sábado, 31 de julho de 2021

NATAL


Eram três figuras na janela

três amigas, três tristonhas
espiavam para a casa
três certas meninas
aquelas
e eu me dei conta do brinquedo
daquelas figurinhas mitolõgicas
três vezes era demais
para a sabedoria
ser capaz

(Rogel Samuel)

sexta-feira, 30 de julho de 2021

TEATRO AMAZONAS : UM ROMANCE HISTÓRICO DE ROGEL SAMUEL!


 TEATRO AMAZONAS : UM ROMANCE HISTÓRICO DE ROGEL SAMUEL!

TEATRO AMAZONAS : UM ROMANCE HISTÓRICO DE ROGEL SAMUEL!
( QUEM MATOU EDUARDO RIBEIRO ? )
(Correio da Amazônia 04/05/2014)
Por José Ribamar Mitoso
(Escritor, Dramaturgo, Professor da UFAM e Doutor em Sociedade e Cultura na Amazônia)
(Jornalista) Lima Silva, quem matou Eduardo Ribeiro? Perguntou a seco Waldemar Scholz, o
barão alemão da borracha.
Esta pergunta, formulada ainda no segundo capítulo, move todo o enredo e toda a trama do romance Teatro Amazonas, do escritor Rogel Samuel. Embora os bastidores políticos da construção deste teatro de ópera na floresta seja o mote da narrativa, é esta trama monarquista e escravocrata para matar Eduardo Ribeiro que, no fundo, mais interessa na obra.
Na verdade, são duas tramas que se encaixam: os bastidores da construção do Teatro Amazonas e a conspiração que assassinou Eduardo Ribeiro.
Quem foi o melhor governador do Amazonas no século XIX : José Paranaguá ou Eduardo
Ribeiro? Qual o mais importante dos dois: o que iniciou ou o que concluiu a construção do teatro? Por que monarquistas e escravocratas queriam matar (e mataram) aquele que foi o
primeiro governador de Estado e o primeiro senador negro da República brasileira? O que é história e o que é ficção na trama do romance? O assassinato do construtor da Manaus
Moderna foi político ou passional? Após uma macabra trama para assassiná-lo, o jornalista Lima Silva matou Eduardo Ribeiro apenas porque o Pensador comeu a Marinalva?
Durante a narrativa, através do narrador e através da voz de uma autoridade pública da época, são feitos alguns comentários sobre as obras de governo dos dois governadores do Amazonas.
Sobre José Paranaguá: assumiu o governo do Estado em 1882, ainda como agente indicado pela monarquia, e é descrito por uma autoridade pública como o “melhor governador da história
do Amazonas”. Entre outros feitos, “…por ter lançado o projeto do Teatro Amazonas … por ter criado a Biblioteca Pública e o Museu Botânico… por ter criado a infraestrutura para o ciclo da
borracha … por ter apoiado os professores, as ciências, as letras e as artes …”. A lista é longa.
Sobre Eduardo Ribeiro: segundo o narrador, governou o Amazonas, eleito, já no período republicano, e em seu segundo mandato, que iniciou em 1893, construiu a Manaus Moderna. O
narrador informa ao leitor que Eduardo Ribeiro planificou a cidade, aterrou igarapés, construiu muitos edifícios públicos, praças e monumentos, criou um moderno sistema de saneamento e
de abastecimento de água, fez contenções, organizou os transportes urbanos, as linhas dos bondes, a iluminação pública … A lista também é longa.
Porém, não são as obras inanimadas que mais chamam a atenção no romance. Melhor que
todas elas, a animação da vida social e a animação da vida individual de Marinalva é que encanta.
O narrador nos informa que Marinalva era, inicialmente, amante de Lima Silva e o enlouquecia.
Era “cabocla, pequena, leviana, sensual … e até perto dos sessenta anos continuou uma mulher atraente e sexy … muito elegante, bem-vestida, no rigor da moda de Paris e, ao contrário das demais caboclas naquela idade, continuava em forma”. Mais ainda: (…) “Depois
do terceiro uísque, (Marinalva) perdia a compostura, chegava a “fletar” com todos os homens. Marinalva “traia Lima Silva até com os trapicheiros!”
Contudo, (… )“junto dela, (Lima Silva) perdoava tudo. Era capaz de beijar seus pés, que, alias eram bonitos… Tinha os cabelos negros, lisos, brilhantes, a pele bronzeada, os seios pequenos. Olhos de índia, de onça, a cor variava pelo amarelo-ouro-esverdeado, cor
