segunda-feira, 25 de julho de 2011
Labirinto de sombras
Labirinto de sombras
Fabricava sombras,
chinesas, decorativas e pontualmente comunhões,
mas o telefone nunca tocava,
por vezes um rato cruzava o cenário,
procurando queijo, esconderijos, essas
coisas, já sabem ao que me refiro,
outras vezes havia fantoches,
amiúde ia perdendo os poucos papéis a que se podia permitir,
em raras ocasiões bebo, declarou, nunca
quando trabalho,
só quando a garrafa caiu
ao chão, e depois,
é que adivinhou aquela solidão que o contemplava,
inventou um chapéu imaginário, também de sombra,
e fez uma saudação magnífica no ar,
as cores das lâmpadas resvalam ainda pelas paredes,
as algemas embutiram as mãos, uma
última saudação, disse, o cenário, disse,
trata-se da minha vida, a solidão
brindava, tão solitário como ela o carro partiu,
outro jogo de sombras contra a parede.
Alfons Navarret (1974 )
________________________
Amélia Pais
http://barcosflores.blogspot.com
http://cristalina.multiply.com
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário