terça-feira, 31 de agosto de 2010

PAPELITO




Os dirigentes da companhia San Esteban Minera, proprietária da mina de cobre de San José, cujo desmoronamento deixou soterrados 33 homens que sobrevivem a 700 metros de profundidade há mais de três semanas, foram chamados a responder pelo acidente perante um painel de deputados do Parlamento do Chile.
Memorial junto da estrada principal a caminho da mina de San José, onde os 33 mineiros estão presos (Ivan Alvarado/Reuters)

Os donos da empresa, Alejandro Bohn e Marcelo Kemeny, foram inquiridos sobre as condições e os procedimentos de segurança da mina, que tem um longo historial de irregularidades, falhas e acidentes fatais, o último a 11 de Julho, quando a queda descontrolada de rocha esmagou a perna de um mineiro.

“O país precisa de explicação para o facto de não terem sido respeitadas as obrigações impostas pelo Governo, nomeadamente uma série de medidas correctivas”, declarou antes do início da audiência o deputado Alejandro Garcia-Huidobro, que dirige o comité de segurança mineira criado pelo Executivo.

O sinistro originou o encerramento temporário da mina, próxima da localidade de Copiaco, a 500 quilómetros da capital Santiago. Mas essa não foi a primeira vez que um acidente forçou o fecho da mina: a empresa perdeu a licença e esteve parada mais de um ano, entre 2007 e 2008, depois de 16 pessoas terem morrido em acidentes.

A reabertura da mina, a 28 de Julho, foi assinada por um oficial do Ministério da Saúde, Raúl Martínez Guzmán, que esta terça-feirase demitiu. A rapidez com que a empresa foi autorizada a retomar a produção leva Garcia-Huidobro a suspeitar de suborno e corrupção. “Esta foi a única mina que reabriu sem ter sido feita uma inspecção depois da denúncia de irregularidades. Isso significa que foram feitas pressões”, concluiu, em declarações a uma rádio.

Salários por pagar

Entretanto, Bohn e Kemeny disseram que as investigações governamentais, as acções judiciais interpostas depois do acidente e a paragem da produção da mina de San José poderão levar a empresa a declarar falência – pondo em causa o pagamento dos salários e de possíveis indemnizações aos mineiros que ficaram soterrados.

Um juiz já ordenou o congelamento de 1,8 milhões de dólares de receitas como medida de prevenção e poderá exigir que os donos da mineira sejam impedidos de sair do Chile enquanto durar a investigação.

O sindicato que representa os mineiros pediu ao Governo para assumir as responsabilidades da empresa e garantir o pagamento dos salários aos trabalhadores. No entanto, o secretário de Estado do Trabalho, Bruno Abranda, explicou que “o Governo não pode, legalmente, substituir-se à empresa para pagar salários e outros benefícios”.

Os 33 homens presos no subsolo foram entretanto “realojados” numa outra cavidade a 200 metros do seu anterior refúgio, onde o grau de humidade não é tão elevado. Vários exibiam feridas cutâneas provocadas por fungos resultantes das altas temperaturas. O ministro da Saúde, Jaime Mañalich, garantiu que os sobreviventes estão sob rigorosa vigilância médica: todos os dias são controladas a pressão arterial, a temperatura e a circunferência abdominal de forma a calcular as doses de água, nutrientes e suplementos que lhes são enviados por sonda.

Os homens estão a receber vitamina B e ácido fólico em substituição de vinho – que é o produto por que mais têm reclamado, assim como tabaco. Muitos bebiam bastante, alguns serão alcoólicos. Em vez disso, têm ainda vídeos e PlayStations portáteis.


PUBLICO.PT

E LAS ULTIMAS NOTICIAS, CHILE




'Dragão parrudo'.


RIO - O fóssil de um novo tipo de dinossauro, que provavelmente se parecia com uma versão maior e mais forte do velociraptor, acaba de ser descoberto na Romênia. Segundo cientistas, o predador viveu há 70 milhões de anos e tinha duas garras afiadas em cada pata, diferente dos velociraptors, tinham apenas uma. E estas garras devem ter sido usadas para rasgar sua caça e outros predadores menores, afirmaram os pesquisadores que fizeram a descoberta à publicação "Proceedings of the National Academy of Sciences". O novo dinossauro ganhou o nome científico de Balaur bondoc, que quer dizer 'dragão parrudo'.

FIDEL RECONHECE CULPA


Fidel afirmou na segunda parte de uma entrevista publicada nesta terça-feira que é o principal responsável pela perseguição aos homossexuais na ilha há 50 anos e lamentou não ter corrigido essa falha por estar envolvido na defesa do país.

- Sim, foram momentos de grande injustiça, uma grande injustiça! Fomos nós que fizemos, fomos nós(...) Estou tentando diminuir minha responsabilidade em tudo isso, porque, pessoalmente, eu não tenho esse tipo de preconceito - disse. - Escapar da CIA, que comprava tantos traidores, às vezes entre pessoas próximas, não era coisa fácil. Mas, no fim, de todas as formas, se tem que assumir a responsabilidade, assumo a minha. Não vou jogar a culpa nos outros - acrescentou.

Fidel, que acaba de completar 84 anos, reapareceu em público no começo de julho, após quatro anos de reclusão recuperando-se de uma doença.

CIRANDA, EM MANAUS


FOTO DO AMAZONAS EM TEMPO

O resultado do 14º Festival de Cirandas de Manacapuru (a 68 quilômetros de Manaus) surpreendeu os brincantes e torcedores das agremiações Flor Matizada, Guerreiros Mura e Tradicional. As três associações folclóricas foram eleitas campeãs do festival 2010, algo inédito na cidade. A contagem ocorreu, durante à tarde de ontem, no “Cirandódromo”, no Parque do Ingá, segundo informou a assessoria de imprensa da Prefeitura Municipal de Manacapuru.




De acordo com a organização do evento, um erro na nota do 6º jurado, cujo nome não foi revelado, impediu a computação das notas. Ele não deu nota a uma das agremiações e para evitar tumulto, a comissão organizadora decidiu declarar as três cirandas campeãs. A primeira a se apresentar foi a Flor Matiza que levou para o centro de convenções o tema “Aquecimento Global”. A ciranda coloriu o Parque do Ingá nas cores lilás e branco. A associações levou para arena 180 brincantes e 80 pares de cirandeiros em busca do quinto título do festival.




O grupo “Guerreiros Mura” homenageou a capital amazonense. Com o tema “Deusa Mãe, Rainha do Amazonas”, a associação folclórica relembrou a história de Manaus mostrando as glórias e o progresso alcançados pela capital, ressaltando ainda a cultura do Estado, numa homenagem destacando a evolução da cidade desde o ciclo da borracha até a atualidade.




