segunda-feira, 30 de março de 2020

MEUS MORTOS HÃO DE VIR NO FIM DA TARDE


MEUS MORTOS HÃO DE VIR NO FIM DA TARDE


Rogel Samuel



De minha cara amiga Graça Carvalho, já falecida, recebi um precioso presente, a “Cartilha do bem sofrer com lições de bem amar”, do seu pai, o super-poeta amazonense Farias de Carvalho, publicada em 1967 e desde então esgotada.

Lá re-encontro o poema “Ocaso”, que não lia desde que Farias de Carvalho foi meu professor, no noturno do Colégio Estadual, onde ele lecionava literatura e eu tanto aprendia com ele: “Meus mortos hão de vir no fim da tarde”.
Só dá para ler este belo texto quem o situa na Manaus da década de 50, ou início de 60, quando foi ele escrito.
Aquela era uma cidade sem iluminação, ilhada no meio da maior floresta tropical do mundo. Ao cair da tarde, as perigosas trevas da floresta invadiam, a nostalgia da escuridão e da morte ameaçava, aquele Rio Negro ficava realmente Negro. Negro como a Morte Negra. Negro da morte de vinte e oito mil índios vitimados em 1729, numa hecatombe nunca esquecida por aquelas margens, de tal sorte que perto dali há um rio, chamado Rio Urubu, “rio doente para sempre, / desde o município de Silves”, como certa vez escrevi; rio onde um dia meu pai não me deixou mergulhar, “como se ali o rio pudesse / para sempre me tragar”.
Naquelas águas estão sepultados nossos antepassados e o grande guerreiro Ajuricaba, o herói que está em toda a parte ao mesmo tempo [Aiuricaua], rio de sangue Negro, de espinhos venenosos, de cadáveres históricos. Há demônios nas margens e eu me lembro da impressão trágica, da depressão que nos assaltava, ao cair da tarde, quando a cidade invadida por nuvens de moscas besouros, piuns, carapanãs sanguessugas, corujas, e aranhas peludas que saíam de seus esconderijos, e escorpiões de ébano que procuravam caça, a floresta ameaçada agora ameaçava, retomava e reconquistava o seu lugar em São João da Barra, nos expulsando para sempre, tudo debaixo da gloriosa chuva do ouro do mais esplendoroso por-de-sol do mundo, algo como explosão de bomba atômica terminal, final, de fim de mundo, finnisterra, que se expandia em coloridas nuvens para todos os lados, junto com misteriosas aves do entardecer.
Ajuricaba veio do rio Hiiaá, na margem esquerda do Negro, entre o Padauari e o Aujurá, no distrito de Lamalonga. Para salvar seu filho caiu em emboscada e foi prisioneiro da Coroa Portuguesa, em 1729, a Coroa o queria vivo para o supliciar com castigo e morte. No caminho, Ajuricaba, que era homem fortíssimo, arrancou do poste o grampo que o prendia e, com as correntes nas mãos algemadas, faz a matança dos soldados portugueses antes de se precipitar nas águas escuras do Rio Negro, onde morreu, não sem antes as amaldiçoar, e diz a lenda que é por isso que aquelas águas são estéreis, e não têm peixe. Logo depois, em vingança, o capitão Belchior Mendes de Moraes dizimou 300 malocas, matando em sacrifício mais de 28 mil índios das margens do rio que passou a se chamar Rio Urubu devido à montanha de cadáveres. E mais tarde balesteiros, sob o comando de um padre de nome piedoso, Frei José dos Inocentes, depois nome de rua de puta em Manaus, espalharam roupas contaminadas com varíola que disseminaram uma gigantesca epidemia que infectou 40 mil índios, arruinados de varíola, que é uma doença infecto-contagiosa, virulenta, que apodrece o corpo ainda vivo com erupções de pus e raquialgia, pápulas, pústulas, cegueira e agonia de uma morte bacteriológica lenta, os cadáveres semi-vivos sendo devorados por moscas, piuns, carapanãs, mutucas, cabo-verdes, potós, catuquis, marimbondos, suvelas, besouros e formigas. A saúva antropófaga devora um corpo em 20 minutos. Na construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, em 1908, os mortos largados no caminho para serem enterrados na volta (30.430 operários foram internados no Hospital da Candelária, entre 1908 e 1912) e quando a locomotiva voltava só encontrava ossos brancos e limpos, comidos pelas saúvas. E também a formiga-de-fogo, a saca-saia, a lava-pés, a manhura, a cabeçuda, a taioca, a carregadeira, a táxi, a tracuá, a tocandira, peluda, enorme, venenosa, uma única picada basta para abater um homem, com fortes dores e febre, usada pelos índios na iniciação masculina dos garotos, que tinham de enfiar o braço numa cumbuca de tocandiras para provar que eram machos. E a formiga roceira, e a cortadeira, e a guerreira, a correição. Von Martius descreveu populações inteiras fugindo das formigas. As açucareiras eram capazes de fazer recuar um inteiro exército!
Por isso os mortos vinham no fim da tarde, “molhados da ferrugem líquida do rio”, diz o poeta, “que banha as margens dêste ... silêncio lúcido e sonoro / que embala na praia ao fim das tardes / os olhos de éter dos defuntos tortos / que lambem com o olhar a praia longe”.
Além disso, o trágico planger dos sinos da Matriz, construída por índios, da Igreja de São Sebastião, da Igreja dos Remédios, que se ouviam na inteira cidade, graves, ameaçadores, profundos, lembravam a Morte, e as rádios todas tocavam umas Avemarias, a Rádio Baré, a Difusora, a Rio-Mar, rádios de meu tempo, e misteriosas velhas beatas vestidas de negro, veladas, engolfadas, balbuciantes de preces, que se dirigiam às missas, entrando ainda sob a saraivada de toques dos imensos sinos magistrais.
É claro que, para nós, jovens poetas, devassos e boêmios, era a hora de nos preparar para as aulas e depois beber no Bacurau, no início da João Coelho, junto com catraieiros, prostitutas, mendigos e bandidos alcoólatras, provando aqueles peixes fritos, o pacu, a sardinha, o matrinchão, entre goles de cachaça barata; ou íamos para o Bar Bolero, que ficava na Cachoeirinha, na Rua Belém (creio eu, pois a memória já me falha), onde ouvíamos Nelson Gonçalves cantar os maiores sucessos em serenata, como os “Lábios que beijei”, e isso ia até ao raiar do dia, quando voltávamos, bêbados, felizes, para nossas casas, a pé, sob o latido generalizado dos cachorros dentro dos muros das casas, cães que não compreendiam por que tão tarde (e tão cedo) passávamos nós por ali, no deserto das ruas que um dia inspirou o poeta L. Ruas a escrever:

