segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

A fome é um não

A fome é um não




A fome é um não


Rogel Samuel


O mundo está com fome. A fome no mundo aumenta.

Leio que a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) prevê que o número de famintos no mundo chegará ao recorde de 1 bilhão e 20 milhões de pessoas. Um em cada seis seres humanos está passando fome.

Há uma perversa combinação da crise econômica com a elevação do preço dos alimentos.
Jacques Diouf, da FAO, disse que a crise alimentar vai por em risco a paz e a segurança mundial.

642 milhões vivem na Ásia e 265 milhões na África subsaariana.

"A fome não é um produto da superpopulação: a fome já existia em massa antes do fenômeno da explosão demográfica do após-guerra. Apenas esta fome que dizimava as populações do Terceiro Mundo era escamoteada, era abafada era escondida. Não se falava do assunto que era vergonhoso: a fome era tabu" escreveu há muitos anos Josué de Castro.

Escreveu Cassiano Ricardo:

"A fome é um não.

A fome ri. A fome é a morte ainda viva.
Ambulante".

Vejo os rostos cadavéricos da fome africana e asiática. A máscara da fome. No coro das máscaras. A face ossuda, angulada. Não é preciso perguntar: 'você me conhece'.

"A face do sub-vivo é dialética. Gera pontas de faca sob a pele" diz Cassiano Ricardo.


A máscara da fome é um feroz atestado. Uma em cada seis pessoas passa fome, no mundo.

A fome ri. A fome esculpe, cinzela as suas criaturas (ou caricaturas?)

- A fome é um Não.

Um não que não aceita explicação.

(Cassiano).

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