sexta-feira, 9 de abril de 2010
O Instante
Os séculos passaram como sonhos
Rogel Samuel
Sim, os séculos passaram como passam os sonhos, as guerras, os muros mais sólidos, a macieira de adão e a maça de eva, a cruz de Cristo, tudo tudo passa e o instante é órfão de si mesmo, só resta a memória, o tempo de areia, a sucessão, o engano, a rotina tictacteante o do relógio de areia, de sol, um ano vale tanto quanto a vã
história, dentro do eterno de um dia acontecem mil agonias, e luzes, e cuidados, e doces prazeres, e mesmo os espelho se cansam de nos espiar, não são os mesmos, tudo é tão tênue, tudo é tão eterno, sim, nada esperes vão esperar, nada.
O Instante
Jorge Luis Borges
Onde estarão os séculos, o sonho
de espadas, o que os tártaros sonharam,
onde os sólidos muros que aplanaram,
onde a árvore de Adão e o outro Lenho?
O presente está só. Mas a memória
erige o tempo. Sucessão e engano,
esta é a rotina do relógio. O ano
jamais é menos vão que a vã história.
Entre a alba e a noite há um abismo
de agonias, de luzes, de cuidados;
o rosto que se vê nos desgastados
e noturnos espelhos não é o mesmo.
O hoje fugaz é tênue e é eterno;
nem outro Céu nem outro Inferno esperes.
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