Ah!

Esta lua
Neste fim de rua 


Vamos ler o poema:



MEUS MORTOS HÃO DE VIR NO FIM DA TARDE 


FARIAS DE CARVALHO


Meus mortos hão de vir no fim da tarde

molhados da ferrugem liquida do rio
que banha as margens deste meu silencio,
deste silencio lúcido e sonoro
que embala na praia ao fim das tardes
os olhos de éter dos defuntos tortos
que lambem com o olhar a praia longe. 
Meus mortos hão de vir no fim da tarde
mordendo a pele aquática do vento;
(vento, vento de tíbias descarnadas
arrepiando o pelo das vidraças). 
Meus mortos hão de vir no fim da tarde.
Aguçai vossos dentes, cães do tempo,
vamos comer a morte no crepúsculo.
molhados da ferrugem liquida do rio
que banha as margens deste meu silencio,
deste silencio lúcido e sonoro
que embala na praia ao fim das tardes
os olhos de éter dos defuntos tortos
que lambem com o olhar a praia longe. 
Meus mortos hão de vir no fim da tarde
mordendo a pele aquática do vento;
(vento, vento de tíbias descarnadas
arrepiando o pelo das vidraças). 
Meus mortos hão de vir no fim da tarde.
Aguçai vossos dentes, cães do tempo,

vamos comer a morte no crepúsculo.