Já a agremiação Tradicional, que encerrou o festival, defendeu o tema “Manacapuru uma saga cabocla, Ciranda Tradicional”. A agremiação fez uma homenagem aos produtores rurais, com destaque aos cultivadores de juta e malva, bastante presente na região do rio Negro

Ferenc Aszmann

PITIGRILLI


Duas horas antes aquele cão de máscara de Beethoven encontrara, sob os pórticos da “Comédie Française”, por trás do monumento a De Musset um cão seu amigo, um “fox-terrier” estúpido como uma rapariga honesta.

Os dois animais tinham-se aproximado, olhando-se nos olhos, e fazendo sinais por algum tempo, com a cauda. Depois um havia dado a precedência ao outro e o outro se tinha voltado, como para dizer:

— Depois de vós, senhor!

Esgotado aquilo que Maupassant chama as cerimônias maçônicas dos cães, sentaram-se um defronte ao outro, e contaram-se as suas peripécias.

O cão da máscara de Beethoven dissera:

— Tu moras na pastelaria da Rua Lépic. Reconheço-te. Parecia-me que não fosses uma cara, ou antes, um cheiro novo. Sempre nos encontrávamos quando eu e o meu criado íamos comprar na tua casa o presunto cozido do meu almoço.

“Agora não estou mais naquela casa. Consegui fugir.

“Que queres? Aquela casa não me agradava mais. Os meus hóspedes eram demasiados ricos, demasiado bons; queriam-me demasiado bem. Devam-me nojo com o seu afeto.”

— Deixavam-te lamber os pratos?

— Isso não, porque é anti-higiênico, dizem eles, deixar que os cães comam nos pratos do dono.

— Preconceitos!

— Têm razão. Eu sei de um cão que, por ter lambido o prato onde comera uma senhorita de dezoito anos, de família distinta, pegou a sífilis.

“Davam-me tudo o que eu queria.

“Não sabes quanto se está mal na abastança!

“Tinha um criado exclusivamente para mim. Dormia em coxins moles, macios, inchados, num quarto escrupulosamente aquecido, no meio de móveis finíssimos que eu me sentia no dever de respeitar, conquanto me deixassem a mais completa liberdade de escolha, entre uma peça e outra.

“Não me faltava nada. Faziam-me contrair a diabete por hipernutrição. Não havia gulodice que não me dessem. Mantinham-me a pastéis de caça, “pemmican” e “plum cake”. Mandavam vir da Inglaterra uns biscoitos especiais. Haviam chegado a eliminar em mim a coisa mais bela: o desejo. Eu não podia desejar mais nada, porque tinha tudo.

“Só desejava uma coisa, que nunca me permitiram: aventuras passageiras com cadelinhas de menor idade, que mostravam interesse por mim, quando eu levava a passeio nos Campos Elísios o meu criado. Mas um cão da minha raça — diziam eles — não pode ter “mésalliances”. E aconteceu-me o que acontece aos príncipes hereditários: estabeleceram épocas fixas para os meus amores, que eu só devia consumar com exemplares femininos da minha raça. Com este fim peregrinei de casa em casa; em toda parte onde se encontrasse uma fêmea de meu tipo, tinha eu que fazer estágios de quinze dias. Estive na casa de uma grande atriz, de um ex-presidente da República, de um embaixador, de um filósofo chinês, de uma “cocotte” célebre.”

— De uma “cocotte”? Deves ter visto boas!

— Não. Vi mais nas casas de famílias decentes. Oh, quantas coisas vi nas que freqüentei! Se soubesses como os homens são diferentes em casa e fora de casa! Tu, que vagas continuamente pelas ruas, imaginarás que as mulheres sejam, em frente de si mesmas, seres delicados, refinados, preciosos como são fora. Oh, iludido! Eu vi-as na intimidade, e afirmo-te que nunca encontrei u’a mulher, por espiritual que fosse, que na solidão do seu quarto, sabendo-se inobservada, não introduzisse no nariz aqueles dedinhos pálidos que parecem destinados a só tocar hóstias santas e pérolas reais.

http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/castidade.html



domingo, 29 de agosto de 2010

Torcida do Holanda


FOTO RICARDO TEIXEIRA
Torcida do Holanda

sábado, 28 de agosto de 2010

O BELO BRANCO BOLO DA GUANABARA


O BELO BRANCO BOLO DA GUANABARA

Rogel Samuel


Naquela bela segunda-feira era aniversário do Rio. Eu andava na cidade, e o bolo de vários estava lá, “ maravilhoso». André Filho, no Carnaval de 1935, dizia: «Berço do samba e das lindas canções».


Dizem que foi Coelho Neto que primeiro chamou o Rio de Janeiro de «Cidade maravilhosa», em artigo publicado em 1908, no jornal A Notícia, «onde enaltecia as belezas e os contornos da cidade» (DA COSTA E SILVA/CARVALHO, Myrthes de/TOLEDO, Caio Alves de. Dicionário universal de curiosidades. CIL S.A., 1966. p. 433.) Referência encontrada na Internet.

Drummond, em «Canto do Rio em Sol», diz:

Os que te amamos sentimos
e não sabemos cantar:
o que é sombra do Silvestre
sol da Urca
dengue flamingo
mitos da Tijuca de Alencar.


Já Drummond dissera, em famoso poema («Canto Esponjoso»):

Bela
esta manhã sem carência de mito,
E mel sorvido sem blasfémia.

Bela
esta manhã ou outra possível,
esta vida ou outra invenção,
sem, na sombra, fantasmas.

Umidade de areia adere ao pé.
Engulo o mar, que me engole.
Valvas, curvos pensamentos, matizes da luz
azul
completa
sobre formas constituídas.

Bela
a passagem do corpo, sua fusão
no corpo geral do mundo.
Vontade de cantar. Mas tão absoluta
que me calo, repleto.

Nunca Carlos Drummond de Andrade foi tão carioca-mineiro quanto neste poema. O Rio ainda é Copacabana, « esta manhã ou outra possível, / esta vida ou outra invenção, /sem, na sombra, fantasmas.». O Rio, « sobre formas constituídas».

Encerro com meu poeminha « CENA CARIOCA»:


Joga o mendigo na praça
pedaços de pão para os pombos
e inteiramente de graça
dá de ombros.


