AS ENTRANHAS DO CORAÇÃO DA FLORESTA
Rogel Samuel
O Choro n. 10 de Villa Lobos está entre o que de melhor se fez em música sinfônica no Brasil. Achei um vídeo no YouTube que me impressionou: a interpretação de Eleazar de Carvalho, magnífica. O ritmo de batuque é um grande "samba-enredo sinfônico", “um acompanhamento coral bem ritmado de onomatopéias supostamente indígenas (mas inventadas por Villa-Lobos) e a uma bateria marcada revezadamente por ganzá, tamborim, reco-reco, cuíca e similares de escola de samba”. É um show de brasilidade, um carnaval de sublimidades, vozes em delírio, aleluias, gritos alucinantes na ginga de Eleazar, que está imponente em sua Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo que corresponde, respondendo de pronto. Eleazar, como sempre, dançante no pódio, desvelando o útero do Brasil desde as suas entranhas selvagens, pois Villa Lobos alcança um nível raramente ultrapassado até hoje. Villa tinha consciência e amava o Brasil em sua aguda natureza, olhava para o horizonte futuro, para na sua raiz popular, mas com uma altivez e uma grandeza e uma imponência e um orgulho monumental. A música é um estranho ritual indígena, um festival, um hino de amor às belezas do Brasil. O filme é antigo, em preto-e-branco, mas dá para sentir a superioridade da massa orquestral. Sim, Villa era um louco. Louco porque tinha grandeza. Muito além do que os seus contemporâneos podiam assimilar. O excelente Coral é o da Associação Coral Adventista de São Paulo. Foi na Abertura do Festival de Inverno de Campos do Jordão de 1988.
Confira em:
http://www.youtube.com/watch?v=eT8u7_EsT5g&feature=related
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