quinta-feira, 19 de março de 2020

LER OU ESCREVER

LER OU ESCREVER


LER OU ESCREVER

Rogel Samuel

Há escritores que leram muito. Guimarães Rosa, por exemplo. Há outros que pouco leram, com Barthes. Este, disse uma biógrafa, leu pouco, pois escreveu sobre tudo o que leu. Rosa era um erudito, dominava vários idiomas. Como Borges. Há quem passe horas lendo. Como Foucault. De quem se disse que era o primeiro que chegava e o último que saía da Biblioteca Nacional. E tinha memória fotográfica. Ele certa vez ouviu uma conferência de Ricoeur às gargalhadas. Estava no fundo da sala, com seus admiradores. Debochava, irônico (era terrível). No outro dia, mostrou que tinha gravado na memória tudo o que foi dito e sobre isto deu uma aula, desmontando, ponto por ponto, o assunto. Ele era assim, segundo seu biógrafo. Péssimo caráter. Detestado por todos (no meio acadêmico todos se detestam entre si). Mas “era o homem mais inteligente que já apareceu”, disse um crítico. Estava à esquerda da esquerda. Portanto há quem leia muito e quem leia pouco, mas bem. Uma hora por dia. Como o sábio erudito Gaston Paris, que era enciclopédia viva. Quando perguntaram qual o segredo de sua imensa cultura, ele respondeu: “Leio uma hora por dia”. Há, por fim, escritores que leram muito e escreveram pouco. E outros, ao contrário, que preferiam escrever a ler.
Há uma fórmula americana de como ler, que diz: “SurveyQ3r”. A primeira leitura é “survey”, de pesquisa, uma olhadela geral rápida. Folhear o livro. O “Q” é de “question”, dúvidas, derivadas dessa pesquisa rápida. Aí vem 3 “r”. O primeiro é de ler (read), o segundo é de reler, o terceiro de resumir. Mas cada um tem seu jeito.

segunda-feira, 16 de março de 2020

O VÔO VAZIO


O VÔO VAZIO

Rogel Samuel


Ah, que quando abri meus olhos não, não nos primeiros instantes, não, mas logo compreendi que não sabia onde estava. Aquilo, aquele ruído grave, surdo, me deixava inerme, e devia estar naquela posição desde muito tempo, ali e sim, era importante ver e entender o que se passava, era realmente urgente, eu estava sozinho naquele avião, e o vôo prosseguia e eu estava em pleno ar.

Era uma aeronave grande, MD-11, de 285 lugares, capaz de carregar 280.320 quilos e viajava a 890 km por hora.

Talvez estivesse ali por acaso, esquecido, mesmo restasse ali para morrer. Costumo tomar uns comprimidos fortes para dormir nos vôos demorados, depois de me prender bem com o cinto de segurança na poltrona. Porventura todos os outros passageiros teriam saído, pulado, estaria eu naquela aeronave e assim conduzido para algum lugar em perigo, sem nenhum retorno, como para a morte num avião seqüestrado.

Quando acordei vi que nem imaginava para onde ia.