indefinível, falsa, perigosa. Ela dizia que tinha vindo de Amatari. Não tinha documentos.Quando Lima Silva mandava fazer os documentos dela, Marinalva os perdia. Silva a cobria de presentes, roupas e jóias, dizia que queria casar-se com ela, abandonar a esposa, e de fato seria capaz de tudo para ficar com ela. Ela se ria, jurava que sim, e no dia seguinte sumia na orgia da noite, voltava bêbada e louca na manhã seguinte para aquela casa que Silva tinha alugado para ela, na Cachoeirinha. Silva ameaçava abandoná-la e deixava de vê-la. Mas quando Marinalva estava sem dinheiro aparecia no Foro, ou na Câmara, ou mesmo na porta da
casa dele. Ameaçava fazer escândalo. Silva segurava o seu braço e a tirava dali, e tudo acabava na cama, ela gemendo, ele extasiado de prazer e de genuíno amor. Não, não tinha
cura. Marinalva, ela dizia que se chamava assim. Mas como tudo nela era possível, ele não
sabia se era verdade” . (...)
Certa vez, na casa d’O Pensador, na frente de Lima Silva, (…)“Marinalva jogava todo o seu charme em cima do então ex-governador Eduardo Ribeiro. Em dado momento, encostou sua
perna por baixo da mesa na dele. Ele delicadamente a afastou. Como ela repetiu alguns minutos depois, ele deixou e com a mão acariciou-a por entre as pernas, curvando-se sobre o
papel que o marido dela estava atentamente lendo.Lima Silva nada via ou fingia não ver”. (...)
A partir deste ponto, o narrador começa a moldar a trama do romance de tal modo que a conspiração política para matar Eduardo Ribeiro começa a se misturar com vingança passional. A partir daí, o leitor vai ter que ser bem esperto para compreender que o plano da elite monarquista e escravocrata para assassinar um líder negro republicano e abolicionista começa a contar com fatores extras.
É claro que Eduardo Ribeiro comeu Marinalva e é claro que Lima Silva assassinou Eduardo Ribeiro, mas não é nada claro sobre quem armou e sobre quem estimulou Lima Silva.
O tempo cronológico é o final do século XIX e início do século XX.
O tempo social é a transição da monarquia para a República no Estado do Amazonas, unidade
federada do Brasil.
O tempo narrativo é um jogo temporal alucinante, que embaralha passado, presente e futuro, em uma trama capaz de “baratinar” a cabeça de um leitor conservador, acostumado com a
narrativa cronológica e linear do romance tradicional. A narração, em certo momento, chega no
futuro, nos anos 90 do século XX. É preciso saber ler.
O fluxo narrativo é veloz, sintético e envolvente. Do mesmo modo que seu preciosismo morfossintático: as frases, os diálogos diretos e as descrições estão muito bem encaixados na
fluidez do fluxo narrativo. São precisas, rápidas, simples e melódicas.
Verdade que nas descrições faltam árvores, plantas, pássaros, animais, sons, igarapés, rios,
fatos naturais e presentes na vida social, especialmente no lazer e na moradia Amazônica de então – ou de “dantanho”, como se dizia na época.
Ao contrário, contudo, há descrições brilhantes de detalhes arquitetônicos, urbanos e estéticos da vida social. Estas descrições da vida urbana de Manaus, possibilitam o refinamento da
percepção do leitor, que passa a entender melhor a complexa cidade de cinqüenta mil habitantes, encravada no coração da floresta Amazônica. Do colar de esmeralda art-nouveau ao decote da mulher de um barão da borracha, do detalhe rococó da mesa da varanda do
Barão Waldemar ao detalhe da marca “do champanha La Grand Dame Veuve Clicquo” utilizada nas orgias.
Nada escapa ao olhar treinado do narrador.
Contudo, de fato, é o conteúdo, especialmente o preciosismo da pesquisa histórica, e os fatos
narrados, o que mais fascina neste romance ou, pelo menos, que mais fascinou este leitor modesto e desavisado.
Assim como a curiosidade sobre a vida de Marinalva!

quinta-feira, 29 de julho de 2021

A VIDA SOB O VULCÃO

  

