Targilene, disse, ontem, que o grupo ainda não definiu se deve seguir com o projeto do shopping popular.
O diretor se reuniu, durante todo o dia desta quinta-feira (14), com empresários e informou que a definição deve ser anunciada somente na semana que vem.
Segundo Targilene, o projeto da obra do empreendimento está em fase de revisão e ainda deve ser encaminhado para análise do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (Iphan), uma vez que se trata de prédios tombados como patrimônio histórico.
“Estou no exterior vendo com os empresários as possibilidades que temos. Mas reconsiderar a nossa desistência não é algo fechado”, afirmou.
Acreditando que os empresários irão concordar em retomar o projeto do shopping que irá abrigar os vendedores ambulantes do Centro, a prefeitura anunciou que, ao lado do complexo, irá construir um novo prédio que servirá como extensão do shopping popular.
O novo prédio deve abrigar 1,3 mil vendedores ambulantes que ficaram de fora da lista dos que serão direcionados ao shopping do Grupo Uai.
Para a construção, a prefeitura irá desapropriar 16 imóveis na rua Almirante Tamandaré. Em nota, o Implurb) informou que o processo de desapropriação dos imóveis está “cumprindo fase de análise da documentação comprobatória de propriedade”.
Após a desocupação da área de 4,2 mil metros quadrados, a prefeitura deve realizar concorrência pública para contratar uma empresa para a obra.
Os vendedores ambulantes que trabalham com o comércio de alimentos no Centro da cidade não foram incluídos no cadastro da prefeitura para serem transferidos para o centro de compras popular. De acordo com o Implurb, um plano de ação para esses trabalhos está em elaboração no órgão.
Prefeitura espera liberação
O Implurb informou, por meio de assessoria de comunicação, que caso as obras de construção do shopping popular provisório, na área do Porto de Manaus, não seja liberada pela justiça, a única opção é esperar o shopping definitivo ficar pronto, o que deve ocorrer em pelo menos dois anos.
O Grupo Uai tentou construir um shopping popular provisório, no ano passado, para a retirada imediata dos vendedores. O empreendimento seria inaugurado em setembro do ano passado. O investimento na estrutura que já foi montada foi do Grupo Uai.
A demora em reverter o estado de embargo da estrutura fez com que os empresários do grupo anunciassem que não iriam mais abrigar os camelôs no empreendimento que deve ser restaurado e que, no local, funcionaria um shopping convencional. O processo tramita na Justiça Federal.
Trabalhadores prejudicados
Empresários e trabalhadores que atuam nos imóveis que devem ser desapropriados pela prefeitura apresentaram, nesta quinta (14), nota de repúdio contra a ação da administração municipal.
De acordo com a nota, há pelo menos 200 trabalhadores que atuam na área e que devem ficar sem opção quando os imóveis forem desapropriados.
De acordo com o advogado do grupo, André Oliveira, o ideal seria que a prefeitura convocasse os trabalhados para analisar de que forma seria a retirada deles.
“Eles fazem toda a negociação com os donos do terreno, mas não estão nem olhando para as pessoas que sobrevivem dos trabalhos na área.”
Na nota, o grupo especifica que grande parte dos empresários e trabalhadores está no local há mais de 20 anos. No documento, o grupo solicita uma conversa com o prefeito Amazonino Mendes ou com o diretor-presidente do Implurb Manoel Ribeiro para tratar da questão.
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