(FOTO DE CUSTODIO COIMBRA)

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

FOTO DE SEBASTIÃO SALGADO

ASSIM ESTÃO OS MINEIROS

VOLTO PARA CASA


VOLTO PARA CASA

Rogel Samuel

(3.8.2003)

Depois de tantos dias fora, voltar para casa me faz bem. Juro que quando chegar no Brasil vou a uma churrascaria rodízio. A brasileira melhor culinaria do mundo. Em qualquer botequim, em qualquer bar sujo de Copacabana se come melhor do que NY. Talvez eu não tenha ido aos lugares certos, aqueles dos turistas ricos. Sou péssimo turista. Sinto falta do colesterol de nossos quitutes, de nossas feijoadas, rabadas, chega de comida chinesa, de amburgueres e de asceticas saladas caloria zero (sabor zero), viva o toucinho defumado, o torresmo, o refogado. Viva a caipirinha. Mas a policia americana gosta de brasileiro por aqui, me parece, nao me revistam no aeroporto. Devem lembrar-se de seus idolos, o Romario, o Ronaldo, o Rivaldo. Um amigo me pergunta se conheco algum jogador, de perto. O unico famoso que conheci foi o Zico, que ja era merecidamente famoso. Quase foi meu aluno em faculdade particular. Ele estudava Educacao Fisica; eu lecionava Comunicacao na mesma instituicao. Um dia vinhamos nos, eu e Jorge Lucio, pelo corredor, quando o encontramos. Pareceu-me franzino, magrinho, fragil demais para ser heroi. Depois disso ganhou peso, como que cresceu, aumentou a massa muscular. Nunca mais o vi. Nem o Jorge Lucio, amigo da area de educacao. Onde andara? Foi locutor da Radio Nacional, nos bons tempos da radio. Tinha a voz grave, a diccao perfeita, o timbre cristalino. Geralmente perco meus amigos. Separamo-nos. Talvez seja defeito meu, não os procuro. Tudo passa. Não telefono. Quando reaparecem, quase nada temos em comum. Eu mudei depressa, o outro tambem. Zico vejo ate hoje na TV. Sim esta na hora de voltar. Assaltam-me vozes, cantam antigas marchinhas de carnaval. “Quem foi que descobriu o Brasil? Foi seu Cabral, no dia 22 de abril, dois meses depois do carnaval”. Sim, para o Brasil, ou melhor, para o Rio. Estou cansado de ser estrangeiro. Não sei passar sem o Rio de Janeiro.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Gilberto Braga diz que novela é literatura e sai aplaudido na ABL


Gilberto Braga diz que novela é literatura e sai aplaudido na ABL


O autor de novelas Gilberto Braga posou de estrela em seminário realizado na Academia Brasileira de Letras, nesta quinta-feira, pouco depois do chá dos imortais. Cercado de escritores, Braga defendeu o valor artístico dos folhetins escritos para a televisão que, segundo ele, podem ser classificados como textos literários.

"Se cordel é literatura, se temos a literatura oral, as novelas também são um tipo de literatura", disse. Na mesa do debate, organizado pela ABL, também estavam o escritor e dramaturgo Walcyr Carrasco e o ator José Wilker.

Braga citou o constante intercâmbio entre novelas de TV e romances impressos, ressaltando ter sido autor das versões para televisão de livros como "Helena", de Machado de Assis, "Senhora", de José de Alencar, e "A Escrava Isaura", de Bernardo Guimarães.

Segundo ele, até livros mal escritos podem render boas novelas. "Escrava Isaura é mal escrito e mal estruturado, mas tem um dos melhores enredos para fazer um novelão", disse.

Ele negou a influência da Rede Globo em suas criações artísticas. "Há uma fantasia sobre a existência de uma entidade TV Globo. Mas a emissora é um esforço de 30 pessoas de temperamento forte que brigam por seu espaço", disse.

Walcyr Carrasco também disse não haver interferência direta da emissora nos roteiros que não dão Ibope. "Se houvesse alguém na Globo que soubesse o que mudar, eu me ajoelharia diante dele para pedir ajuda. O que queremos é fazer um sucesso, e nós mesmos temos que encontrar os caminhos", disse.

Na defesa da telenovela, José Wilker, o último palestrante, foi além: "O Brasil é um país continental e poderia ter se dividido em quatro, mas a televisão e as novelas ajudaram a uni-lo", disse. A plateia aplaudiu.

Hitler era descendente de negros e judeus, diz teste de DNA


Hitler era descendente de negros e judeus, diz teste de DNA



Hitler era descendente de negros e judeus
Portal Terra


DA REDAÇÃO - Exames de DNA realizados com parentes do ex-líder nazista Adolf Hitler revelaram que ele era descendente de pelo menos dois "grupos" que desprezava: judeus e negros. Segundo a revista belga Knack, o jornalista Jean-Paul Mulders pegou um guardanapo usado por um sobrinho-neto de Hitler que vive em Long Island, nos Estados Unidos, e mandou o material para testes. As informações são do jornal Daily Mail.

A análise da amostra levou Mulders até a Áustria, onde ele descobriu que um agricultor identificado como Norbert H. era primo do ditador. O jornalista, junto com o historiador Marc Vermeeren, encontrou também outros 39 parentes distantes de Hitler no país. Norbert H. concordou em fornecer material genético para os exames.

Utilizando as duas amostras, especialistas chegaram à forma particular do DNA, Haplopgroup E1b1b - que é rara na Alemanha e em toda a Europa Ocidental. "É mais comumente encontrado no Marrocos, na Argélia, Líbia e Tunísia", disse Jean-Paul Mulders. Especialistas suspeitam que o grupo genético seja o mesmo ao qual pertencem uma das maiores linhagens de famílias judaicas. "Pode-se dizer, a partir desta premissa, que Hitler era parente de pessoas que ele desprezava", afirmou o jornalista na revista.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A presidente Cristina Kirchner apresentou um relatório de mais de 20 mil páginas acusando os donos dos principais jornais


A presidente Cristina Fernández de Kirchner apresentou, na noite desta terça, um relatório de mais de 20 mil páginas acusando os donos dos principais jornais do país de envolvimento em crimes cometidos durante a ditadura. No relatório, intitulado “Papel Prensa, a Verdade”, o governo denuncia os proprietários dos jornais La Nación, Clarín e do extinto La Razón de terem se apropriado ilegalmente e mediante ameaças da maior empresa fornecedor de papel jornal do país na época da ditadura, a Papel Prensa, em novembro de 1976.

Página/12

O governo argentino denunciou, na noite desta terça-feira (24), a apropriação ilegal da empresa “Papel Prensa” (maior empresa fornecedora de papel jornal do país) por parte dos jornais Clarín, La Nación e La Razón.

A presidente Cristina Fernández de Kirchner, acompanhada de todo o seu gabinete, dos presidentes de ambas as câmaras, funcionários, dirigentes políticos empresários e de representantes de organizações sociais recebeu o informe elaborado pela Comissão Oficial formada especialmente para investigar a transferência das ações da empresa do Grupo Graiver (antigo proprietário de Papel Prensa) aos proprietários dos jornais Clarín, La Nación e La Razón. Essas empresas (durante a ditadura) “necessitavam das ações classe A para assumir o controle da empresa”, fato comunicado naquela época, nos três jornais, por meio de uma nota afirmando que “tomavam o controle da empresa conforme acordo prévio com a Junta de Comandantes” da ditadura.

