domingo, 1 de maio de 2011
Músicos demitidos da OSB fazem 'concerto manifesto' para mais de 600 pessoas
Cristina Tardáguila
RIO - O "concerto manifesto" realizado pelos 36 músicos demitidos da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), na companhia de 35 artistas convidados para o ato, levou mais de 600 pessoas ao salão Leopoldo Miguez, na Escola de Música da UFRJ, na noite deste sábado. O ambiente, que data dos anos 1920 e ainda não dispõe de ar condicionado, ficou completamente tomado e muito abafado. Mesmo assim, parte do público acompanhou o espetáculo de três horas de duração de pé e sem queixas.
Antes que o maestro Osvaldo Colarusso assumisse o grupo que recebeu o título extraoficial de "a nova OSB" e executasse o Hino Nacional, a abertura "Alvorada", da ópera "Lo Schiavo", de Carlos Gomes, e as "Bachianas Brasileiras número 4", de Heitor Villa-Lobos, a presidente do Sindicato dos Músicos Profissionais do Estado do Rio de Janeiro (Sindmusi), Débora Cheyne, leu um manifesto.
- Estamos aqui para, junto a vocês, protestar contra a insanidade que tomou de assalto nossas vidas e nosso direito de trabalho - afirmou ela, sob fortes aplausos do público, em referência às avaliações de performance impostas aos músicos da OSB no início deste ano pelo regente titular, Roberto Minczuk. - Aqui estão aqueles que têm sido injustamente chamados de acomodados, incompetentes e indisciplinados. Agora eles vão mostrar seu verdadeiro valor.
Por não se submeterem às avaliações propostas pelo regente, 36 dos 82 músicos da OSB foram demitidos por justa causa pela fundação que administra o corpo orquestral. Nesta semana, a entidade emitiu uma nota informando que as negociações com o grupo rebelado estavam definitivamente suspensas.
No segundo ato da noite, a solista Cristina Ortiz, que cancelou evento agendado para o mesmo dia com a OSB para poder participar do "concerto manifesto", tocou Ludwig Van Beethoven, o "Concerto para Piano op. 58 número 4". Cristina, que afirmou ter cortado relações com Minczuk, usava sob o traje de gala preto uma camiseta com o logotipo do movimento SOS OSB estampado nas costas.
No salão e nos corredores da Escola de Música, muitas pessoas vestiam a camiseta preta com a frase SOS OSB estampada no peito. O souvenir estava à venda na entrada do concerto por R$ 30. Segundo Luzer Machtyngier, ex-presidente da Comissão dos Músicos da OSB, foram feitos 200 exemplares, e o dinheiro custeará os gastos de transporte dos artistas convidados. Entre os 35 agregados da noite, havia membros da Orquestra do Theatro Municipal do Rio, da Sinfônica Nacional e da Petrobras Sinfônica.
- Tem músico que queria muito tocar hoje, mas que não pode fazê-lo simplesmente porque não cabia mais no palco - ressaltou Machtyngier. - Se tivéssemos patrocínio e lugar para ensaiar, fundaríamos outra orquestra.
Na plateia, estavam antigos membros da orquestra, como o violinista José Alves e o clarinetista José Botelho, o cantor e compositor Edu Lobo e a deputada Jandira Feghali. Não estavam presentes os secretários municipal e estadual de Cultura, Emilio Khalil e Adriana Rattes, respectivamente.
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