sábado, 16 de abril de 2011

BILAC



Hino á Tarde


Glória jovem do sol no berço de ouro em chamas,
Alva! natal da luz, primavera do dia,
Não te amo! nem a ti, canícula bravia,
Que a ti mesma te estruis no fogo que derramas!


Amo-te, hora hesitante em que se preludia
O adágio vesperal, - tumba que te recamas
De luto e de esplendor, de crepes e auriflamas,
Moribunda que ris sobre a própria agonia!


Amo-te, ó tarde triste, ó tarde augusta, que, entre
Os primeiros clarões das estrelas, no ventre,
Sob os véus do mistério e da sombra orvalhada,


Trazes a palpitar, como um fruto do outono,
A noite, alma nutriz da volúpia e do sono,
Perpetuação da vida e iniciação do nada.

2 comentários:

Jefferson Bessa disse...

A passagem da tarde despertou e despertará ainda lindos poemas. Adorei ler o poema de Bilac, Rogel!
Grande abraço
Jefferson.

ROGEL DE SOUZA SAMUEL disse...

sou leitor de Bilac desde menino