Cristina Fernández de Kirchner afirmou que “no caso do Clarín ocorreu a coincidência entre quem fabrica o papel e quem controla a palavra impressa”. Ela denunciou as condições políticas nas quais a transferência das ações se deu, num país em que só existia a “liberdade ambulatória”. Denunciou também que, anos depois, por causa da falência do La Razón, os jornais controladores da empresa “acordaram um pacto de sindicalização de ações”, para controlar as decisões da companhia.

Assegurou, além disso, que a viúva de David Graiver, Lidia Papaleo, foi detida cinco dias depois de ter assinado a transferência das ações da empresa do marido, para evitar que a empresa caísse na interdição dos bens da família ordenada pela Junta militar. Por último, afirmou que “apesar de que estou convencida de como as coisas aconteceram, o Procurador do Tesouro fará a denúncia correspondente para que a Justiça determine as condições nas quais se realizou a transferência das ações da empresa” e antecipou que enviará ao Congresso um projeto de lei para “declarar de interesse público a produção de pasta de celulose e do papel jornal, bem como sua distribuição e comercialização, e para estabelecer o marco regulatório deste insumo básico, que garanta um tratamento igualitário para todos os jornais da República.”

Integrante da Comissão, Alberto González Arzac afirmou que “o informe constitui uma refutação definitiva das versões sobre a história da empresa Papel Prensa S/A que os jornais Clarín e La Nación publicaram em suas edições de 2 de março e de 4 de abril deste ano.

Tradução: Katarina Peixoto

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

OBRAS RARAS NA INTERNET


Real Gabinete Português de Leitura. Antonio Gomes da Costa, presidente da casa que se expande via web e fisicamente

Na estreita rua Luís de Camões, fica um prédio histórico que por vezes é confundido com uma igreja. Há quem se benza diante das cruzes que ornamentam sua fachada, sem perceber que a liturgia ali está ligada à literatura, e não a uma religião. Inaugurado pela Princesa Isabel, o prédio de estilo neomanuelino, em pedra lavrada, no centro do Rio, abriga o Real Gabinete Português de Leitura desde 1887, quando português se grafava com "z". Sem dúvida, vale a visita. Mas de longe também se pode conhecer uma parte especial de seu acervo, único no País.

Na página da instituição na internet (www.realgabinete.com.br) estão disponíveis obras raríssimas, datadas em sua maioria do século 19, devidamente digitalizadas. Curiosos e amantes de literatura e da língua portuguesa se deliciam com os manuscritos do romancista Camilo Castelo Branco de seu livro mais conhecido, Amor de Perdição (1862) e do Dicionário da Língua Tupy, de Gonçalves Dias (1858). Uma boa amostragem da correspondência pessoal de Castelo Branco também foi para a rede.

Estudiosos de áreas diversas têm acesso fácil a documentos mandados da colônia a dom João VI em 1817, cartas régias assinadas pelo Marquês de Pombal, do século anterior, textos de autoria de Padre Antonio Vieira (não se sabe se grafado por ele ou por copistas), diplomas, ofícios, decretos, aquarelas, desenhos a bico de pena, além de atas de reuniões do Real Gabinete. As homenagens, no Brasil, por ocasião do tricentenário da morte de Camões, em 1880, foram assunto de uma série de cartas,

São mais de 1.500 itens já contemplados. Com um zoom, mais do que observar a grafia e o léxico de tempos idos, é possível chegar aos detalhes de todos esses papéis, ver as ranhuras, as marcas do tempo. Foi para tentar diminuir esse impacto do passar dos anos que o projeto foi criado. "Queremos resguardar obras e manuscritos mais raros. Até meses atrás, se passasse na nossa avaliação, a pessoa poderia pegar com as próprias mãos documentos de 200 anos", conta o presidente do Real Gabinete, o economista português Antonio Gomes Costa, 59 dos 76 anos no Brasil - está na função há 18.

O trabalho ainda está em andamento: falta digitalizar, por exemplo, as Ordenações de D. Manuel, de 1521, e os Capitolos de Cortes e Leys Que Sobre Alguns Delles Fizeram, de 1539. Para tanto, será preciso dinheiro - algo difícil de se ver por lá. "Como nos mantemos? Por milagre. Não temos receita própria nem recebemos recursos de governos. Temos 5.000 associados, sendo 200 só os que pagam, e R$ 30 por mês. Tudo é com patrocínio", conta o presidente, citando associados ilustres: o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, alguns membros da Academia Brasileira de Letras, gente que tem o privilégio de poder levar livros para casa. Para conseguir dar conta da digitalização, ele conseguiu 40 mil com a fundação portuguesa Calouste Gulbenkian. Na próxima visita de seu presidente, inclusive, para um lançamento, seu Antonio vai aproveitar para pedir mais verba, para a etapa seguinte do projeto.

Expansão. Presente de Portugal para o Brasil, criado em 1837, num prédio menor, o Real Gabinete não se expande só pela internet, mas também fisicamente. Seus dois prédios vizinhos foram comprados pela instituição. O da direita já está abarrotado de livros; quanto ao destino do outro, ainda há dúvidas. "Estamos estudando, pode virar um novo espaço para o leitor, com computadores para leitura de e-books", diz o antenado seu Antonio, que veio adolescente para a "terra das oportunidades".

A sede, construída de 1880 a 1887, tem 380 mil volumes de várias áreas do conhecimento. Como a nossa Biblioteca Nacional, que recebe tudo que é publicado por aqui, ao Real Gabinete é enviada uma cópia de toda a produção portuguesa. É a única instituição fora de Portugal com a prerrogativa - virou o maior acervo de livros lusitanos fora de lá.

Seu interior é tão belo que atrai diretores de novela, clipes de música, filmes. Muitos querem o Real Gabinete como locação - e são bem-vindos, já que os aluguéis ajudam na manutenção. "Durante 100, 150 anos, vivemos encolhidos aqui, sem divulgação. Acho que os portugueses tinham medo de divulgar, por recato. Agora, não mais", garante seu Antonio.

sábado, 21 de agosto de 2010

A RECONSTRUÇÃO DA SUBJETIVIDADE


A RECONSTRUÇÃO DA SUBJETIVIDADE


Rogel Samuel

SAMUEL, Rogel. A Reconstrução da Subjetividade no Grande Sertão. RIo de Janeiro, Faculdade de Letras da UFRJ, 1983. Tese de Doutoramento.



