sábado, 4 de junho de 2016

O MAGNÍFICO VIRUPA

O MAGNÍFICO VIRUPA


O MAHASIDDHA VIRUPA

 

 

Rogel Samuel

 

       No dia do nascimento do seu filho Rupyachakra, o rei Suvarnachakra chamou os astrólogos da corte e perguntou:

       - Digam-me se ele será um rei próspero.

       O astrólogos lhe responderam:

       - Grande rei Suvarnachakra, seu príncipe terá grandes poderes espirituais.

       Ainda criança o príncipe Rupyachakra entrou no mosteiro de Somapura, o Norte de Bengala, odenado pelo abade Vinitadeva e pelo Acharya Jayakirti e onde estudou as cinco principais ciências, tornou-se erudito tanto em doutrinas Budistas como não-Budistas, erigiu um templo de pedra no qual pôs imagens sagradas de Buda e quando o templo ficou acabado ofereceu a grande festa de celebração à totalidade da comunidade monástica e dedicou os méritos.  E lá ele estabeleceu a tradição de fazerem-se oferendas regulares para purificar as ações negativas dos seus falecidos pais.

       Quando concluiu seus estudos partiu para a Universidade de Nalanda, onde o budismo estava estabelecido.

       Lá ele recebeu a ordenação de Bhiku do abade Dharmamitra, também conhecido como Jayadeva, e foi-lhe dado o nome de Shri Dharmapala.

       O abade, muito admirado com o discípulo, transmitiu-lhe os ensinamentos secretos do Vrajayana e do Tantra de Chakrasamvara, e deixou no seu testamento que Shri Dharmapala deveria ser nomeado seu sucessor.

       Quando o abade faleceu, Shri Dharmapala supervisionou a cerimônia do seu funeral e tomou providências para que os restos mortais do abade fossem transformados em relíquias que distribuiu entre os vários reis, patronos e monges. 

       Dharmapala praticava Chakrasamvara todas as noites de acordo com as instruções secretas que recebera do seu abade. De dia dedicava-se ao ensino e à composição.

       Apesar de ele conceder ensinamentos sobre textos Theravadas e Mahayana, ele dedicava a maior parte do seu próprio tempo às práticas secretas do Vajrayana, a prática de Chakrasamvara.

       Shri Dharmapala treinou assim por muitos anos a vida toda.

       Aos setenta anos, apesar de tantos anos de prática, Shri Dharmapala não tinha experimentado quaisquer sinais de realização espiritual.

       Ele teve também de enfrentar várias doenças que infestaram o seu corpo e a sua mente.

       Enfim ele estava triste e assustado com o constante mal causado pelos espíritos yakshas e por outros maus espíritos.

       Para piorar o seu estado de desencorajamento e frustração, ele começou a ter os mais assustadores pesadelos.

       Num desses sonhos, viu ele um gigantesco fogaréu arder na parte mais baixa e uma inundação na parte mais alta do vale.

       Ele também viu tempestades de granizo, tempestados glaciais, viu cones de gelo e icebergs caindo do céu. Viu o seu Amado Guru, o seu Yidam e seus amigos espirituais pendurados de cabeça para baixo, ou com suas faces destroçadas, sem narizes, olhos fora das órbitas, o sangue a pingar. 

 

     Shri Dharmapala interpretou esses sonhos como maus presságios e concluiu que lhe faltava a ligação cármica para atingir a realização através do caminho secreto do Vajrayana nessa vida.

       E decidiu abandonar praticas Tântricas.

       Assim, na noite do vigésimo segundo dia do quarto mês lunar, ele desistiu da prática da Yoga da Deidade, e jogou seu rosário na latrina. 

       Mas os sonhos eram na realidade indicativos de que Dharmapala estava quase a atingir a maior espiritual.

       Ele não tinha possibilidade de saber isso. Não sabia que já tinha adquirido mestria no Caminho de Acumulação, no Caminho da Preparação, e estava quase a atingir o Caminho do Ver. Naquela altura a sua energia vital e sua mente tinham mergulhado nas sílabas ksa e ma abaixo do Chakra do Umbigo, e por isto ele tinha tido aqueles sonhos. Ele não sabia reconhecer os sinais do que lhe sucedia porque seu mestre falecera antes de lhe transmitir a totalidade das instruções essenciais que teriam explicado as drásticas mudanças ocorridas no fluir da energia sutil no seu corpo e explicado a experiência onírica. 

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