Dois suspeitos de agredir um casal gay na região da Avenida
Paulista no dia 1.° vão passar por reconhecimento hoje, às 13h, na Delegacia de
Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi). Caso os suspeitos não
apareçam, a identificação poderá ser feita por meio de fotos. O objetivo é que o
analista fiscal Marcos Paulo Villa, de 32 anos, e o coordenador financeiro J.
P., de 30, possam dizer se aquela foi a dupla que os atacou.
'O investigador do caso me ligou na sexta-feira para informar
que precisaria comparecer ao Decradi para identificá-los. Não são religiosos,
skinheads, nazistas, punks. São dois caras normais, playboys, com pinta de
surfista', relata Villa, que diz não saber mais nada a respeito dos acusados de
agressão.
A polícia chegou nos nomes de dois suspeitos por meio de
imagens das câmeras da loja de conveniência de um posto de combustíveis perto do
local do espancamento. Além disso, foi analisada a lista de nomes de
frequentadores do Sonique Bar, na Rua Bela Cintra, casa noturna onde o casal e
os agressores estiveram naquela noite. 'Só espero que eles sejam condenados e
que a pena ultrapasse as famosas cestas básicas.'
O crime aconteceu na madrugada do dia 1.°. As vítimas estavam
acompanhadas de garotas que não teriam dado atenção às cantadas dos agressores,
ainda dentro da casa noturna. Na saída, a dupla começou a agredir verbalmente o
casal. Após deixar as mulheres no estacionamento, Villa e o namorado perceberam
que os suspeitos se aproximavam, em frente a um posto de gasolina. À polícia, as
vítimas disseram que ouviram frases como: 'Veado não merece viver, transmite
doenças.'
Nessa semana, J. P. sentiu dores de cabeça e voltou a ser
internado no Hospital Nossa Senhora de Lourdes, no Jabaquara, zona sul. Os
médicos constataram que ele teve traumatismo craniano e está com hemorragia
cerebral. Por isso, ermanece internado em observação.
Protesto. Na noite de sábado, o coordenador financeiro recebeu
uma ligação no hospital que o fez chorar de emoção. Eram amigos que participavam
do protesto Todo Mundo Gay no Facebook, exatamente na esquina das Ruas Bela
Cintra e Fernando de Albuquerque, onde aconteceu a agressão.
Na segunda-feira, o músico Willian Cavagnolli, 27 anos, amigo
há quase dez anos de uma das vítimas, criou um evento na rede social para
convocar uma manifestação contra o crime. Por volta das 23 horas de sábado, gays
e héteros acenderam velas e jogaram purpurina no local da agressão. Segundo a
organização, cerca de 500 pessoas participaram, número não confirmado pela
Polícia Militar.
'Foi uma manifestação silenciosa e pacífica contra a violência
em geral', conta Cavagnolli, que pretende repetir a manifestação em todas ruas
que um gay for agredido.
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