domingo, 25 de setembro de 2011

FALECE ALENCAR E SILVA




SONETO DE EVOCAÇÃO

Alencar e Silva

Que me fez evocar tua face ausente
e teus olhos e encantos já mudados
e cantar este canto em que ressurges
esculpida em martírio e solidão?
Foi a flor que colhi sem cheiro algum?
O som que me chegou anoitecendo?
A lua que lembrando uma outra Ofélia
me fez buscar tua face de afogada?
Pobre amada, o mistério se desvenda
e se faz claro como o fio de prantos
que abre rios de luas em teu rosto:
esta canção nasceu de tua presença
de fonte dolorosa e ave ferida
que canta enquanto mais lhe punge a vida.

(Território noturno)


Escreveu o BLOG DO CORONEL:


O poeta Joaquim Alencar e Silva nasceu em Fonte Boa (AM), e forma com Jorge Tufic e o finado Farias de Carvalho, todos de 1930, uma tríade respeitável e premiada da poesia nacional. Hoje, residindo no Rio de Janeiro, Alencar e Silva não terá o encontro pessoal de seus amigos daqui, mas segue lembrado e homenageado.

Iniciou os estudos nessa cidade do rio Solimões e os secundários encerrou no Colégio Estadual do Amazonas, ao lado da Praça da Polícia. Na mesma praça que ainda conserva o "mulateiro-sede" do Clube da Madrugada, agremiação de muito imortância para o poeta. Dissertando sobre A Poesia amazonense do século XX, Assis Brasil revela que Alencar escrevia desde a adolescência e, entre poemas e primeiros livros publicados, manteve "ativa colaboração em jornais de Manaus", citando A Tarde, de Aristophano Antony, e A Crítica, de Umberto Calderaro.
A lição sobre o jornalismo literário, Alencar e Silva aprendeu em O Jornal, "onde o Clube da Madrugada mantinha um importante suplemento".
Na década de 1970 muda-se para o Rio de Janeiro, onde obtém o bacharelado em Direito pela Faculade Nacional de Direito.


Publicou os livros Painéis (1952); Lunamarga (1965); Território noturno (1982); Sob vésper (1986); Poesia reunida (1987); Noturno após o mar (1988); Ouro, Incenso e Mirra (1994), entre outras manifestações literárias.

Alencar e Silva, pelo conjunto de sua obra, ocupa a Cadeira 23, de Cruz e Souza, da Academia Amazonense de Letras. Assumiu-a em sessão de 5 de agosto de 1992, saudado pelo poeta Max Carphentier, sob a presidência do saudoso Oyama Ituassu.



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