domingo, 29 de maio de 2011
O fluir do rio dos pensamentos
Rogel Samuel
O mestre Dogen (1200-1253) escreveu um misterioso poema:
"Acima de tudo, não deseje tornar-se um Buda futuro;
Sua única preocupação deveria ser,
Como um pensamento segue a um pensamento,
Evitar agarrar qualquer um deles".
Porque pensar em tornar-se um futuro Buda é um pensamento. Também é um pensamento. E os pensamentos são sombras, são fantasmas, são alucinações. Não podemos ser ou fazer nada com um pensamento senão pensá-lo. Como num sonho. E assim estamos dormindo. Nossos sonhos são os pensamentos. Fantasias. Loucuras. E nossa maior loucura é agarrar um pensamento após o outro, tentar pegá-los, seguir o seu curso, acreditar neles, pensar que são verdade, que são a consciência do eu. Tornar-se um Buda futuro é um desejo, um pensamento. Mas o Buda não é pensamento. Assim, deixemos que se vão os pensamentos no seu curso. Na confusão de suas interligações. Até que, se houve um espaço de silêncio entre dois pensamentos, nesse silêncio estaremos em paz. Quando o pensamento cessa.
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