Maurice Carême
O PÁSSARO
Quando ele apanhou o pássaro
cortou-lhe as asas.
O pássaro voou mais alto.
Quando voltou a apanhar o pássaro
cortou-lhe as patas.
O pássaro deslizou como uma barca.
Furioso, cortou-lhe o bico.
O pássaro cantou com o seu coração,
como canta uma harpa.
Então cortou-lhe o pescoço.
E de cada gota de sangue
Saiu um pássaro mais brilhante.
Nada continua a ser mais caro,
ao Poeta, que a liberdade.
Maurice Carême
Tradução de António Ramos Rosa
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Amélia Pais
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