segunda-feira, 20 de junho de 2011
A saga dos dias
Rogel Samuel
Uma batida de automóvel na rua. Acorda-me. Agora não. Já tudo passou. Já o silencio, os pássaros raros, a tristeza morta. Sim morta. A vida não é nem alegre nem triste, a vida é algo desconhecido. Valioso e frágil. Estou numa fase de poucos contatos com o mundo exterior, como quando se escreve um livro. Quando o livro aparece, o mundo desaparece. Uma batida de automóvel na esquina. Penso no prejuízo e na dor. Os carros não foram para bater, mas para correr. Talvez haja um demônio nessa esquina. Já morreu ali uma criança. Atropelada. Penso novamente na dor. “Compreende que o medo dos outros, que tu ressentes, é primeiramente o medo de ti próprio. Um ser pacificador, que ultrapassou as suas angústias, vai ter com os outros com serenidade”, escreveu Dugpa Rinpoche.
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2 comentários:
É realmente uma saga.
Deve ser bom escrever no silêncio cercado por árvores e canto de pássaros. Não sei o que é isso. Escrevo no meio da tormenta, do trânsito, das sirenes de ambulâncias e carros de polícia. Um tiro aqui, um corre corre ali e vem a poesia.
Muito bom!
Abraços
Mirze
boa, poeta urbana, muito boa e real
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