Com muito custo consegui destravar o cinto e erguer-me dali.
Fui até a frente do aeroplano.
Não vi ninguém.
Como a sede me atormentava, abri uma garrafa de água mineral e bebi um gole. Aquilo me reanimou.
Na tentativa de explicação, e como já estivesse a ponto de entrar em pânico, fui à cabine de comando, cuja porta encontrei trancada, mas que logo consegui abrir.
Havia o pessoal de bordo, sim, havia, que pude ouvi-los mas não consegui vê-los.
Conversavam entre si e riam.
Lá estavam.
Mas apareceu uma aeromoça muito irritada comigo, criticando-me severamente por eu ter saído de meu lugar e ir aonde não devia, por ter entrado na cabine.
Ela, sem querer ouvir nem me deixar falar, me ordenou com impaciência e autoridade, que eu logo retornasse à minha poltrona, que voltasse imediatamente para meu lugar, não me dando nem tempo para formular minhas indagações e saber onde estava e para onde ia, já revelando que não responderia às minhas indagações.

Mais conformado vi que tudo funcionava bem, que o vôo prosseguia e não corria perigo, com serenidade deixei-me ficar naquela desconhecida rota, viagem fantasma, como sob o sigilo e o controle do piloto automático.

Voltei reconfortado mas muito mais cansado com o esforço, de tal forma que me sentei no mesmo lugar e logo adormeci, ainda sob o efeito do forte tranqüilizante.

Caí num sono profundo.

No meu sonho considerava eu não saber onde estava, sonho que sempre se repete, não me recordava de onde vinha, não sabia para onde ia.

Eu continuava a sonhar.

O efeito do tranqüilizante não passara ainda, e estava eu mergulhado numa indiferença mortal, como que entorpecido.

Quando acordei, tinha uma sede terrível. Minha vista se escurecia, a mente se obscurecia e desmaiava num véu escuro povoado de alguns súbitos clarões, como relâmpagos. Tentei erguer-me outra vez da poltrona, na intenção de informar-me outra vez com o pessoal de bordo. Curiosamente só me lembrava de ter visto a aeromoça. 

Depois de algum tempo, consegui levantar-me. Andei. Entrei no banheiro.

Devíamos estar na velocidade de cruzeiro, porque havia estabilidade no vôo.

Sentei-se no vaso e desmaiei.

Uma turbulência me acordou.

Ergui-me e voltei.

Ao passar, tive vontade de tentar abrir a porta da aeronave. Eu sempre quis abrir aquela porta. Mas não consegui fazer nada.

Voltei ao meu lugar e percebi que agora existia alguém, alguma coisa que estava diferente: havia um homem sentado ali, no mesmo lugar, dormindo.

Tentei acordar aquele homem. Tentei acordá-lo. Mas não consegui, porque logo vi que era eu quem estava morto ali.

sexta-feira, 13 de março de 2020

GRIPE

esta gripe supimpa
pragueja espirra voa e limpa
vai se alastrar
no ar
ave invisível porca agourenta
vírus que vai globalizar
e matar
o ar, além de poluído,
vem embutido
de horror
como se não bastasse a crise
nem a cegonha sem-vergonha
da sida,
o mosquito decadente
da dengue
tropical,
agora
respirar faz mal
(rogel samuel

OS QUARTETOS DE BEETHOVEN

sábado, 7 de março de 2020

SUTRA CONTRA O CORONAVIRUS

RATANASUTTAM

O discurso das jóias (Esta paritta, ou proteção, foi proferida pelo Senhor Buddha para salvar a cidade de Vesali, devastada pela peste, pela fome e pelos maus espíritos. Deve ser recitada contra guerras e calamidades públicas):

1.  Qualquer que sejam os espíritos aqui reunidos
Sejam da terra, sejam do ar
Possam todos ser felizes!
E que ouçam com atenção
O que será dito a seguir.

2.  Que, em verdade, todos os espíritos
Tenham amor aos seres humanos
Que fazem oferendas dia e noite
Que, em verdade, proteja-os bem.

3.  Qualquer tesouro, aqui ou em outro mundo
Ou qualquer extraordinária jóia que haja nos céus
Nenhuma é igual ao Conquistador
A jóia no Buddha é insuperável
De acordo com esta verdade
Haja felicidade!

