Estrelas de Março
É ainda muito cedo para semear. Os campos
emergem à chuva, vejo as estrelas de Março.
Como um devaneio, o universo submete-se
a equações familiares, tal como a luz
que cai e deixa a neve intacta.
Sob a neve haverá também terra
e, o que se não desintegra, o futuro alimento
do pó. Ó vento, que aumentas.
O arado rasga uma vez mais a escuridão.
Cada nova dia quererá ser maior.
É nos dias longos que somos semeados,
sem que nos peçam, nessas filas direitas ou tortas,
enquanto as estrelas, lá em cima, mergulham longe. Nos campos
vingamos ou apodrecemos, sem escolha,
à mercê da chuva e também por fim a luz.
Ingeborg Bachmann
É ainda muito cedo para semear. Os campos
emergem à chuva, vejo as estrelas de Março.
Como um devaneio, o universo submete-se
a equações familiares, tal como a luz
que cai e deixa a neve intacta.
Sob a neve haverá também terra
e, o que se não desintegra, o futuro alimento
do pó. Ó vento, que aumentas.
O arado rasga uma vez mais a escuridão.
Cada nova dia quererá ser maior.
É nos dias longos que somos semeados,
sem que nos peçam, nessas filas direitas ou tortas,
enquanto as estrelas, lá em cima, mergulham longe. Nos campos
vingamos ou apodrecemos, sem escolha,
à mercê da chuva e também por fim a luz.
Ingeborg Bachmann
(Versão de António Ladeira a partir da tradução inglesa de Peter Filkins reproduzida em Darkness spoken, Brookline, Zephir Press, 2006, p. 23.
PUBL.POR Luís Parrado no seu blogue
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