A partir do séc. XX a arte se encontra com a reificação do homem, transformado em objeto social, na massa, imanente ao todo.
As sociedades modernas são sociedades de massa e estamos nelas como a água dentro da água, para usar a metáfora de Bataille. O homem do capitalismo de massa e imanente ao todo. Se sair desta imanência, morre.
Na massa a individuação não é nem coisa nem homem. Fica no meio do caminho que vai daquela para este. Pois as coisas estão no nível da terra, do planetário, sem um sentido dinâmico que lhes dê vida. As coisas mesmas, em si mesmas, são o não-sentido, se nos a imaginamos sem uma consciência que as pense, que transforme as coisas em objetos do pensamento. A coisa, como tal, não é ainda objeto (do sujeito), não é ainda objeto do conhecimento, pois o objeto passa a existir de um sujeito que o pensa. O vazio das coisas e o terror que se limita a ver o horizonte vazio e oco, espécie de lugar sem alma, lugar da morte, paisagem lunar.
Na medida em que nós possamos ver o homem também uma coisa, seu absurdo não e menor do que o das pedras, mas ele não é sempre redutível à realidade inferior que nos atribuímos às coisas. Pois o problema que se avista na reificação é a incomunicabilidade, o absurdo de viver no mundo despovoado de sentido, de não participar da história, de não compreender o todo, de ignorar as causas das decis6es dos acontecimentos. O homem moderno se encontra num limite narcótico. O afastamento da natureza, onde era exigido o exercício pleno dos sentidos, o artificialismo da vida tecnológica, uma espécie de inteligência sem alma. Nosso mundo e o mundo eletrônico dos microcomputadores, porta-vozes de uma felicidade sem alma, anestésica, onde tudo funciona bem, sem erro, sem nervo. O homem, hoje, parece ter sido transformado em objeto da ciência, imanente ao todo.
O mundo da modernidade é o da imanência e do imediatismo.
O mundo não estaria na medida em que se pode transcendê-lo. A transcendência pertence à categoria humana, da consciência em relação às coisas. A vacuidade do olhar que vê o vídeo, revela a imanência existencial do homem não mais exercendo o seu poder de transcendência.
Objeto é o emprego que a tecnologia moderna faz das coisas tornadas úteis, práticas, aperfeiçoadas, interrompendo-se a continuidade harmoniosa e natural em que se encontravam. O olhar que vê o objeto não e o mesmo olhar que vê a coisa dada na natureza, assim como o olhar que vê o vídeo não é igual ao olhar que olha uma flor. Olhar uma flor e a redenção deste olhar capaz de transcendência. O vídeo fez o olhar desaprender, o olhar não mais sabe decodificar a flor. A flor que é flor, agora, só é e a que vem pronta, não a flor da margem da estrada. O olhar já não pára na margem da estrada, para a contemplação da flor. Pois a contemplação pertence a um passado, algo remoto e histórico. A contemplação não é possível na técnica que traduz tudo, no fato matematizado. A técnica revela o esquecimento do olhar.
A técnica prepara o homem para aceitar esta imanência, que submete o sujeito ao jugo do objeto. Ensina-o a ser “feliz”. O homem do Estado científico se submete sem protesto ao mundo dos objetos sem experimentar um horror a reificação.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Madonna e Jesus Luz vão-se casar


Madonna e Jesus Luz jantam em restaurante italiano no Rio de Janeiro Depois de ter declarado ao "Late Show With David Letterman", no ano passado, que 'preferia ser atingida por um trem a se casar de novo', Madonna parece que está mudando seus planos. De acordo com agência "Uno Notícias", Madonna e o DJ brasileiro Jesus Luz devem se casar em setembro deste ano. A cantora planeja se casar em San Petersburgo, na Rússia, no Palácio Konstantinovski e a publicação assegura que ela já reservou o imóvel do século 18.

O assessor de Jesus Luz, Peterson Ibrahim disse ao jornal "O Dia" desconhecer o assunto. Se for verdade, este será o terceiro casamento da popstar que também já oficializou a relação com o ator Sean Penn e com o cineasta inglês Guy Ritchie.

Madonna e Jesus Luz se conheceram durante uma sessão de fotos para a revista "W" em dezembro de 2008, no Rio de Janeiro, quando a cantora estava na cidade para fazer um show. Depois disso, o modelo brasileiro trocou beijos com a cantora na festa que rolou após a apresentação da popstar.

Durante o namoro com Jesus, Madonna já veio ao Brasil algumas vezes - para conhecer o Carnaval carioca e para arrecadar fundos para a sua ONG "Success For Kids".

A Lua está encolhendo como uma maçã velha, revela Nasa


A Lua está encolhendo como uma maçã velha, revela Nasa

WASHINGTON (AFP) - A Lua encolheu como uma maçã velha, revelam imagens da Nasa, que explica esta contração pelo resfriamento interno do único satélite natural da Terra.


Essas imagens, publicadas nesta quinta-feira na revista americana Science, mostram modificações na superfície da Lua não detectadas anteriormente, indicando que sua circunferência "retraiu cerca de 100 metros em um curto período de tempo", explicou Thomas Watters, do Museu Nacional do Ar e do Espaço e principal autor desse trabalho.


As conclusões foram tiradas graças às fotografias registradas pelas poderosas objetivas posicionadas a bordo da Sonda de Reconhecimento Lunar (LRO), um instrumento espacial que a Nasa colocou na órbita da Lua em junho de 2009.


As fotografias revelam a existência de "escarpas lobuladas" (ondulações) no solo da Lua. Estas formações se situam principalmente nas regiões lunares de média altitude, em volta de todo o satélite. A contração e o "enrugamento" da superfície lunar seriam, assim, consequências do resfriamento do interior da Lua.


Esses traços geológicos já haviam sido fotografados próximos ao equador da Lua por câmeras panorâmicas durante as missões Apollo 15, 16 e 17, no início dos anos 70. Mas 14 novas escarpas lobuladas desconhecidas apareceram nas imagens de alta definição do LRO.


"Um dos aspectos mais impressionantes dessas ondulações lunares, é o fato de que elas parecem relativamente recentes", observou Thomas Watters.


"Eles surgiram na superfície lunar provavelmente por causa do resfriamento interno da lua", explicou.


"As imagens de ultra-alta definição fornecidas pelas câmeras de ângulo estreito a bordo do LRO vão revolucionar nossa percepção sobre a lua", declarou Mark Robinson, do Instituto da Terra e da Exploração Espacial da Universidade Estadual do Arizona (sudoeste), co-autor desta pesquisa e principal cientista responsável pelas câmeras do LRO.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Arqueólogos afegãos encontram sítio budista em cenário de guerra


Arqueólogos afegãos encontram sítio budista em cenário de guerra



Por Sayed Salahuddin

CABUL (Reuters) - Arqueólogos do Afeganistão, onde militantes islâmicos do Taliban combatem forças estrangeiras e do governo, descobriram restos da era budista numa área ao sul de Cabul, disse uma autoridade na terça-feira.

"Há um templo, estupas (torres), belas salas, estátuas grandes e pequenas, duas delas com sete e nove metros de comprimento, afrescos coloridos, ornamentados com ouro, e algumas moedas", disse Mohammad Nader Rasouli, diretor do Departamento Arqueológico Afegão.

"Algumas das relíquias remontam ao século 5o. Nos deparamos com sinais de que há itens que remontam à era antes de Cristo ou à pré-história", disse ele. "Precisamos de assistência estrangeira para preservar isso, e seu conhecimento para nos ajudar com novas escavações."