4.  A Extinção, a Liberdade, a Imortalidade, o Supremo
Tudo o Sábio dos Sakyas, o Tranqüilo, atingiu.
Não há nada igual ao Dhamma
A jóia no Dhamma é insuperável
De acordo com esta verdade
Possa haver felicidade!

5.  O que é puro o grande Buddha glorificou
Aquela concentração ininterrupta
Nunca foi visto nada igual a ela.
A jóia no Dhamma é excelente
De acordo com esta verdade
Possa haver felicidade!

6.  Os oito indivíduos de glorificada virtude
Os cento e oito gloriosos indivíduos
Aqueles pares de Quatro5
Os discípulos do Caminhante
São Dignos de oferendas
Que dão abundantes frutos
A jóia do Sangha é excelente
De acordo com esta verdade
Possa haver felicidade!

7.  Os Bemrealizados, de mentes
Livres, isentos, na Revelação do Gotama
Realizaram aquilo que deve ser realizado
Mergulharam na imortalidade
Realizaram a obtida paz sem preço
A jóia da Sangha é excelente
De acordo com esta verdade
Possa haver felicidade!

8.  Como um poste de Indra fixo na terra
Não se move aos quatro ventos
Digo que a boa pessoa é similar a isto
Quem definitivo viu as Nobres Verdades.
A jóia na Sangha é excelente
De acordo com esta verdade
Possa haver felicidade!

9.  Aqueles que compreenderam claramente as Nobres Verdades
Bem expressas por Quem tem o Saber Absoluto
De acordo com a Plena Atenção que possam ter
Realizarão Aquilo em até oito nascimentos.
A jóia na Sangha é excelente
De acordo com esta verdade
Possa haver felicidade!

10. Quem atingiu a Introspecção
Três conceitos abandona:
A crença num “eu” individual
A dúvida e o apego.
Às regras e rituais
Livrando-se de todas.
Está livre dos Quatro Estágios de Sofrimento
Incapaz de cometer os seis grandes crimes.
A jóia na Sangha é excelente
De acordo com esta verdade
Possa haver felicidade!

11. Qualquer má ação que faça
Do corpo, palavra ou da mente
Ele nunca omite
Porque é dito que isto
É impossível para quem viu o Estágio.
A jóia na Sangha é excelente
De acordo com esta verdade
Possa haver felicidade!

12. Como a copa da floresta cheia de flores
No primeiro mês da estação de verão
Assim ele pregou o Nobre Dhamma
Que leva ao Nibbana, o mais alto benefício
A jóia no Buddha é excelente
De acordo com esta verdade
Possa haver felicidade!

13. O Nobre, o Conhecedor daquilo que é Nobre
O Doador daquilo que é Nobre
O Aceitador daquilo que é Nobre
O insuperável Ser que expôs o Nobre Dhamma
A jóia do Buddha é excelente
De acordo com esta verdade
Possa haver felicidade!

14. O passado foi destruído, não há começo
Para o novo
Suas mentes desapegadas
A um futuro existir
Eles destruíram o ovo
Seus desejos desapareceram
Como uma lâmpada aqueles sábios
Se apagam
A jóia na Sangha é excelente
De acordo com esta verdade
Possa haver felicidade!

(Estrofes de Sakka, Deus dos Deuses, a seguir:)

15. Nós, seres aqui reunidos
Sejamos da terra ou do ar
Homenageamos o abençoado Buddha
Respeitado por deuses e homens.
Possa haver felicidade!

16. Nós, seres aqui reunidos
Sejamos da terra ou do ar
Homenageamos o perfeito Dhamma
Respeitado por deuses e homens.
Possa haver felicidade!

17. Nós, seres aqui reunidos
Sejamos da terra ou do ar
Homenageamos a perfeita Sangha
Respeitada por deuses e homens.
Possa haver felicidade!

DE ACORDO COM ESTA VERDADE POSSAM AS TRÊS JÓIAS PROTEGER VOCÊ! (Três vezes)