um poema azul
um poema azul
sai da parte nova
da velha cidade
que escreve a cena
do azul poema
sob sol tão belo
por que neste zelo
esta cor tão velha
renova revela
risco no vermelho
sua prova senha
que azul aceita
por que neste traço
não se lança, pássaro
sobrevoa aquela
longínqua montanha?
esta cor tamanha
faz-me prisioneiro
e do ar cordeiro
que do texto inteiro
sou escrito nela?
leva me revela
sobrevejo aquela
forte aquarela
e naquela tela
me lanço no ar.
meu amor primeiro
vejo-te inteiro
neste meu ofício
de fantasiar.
mas triste é a noite
e esta senhora
que me trouxe a hora
para vida a fora
eu me lastimar.
cada vez mais perto
estende o seu mundo
seu ponto segundo
seu sagrado ato:
que não creio revele
seu pior segredo:
nem por mais sentir
o menor dos medos
pois neste ofício
pois neste tinteiro
o azul faz poema
e a tua pena
vai-te envenenar.
ROGEL SAMUEL
(maio de 2.000)
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