quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Florbela Espanca


Florbela Espanca


CHOPIN

Não se acende hoje a luz... Todo o luar
Fique lá fora. Bem aparecidas
As estrelas miudinhas, dando no ar
As voltas dum cordão de margaridas!

Entram falenas meio entontecidas...
Lusco-fusco... Um morcego, a palpitar,
Passa... torna a passar... torna a passar...
As coisas têm o ar de adormecidas...

Mansinho... Roça os dedos p’lo teclado,
No vago arfar que tudo alteia e doira,
Alma, Sacrário de Almas, meu Amado!

E, enquanto o piano a doce queixa exala,
Divina e triste, a grande sombra loira,
Vem para mim da escuridão da sala...

Florbela Espanca

2 comentários:

Luiz Filho de Oliveira disse...

Essa Florbela é mesmo uma bela poeta. Fiz um blues do soneto "Versos de Orgulho" e, daqui a algumas semanas, pretendo postar uma versãozinha dessa música no meu blog.

ROGEL DE SOUZA SAMUEL disse...

quero ler, quero ouvir, amigo poeta