O sítio arqueológico se estende por mais de 12 quilômetros na região de Aynak, província de Logar, um pouco ao sul de Cabul. Nessa mesma área a China está extraindo cobre, como parte de seus bilionários investimentos no país.

Rasouli disse que a mineração não danificou o sítio - que já era conhecido, embora não houvesse sido examinado em detalhes -, mas que contrabandistas saquearam e destruíram algumas relíquias antes do início das escavações, no ano passado.

Na época em que o Taliban governava o Afeganistão (1996-2001), os religiosos radicais destruíram os gigantescos Budas de Bamyan, por entenderem que as estátuas eram uma afronta ao Islã.

Muitos outros sítios históricos foram destruídos ou pilhados durante décadas de guerras civis e intervenções estrangeiras.

Hoje quase totalmente muçulmano, o Afeganistão já passou, durante sua longa história, por períodos em que os credos dominantes eram o hinduísmo, o budismo e o zoroastrismo.

Rasouli disse que o governo não tem recursos para transferir as relíquias do lugar onde estão, que tem registrado alguns confrontos armados. Segundo ele, a intenção é no futuro construir um museu no local.

(Reportagem de Sayed Salahuddin)

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Zsa Zsa Gabor, de 93 anos, hospitalizada


SAN FRANCISCO - A atriz Zsa Zsa Gabor, de 93 anos, famosa em Hollywood por seis décadas, pediu que um padre lhe desse a extrema unção, após ter ficado dois dias hospitalizada na semana passada por complicações decorrentes de uma cirurgia no quadril.


Ela recebeu no domingo a visita de um padre no Centro Médico Ronald Reagan e pôde falar "muito pouco", embora esteja consciente, disse à Reuters o marido dela, Frederic Priz von Anhalt. Zsa Zsa se tornou conhecida nos anos 1950 por filmes, programas de TV e uma sucessão de maridos ricos.

Na sexta-feira, a atriz foi hospitalizada para tratar dois coágulos sanguíneos, apenas dois dias depois de ter alta em uma cirurgia de substituição total do quadril. Zsa Zsa quebrou o quadril em 17 de julho ao cair da cama quando assistia ao programa de TV "Jeopardy", informou sua assessora, John Blanchette.

"Depois disso, sua saúde está com altos e baixos", disse Blanchette.

Nascida na Hungria, Zsa Zsa estrelou mais de 30 filmes e seu acentuado sotaque a distinguiu em Hollywood. Com as glamurosas irmãs Eva e Magda, ela apareceu em vários programas de rádio e TV nos anos 1950 e 1960. Casou-se nove vezes. Entre os maridos estavam um diplomata turco e o magnata da rede Hilton de hotéis, Conrad Hilton.

Zsa Zsa celebrou no sábado, no hospital, o 24º aniversário de casamento com Von Anhalt, disse a assessora.

domingo, 15 de agosto de 2010

A RECONSTRUÇÃO DA SUBJETIVIDADE, 2


A RECONSTRUÇÃO DA SUBJETIVIDADE, 2

Rogel Samuel

SAMUEL, Rogel. A Reconstrução da Subjetividade no Grande Sertão. RIo de Janeiro, Faculdade de Letras da UFRJ, 1983. Tese de Doutoramento.

Vimos que, na sociedade moderna, há furos, enclausuramentos, veredas em que só se é livre com o reconhecimento do outro, que o sertão só é grande quando absorve a vereda. E que à opulência desenvolvimentista da objetividade se opunham as diferenças, as margens, os pedaços, os detritos, os banidos, o que não e o centro. E que a obra dá um salto qualitativo nesta contradição.
Cada vez mais fomos percebendo que as formas da objetividade estavam a serviço da violência e da dominação. E que se poderia considerar a obra de arte como instrumento de dissolução da violência, abrindo perspectivas livres e recompostas, neste lugar de superação que e o discurso, como espaço utópico.
O texto se divide em três seções: As formas de objetividade, o reconhecimento crítico do impasse e a recuperação da subjetividade. Essa recuperação é confluente, não exclui a objetividade, não faz com a objetividade o que esta fez com ela, embora parta de um primeiro movimento de negação.
As questões secundárias decorrentes da questão central (a reconstrução da subjetividade) são:
a) Verificar qual o espaço e o papel da literatura no mundo da moderna sociedade tecnológica de organização visando a um fim (aqui chamado mundo moderno);
b) Provar que o personagem de Grande Sertão: veredas, Diadorim, e a síntese de um problema dialético, produto das contradições sociais, ao mesmo tempo alegórica vítima das possibilidades de emancipação e de libertação do totalitarismo da ordem tecnológica estabelecida na sociedade;
c) Para isto, estabelecermos uma teoria da dominação e da violência na modernidade;
d) Ver a relação dialética da arte com a dominação social;
e) Chegar à dialética do sertão (à lógica do sertão) que em Grande Sertão: veredas, como resposta ao totalitarismo das certezas tecnocientíficas, em que o indivíduo desaparece em favor da produtividade do todo;
f) Descobrir as relações da violência e da dominação da sociedade moderna com Grande Sertão: veredas, sua atualidade, seu engajamento.

Certamente, essas questões se davam no final dos anos 70.



sábado, 14 de agosto de 2010

A RECONSTRUÇÃO DA SUBJETIVIDADE, 1





A RECONSTRUÇÃO DA SUBJETIVIDADE, 1


Rogel Samuel



A medida que prosseguíamos a pesquisa de que resultou este trabalho íamos percebendo que a subjetividade se reconstruía no texto literário no sentido primeiro de uma resistência à objetividade da razão, depois como reconstituição da subjetividade perdida (do tipo reivindicatório dos direitos da paixão), para sofrer a seguir um reencontro com o sujeito esquecido pela sociedade industrial. No fim, entretanto, percebemos claramente que desse reencontro passava-se para uma reconstrução da subjetividade, considerando-se que a obra de arte supera essa dualidade de sujeito e objeto.
Essa reconstrução superativa desestabiliza a própria noção de subjetividade, e dá à condição subjetiva uma “dialética do fantástico”, isto é, aspirando a sair das grades objetivas, porque constrói um mundo autônomo e verossímil para tematizar a realidade(a sociedade), e recusando-se a ficar no “alienado” mundo subjetivo, a arte instaura uma sobredeterminação que não é mais nem sujeito nem objeto, mas é ela mesma como crítica da possibilidade de abrir espaço. A norma objetiva não foi recusada aí, do que resultaria uma visão aleatória de um mundo inexistente. E as emoções do sujeito não foram controladas pela racionalização visando a um fim. Nenhuma dessas duas margens do rio foi deixada a descoberto. A terceira margem, porém, passara a constituir-se como forma, como possibilidade de emancipação.
Portanto, a metáfora “terceira margem do rio” nos possibilitou mais uma vez compreender “literariamente” o que se passava na obra de arte, especificamente com Grande Sertão: veredas.
De Grande Sertão: veredas vimos o homem (ali Diadorim) e o mundo (ali o sertão). Como compreender esse homem e esse mundo sertanejo sob a ótica do mundo internacional atual, Ocidental, o mundo do capitalismo monopolista, estatal, científico, intervencionista, nesse complexo industrial-militar de que não participa o terceiromundista sertão? No fundo, vê-se que interpretando o papel do sertão no mundo moderno estaríamos iluminando certas zonas obscuras do papel do Terceiro Mundo. Pois literatura é problematização da ideologia tecnocientífica dominante.
Poderíamos dizer que vimos Grande Sertão: veredas sob a ótica da Escola de Frankfurt, e por isso conseguimos localizar neste romance a reconstrução superativa da subjetividade do estado de massa e da objetividade instrumentalista do capitalismo de prestação de serviços, no meio de sua crise inflacionária. Esta tese sofreu o impacto de fatos históricos da atualidade, embora a diversidade de Diadorim não seria um mero papel social.

