segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

O abismo do amar




O abismo do amar

Rogel Samuel

O doloroso poema de Clarisse de Oliveira “Alceu” é um dos mais fortes poemas de amor da via dolorosa que é o amar, cheia de ficares na estrada, que segue, Via Dolorosa de uma cidade tão velha quanto Jerusalém, da Porta de Santo Estevão até a Igreja do Santo Sepulcro naquela parte ocidental da cidade velha de nossas almas, cuja tradição foi traçar por este caminho a nossa cruz, com suas nove estações da cruz, ou estrada de ferro em brasa, de barro de brasa, de brado, de infidelidades confirmadas e perenes, de abismos de lugares esquecidos do Bardo, do espaço infernal e mortal do já morto, do após-vida, do depois da morte, cheio dos sopros e vendavais daquelas vozes mentirosas e dos grandes gritos dos monstros que nos perseguem, a nós que ainda amamos, que amamos sem esperança, que amamos para perder, que abandonados amantes até mesmo do perdido:
“ALCEU
“Você ficou numa estrada vendo se adiantarem amores, confirmações de fidelidades perenes, e nessa estrada que corta quatro abismos, como um local esquecido do Bardo, o vento sopra levando essas vozes mentirosas enroladas pelos sopros de Monstros Irresponsáveis.
“Os ventos eram tão fortes, que eu, por mais bem intencionada que fosse, não conseguia permanecer perto de você, para, gritando o mais possível, lhe dar
esperanças que os ventos enrolavam, enrolavam...
“Os Monstros esqueceram da Vitória que conquistou ali, sozinho na Estrada e eu sendo arrastada pelos Ventos ainda não havia tido toda a visão da sua Grande Realidade Conquistada...

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