domingo, 22 de novembro de 2015

AS NUVENS


As Nuvens

BILAC

Nuvem, que me consolas e contristas,
Tenho o teu gênio e o teu labor ingrato:
Essas arquiteturas imprevistas
São como as construções em que me mato...


Nunca vemos, misérrimos artistas,
A vitória deste ímpeto insensato:
A um sopro benfazejo, que conquistas!
A um hálito cruel, que desbarato!


Nuvens de terra e céu, brincos do vento, 
Vai-se-nos breve a essência no ar varrida... 
Irmã, que importa? ao menos, num momento,


No fastígio falaz da nossa lida, 
Tu, nas miragens, e eu, no pensamento, 
Somos a força e a afirmação da Vida!

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