SAMUEL, Rogel. A Reconstrução da Subjetividade no Grande Sertão. RIo de Janeiro, Faculdade de Letras da UFRJ, 1983. Tese de Doutoramento.




sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Baixas silenciosas



Baixas silenciosas

Junho foi o mês mais cruel: suicidaram-se 32 soldados, um número superior ao de qualquer mês da guerra do Vietnã. Onze não estavam em atividade e sete dos restantes cumpriam serviço militar no Iraque e/ou Afeganistão. São cifras oficiais. Em 2009, 245 efetivos ceifaram suas próprias vidas e a cifra este ano pode ser superada: 145 se suicidaram no primeiro semestre e 1713 tentaram-no, sem êxito. A taxa é mais alta que a da correspondente [aos suicídios] na população civil dos EUA. O artigo é de Juan Gelman.

Juan Gelman



Produzem-se em silêncio e segredo entre os efetivos estadunidenses que combatem ou combateram nas guerras que W. Bush lançou e Barack Obama continua. Junho foi o mês mais cruel: suicidaram-se 32 soldados, um número superior ao de qualquer mês da guerra do Vietnã. Onze não estavam em atividade e sete dos restantes cumpriam serviço militar no Iraque e/ou Afeganistão. São cifras oficiais (www.defense.gov, em 15/07/2010). Em 2009 245 efetivos ceifaram suas próprias vidas e a cifra este ano pode ser superada: 145 se suicidaram no primeiro semestre e 1713 tentaram-no, sem êxito. A taxa é mais alta que a da correspondente [aos suicídios] na população civil dos EUA.

O militar Tim Embree testemunhou em 25 de fevereiro, ante a Comissão de Assuntos relativos aos Veteranos da Câmara de Representantes. Declarou em nome dos 180 000 associados de Veteranos Estadunidenses do Iraque e do Afeganistão (IAVA, em sua sigla em inglês), países aos quais foi enviado para combater duas vezes:

“No ano passado mais efetivos tiraram suas próprias vidas do que morreram em combate no Afeganistão – assinalou. A maioria de nós conhece um companheiro que o fez ao regressar para casa e os números não incluem sequer a quem se suicida quando termina seu serviço: estes estão fora do sistema e suas mortes podem ser ignoradas” (www.iava.org, 15-7-10).

Talvez não fossem seres humanos,mas apenas material descartável.

Embree recordou as cifras publicadas pelo semanário Army Times, que divulga notícias do exército e possibilidades de carreira na instituição:

“18 veteranos se suicidam a cada dia e se registra uma média mensal de 950 tentativas de suicídio entre veteranos que recebem do departamento federal correspondente algum tripo de tratamento (www.armytimes.com, 24/04/2010)”.

Trata-se de veteranos de todas as guerras que os EUA desencadeou em terras estrangeiras e padecem, em geral, de PTSD [Post-Traumatic Stress Disorder]. Antes se chamava de neurose de guerra ou fatiga de combate ou choque e ainda outros nomes. O PTSD reúne todos esses sintomas.

A publicação mensal Archives of General Psychiatry divulgou uma pesquisa independente sobre 18 300 soldados examinados depois de terem voltado do Iraque há três meses ou há um ano: de 20 a 30% sofriam de PTSD e uma depressão profunda abatia a 16% (www.archpsyc.amaasn.org, junho de 2010). A dificuldade dos veteranos em se reintegrarem à vida civil, a violência doméstica que protagonizam, os casamentos desfeitos, a drogadicção e os suicídios se explicam. Em fins de 2009, segundo dados do Departamento de Veteranos do governo, mais de 537 mil dos 2,04 milhões que serviram no Iraque e no Afeganistão solicitaram atendimento médico (www.ptsd.va.gov, fevereiro 2010).

A dificuldade se agrava porque regressam a um país com um desemprego cada vez maior. Segundo uma investigação da IAVA, 14,7% dos veteranos são desocupados, índice 5% superior à media nacional (www.iava.org, 2/4/2010). Assim, o número dos que perderam suas casas aumenta. Um informe da Coalizão Nacional dos Sem-Teto [National Coalition for the Homeless] indica que 33% vive nas ruas e que um milhão e meio corre o risco de ficar sem teto devido à pobreza e à falta de amparo do estado (www.nchv.org, setembro de 2009). Estão ausentes dessas cifras os veteranos fisicamente incapacitados de buscar e manter um trabalho.

Kevin e George Lucey, pais de um soldado que tirou a própria vida contaram uma das tantas histórias que os números escondem. Em 22 de junho de 2004 seu filho, Jeff, de 23 anos se jogou do sótão da casa (www.democracynow.org, 8/9/2010). Era cabo do corpo de fuzileiros [mariners] e tinha regressado do Iraque em julho do ano anterior. A mãe relatou que um mês depois de ter começado a participar da invasão enviava cartas para a sua noiva, nas quais dizia das “coisas imorais” que ele estava fazendo. Uma vez em casa, Jeff começou a falar frases desconexas sobre Nasiriya, a cidade a sudeste de Bagdá em que teve lugar a primeira grande batalha dos invasores contra o exército regular iraquiano. Um dia recebeu sua irmã Amy com lágrimas nos olhos, dizendo-lhe que era um assassino. Antes de se suicidar, deixou sobre sua cama as chapas de identificação dos efetivos iraquianos que havia matado, ainda que eles estivessem sem armas. Jeff costumava observá-las com frequência.

Os psiquiatras e psicólogos militares carecem de conhecimentos para enfrentar essas enfermidades. Mark Russel, comandante da Marinha especializado em enfermidades mentais descobriu que 90% do pessoal que cumpre essas funções não tem a formação necessária para atender aos casos de PTSD. Limitam-se a prescrever drogas como Paroxetina, Prozac ou Gabapentina [Neurontin], que acentuam e até produzem os sintomas, e a devolverem os soldados a suas unidades (www.usatoday.com, em 17/1/2007).

Na segunda-feira passada (9/8) o presidente Obama disse ante uma convenção de veteranos incapacitados em Atlanta que seu governo estava tomando os máximos esforços para prevenir o suicídio e outras consequências do PTSD. Para o pai de Jeff, isso é pura hipocrisia.

Tradução: Katarina Peixoto

sábado, 7 de agosto de 2010

Audiência da Globo despenca 14,5 pontos em julho; Record cresce


Audiência da Globo despenca 14,5 pontos em julho; Record cresce

Se em junho — mês que concentrou a maioria dos jogos da Copa 2010 — a Globo teve seu melhor mês do ano, com 20,3 pontos de média de audiência, o mês seguinte foi amargo. A emissora perdeu 14,5% da audiência em julho deste ano (com relação ao mesmo período de 2009).
No último mês, a Globo conseguiu 18,6 pontos de média contra 21,3 pontos do ano passado. É o canal da TV aberta que mais perdeu espectadores.

O share (participação dentre os televisores ligados) acompanhou a queda: foi de 47,6% em julho de 2009 e de 43,1% em 2010. Os números do mês, no entanto, também não são otimistas para as demais emissoras.

Segundo a audiência PNT (Painel Nacional de Televisão), o parâmetro para medir a audiência consolidada do Ibope, o período não foi de muito crescimento. A Record — que teve o aumento mais expressivo — passou de 7 pontos de audiência média em julho de 2009 para 7,5 em julho deste ano.

Já o SBT, "convicto" no terceiro lugar do ranking, caiu de 6,1 pontos para 5,9 pontos no mesmo período. A Band passou de 2,3 para 2,6 pontos, enquanto a RedeTV! nada mudou: 1,2 ponto tanto em julho de 2009 quanto em 2010.

Da Redação, com informações da Folha.com

terça-feira, 3 de agosto de 2010

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

EUA anunciam que têm plano de ataque ao Irã


EUA anunciam que têm plano de ataque ao Irã



As tensões entre os Estados Unidos e o Irã voltaram a emergir ontem, depois que o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas americanas, almirante Mike Mullen, afirmou que seu país tem um plano pronto para atacar o Irã. "A opção militar tem estado sobre a mesa e segue sobre a mesa", afirmou Mullen, o militar de maior hierarquia no país, no programa "Meet the Press", da TV NBC. "É uma das opções que o presidente (Barack Obama) tem."
Ele ressaltou, no entanto, que uma ação militar seria provavelmente uma má ideia e que está extremamente preocupado com as consequências que uma ofensiva como essa pode ter. "De novo, espero que nós não cheguemos a esse ponto, mas é uma opção importante e que é muito bem entendida (pelo Irã)", declarou o oficial.

Os EUA dizem promover política de mão dupla em relação ao país persa - que defende a via diplomática - mas não prescinde das pressões, como no caso da aprovação de novas sanções contra Teerã, há dois meses, no Conselho de Segurança da ONU.

Mullen alertou, no entanto, que o eventual ataque ao Irã teria consequências imprevisíveis para a estabilidade de todo o Oriente Médio e poderia ter um efeito em cascata. Questionado sobre se o que o preocupa mais são as consequências de uma guerra ou a possibilidade de um Irã nuclear, o militar se disse "extremamente preocupado com as duas" possibilidades. Mullen não entrou em detalhe sobre o suposto plano.

As ameaças dos EUA ocorrem no momento em que o Exército norte-americano se prepara para ativar um escudo antimíssil no sul da Europa como parte dos esforços para impedir o programa nuclear iraniano. Embora o Irã, que é signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear, assegure que enriquece urânio apenas para fins pacíficos, os Estados Únicos - mesma potência responsável pelo ataque nuclear a Hiroshima e Nagasaki - afirma que o objetivo da nação é desenvolver armas.

Reação

As declarações do chefe das Forças Armadas americanas foram rebatidas ainda ontem por líderes iranianos, que prometeram "resposta esmagadora" a um ataque. O número dois da Guarda Revolucionária, Yadollah Javani, disse que a segurança do golfo Pérsico, de grande importância para o comércio de petróleo, estará ameaçada "no caso de os americanos cometerem o menor deslize".

"Segurança no Golfo Pérsico para todos ou para ninguém. O Golfo é uma região estratégica. Se a segurança nessa região ficar comprometida, eles sofrerão também, e nossa resposta será dura. O Irã dará uma resposta esmagadora aos inimigos", disse, de acordo com a agência semioficial iraniana Irna.

Os EUA e Israel já declararam no passado que a opção de atacar o Irã deve ser mantida sobre a mesa, mas evitavam dizer se havia um plano pronto para isso. Ontem, o embaixador iraniano na ONU alertou que Teerã atacaria Tel Aviv se Israel se atravesse a agredir o Irã. "Se o regime sionista cometer a menor das agressões contra o solo iraniano, vamos deixar Tel Aviv em chamas", ameaçou Mohammad Khazai.

Cara a cara com Obama

O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, disse nesta segunda-feira (2) que está disposto a manter um diálogo "cara a cara" com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para tratar de "questões mundiais". Em discurso transmitido pela televisão estatal iraniana, Ahmadinejad deu a entender que gostaria de encontrar Obama em Nova York, nos EUA, durante a Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), prevista para setembro.

"Tenho que viajar em setembro a Nova York para participar na Assembleia Geral das Nações Unidas. Estou disposto a sentar com Obama, cara a cara, de homem para homem, para falar livremente sobre questões mundiais, diante dos meios de comunicação, para encontrar uma melhor solução", colocou.

Brasil

Já o ministro brasileiro do Exterior, Celso Amorim, disse estar "muito otimista" sobre a possibilidade de o Irã e as potências nucleares reatarem negociações em breve. Em entrevista ao jornal argentino "Clarín", o chanceler afirmou que, "se houver negociações", o Irã pode suspender o enriquecimento de urânio a 20% -nível próprio apenas para fins medicinais.

Para manter a hegemonia, a força

A existência do plano para atacar o Irã é uma demonstração cabal de que o imperialismo estadunidense continua apostando na ação militar, desfazendo as ilusões quanto a uma suposta tendência pacifista e democrática da atual administração.

Os Estados Unidos não abrem mão da hegemonia mundial nem da primazia militar. Isto representa um foco permanente de tensões e conflitos na conjuntura mundial.

As reafirmações recentes de autoridades norte-americanas da política de “guerra ao terrorismo” formulada durante o governo Bush (2001-2008) e a escalada dos preparativos de um ataque contra o Irã trazem a discussão sobre o perigo de guerra na atual conjuntura do terreno das elucubrações para o da política concreta, exigindo resposta das forças progressistas e amantes da paz em todo o mundo.

Com agências