 A VIDA SOB O VULCÃO

inclemente triste face
as imagens do vulcão
minha irmã indonésia
sofro com esse olhar de soslaio
Não é o Monte Sinabung
que abre a fúria dos deuses da terra
mas o teu recolhimento sereno
sob o lenço virginal
e a tua toca de freira
o pequenino nariz e a boca
e o olhar perdido no mundo
a triste face pequena

quarta-feira, 28 de julho de 2021

POEMA


 

Não posso reter os teus traços
Nem as notas de teu tema
Pois tua música se esquece
Como as vozes do poema
Da paixão, que mais um traço
Foi do azul de minha pena,
E quando te vir já será garço
O repique da tua cena
e o afastado abraço...
(oriunda onda a que cerca de aço
me levarão tuas algemas?)

ROGEL SAMUEL

domingo, 18 de julho de 2021

POEMA PELO HAITI - ROGEL SAMUEL

 



POEMA PELO HAITI - ROGEL SAMUEL


ai! haiti

que inimigos tens, secretos

feitos de homens, feito de deuses?

monstruosidades calam em teu leito

mudas a cada grande dor teu enorme pleito

pela vida, pelas águas, pela multidão de

teus feitos

desde a colônia francesa de são domingos

desde a revolução francesa

desde teu líder Toussaint L'Ouverture

que derrotou a França e a Inglaterra

preso por Napoleão

desde Dessalines e os jacobinos negros

que prosseguiram o combate e a conquistaram,

em 1804,

a Independência cruel, sangrenta e definitiva,

que batizaram em sangue o País como o nativo Haiti

e onde meu amigo chinês mora ou morava

(não sei dele) e ensinava;

ai de ti, ó povo da Independência vitimado

que atrai da vitória a maldição

a maldição dos heróis

a maldição dos deuses

pelo que produziste

o café, o anil, o cacau, o algodão

e o açúcar melhor do que ninguém

e onde meio milhão de escravos africanos trabalharam

ó vítima da liberdade

que os deuses me protejam da tua maldição!

ó, haiti

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 120 POEMASRogel Samuel (rogelsamuel-120poemas.blogspot.com)

quinta-feira, 15 de julho de 2021

O SELO DOS POETAS - ROGEL SAMUEL


 O SELO DOS POETAS - ROGEL SAMUEL

Outro dia vi um selo. Pensei que era Bilac. Não. Não era. Era Gustavo Lacerda. Fundador da ABI. Da qual foi Presidente de 1908 a 1909. Os jornalistas hoje têm prestígio. Os poetas não. Não têm tanto prestígio. Nas livrarias os poetas brasileiros desaparecem. Estão escondidos, envergonhados. O Brasil não tem orgulho dos seus poetas. Conheci dois poetas em Walden, NY, quando por lá estive durante todo o mês de julho de 2003. Um era um rapaz muito novo, com os cabelos muito longos e já famoso poeta: ganhara o “Prêmio de Poesia de Nova Iorque”, com um excelente livro, que me deu. Já escrevi sobre ele uma crônica. Chama-se James Hopkins. A outra era uma poetisa (prefiro poetisa) que preparava sua obra ainda inédita. Não trabalhava, estudava letras, mas de maneira livre e não formal. E escrevia. Escrevia com uma caneta Parker antiga. Num caderno aramado onde escrevia versos e fazia alguns desenhos. Aquela menina era muito interessante. Acreditava na sua profissão. Profissão de poeta. Não sei de que vivia, pois não trabalhava. Mas americano é assim mesmo, vive de muitas maneiras. Talvez tivesse família. Mas não tinha muito dinheiro, porque como eu estava sem carro e por isso tínhamos dificuldade de nos locomover em Walden. Andava comigo, a pé. Andávamos longamente. Íamos do seminário que estávamos fazendo ao “hotel” onde nos hospedávamos. Que não era um hotel propriamente dito, mas um convento de freiras francesas que alugavam excelentes quartos. Caminhávamos à pé pela estrada até lá. Havia um detalhe no caminho que nos incomodava: um leão. Sim, um leão enjaulado de um circo que estava apresentando-se ali. O leão enjaulado nos olhava às vezes meio enfastiado como todo leão enjaulado. Mas era uma agressividade contida, um furor posto nos ferros, ainda que de circo. Minha amiga poetisa não se sentia bem ao passar por ali. Um leão enjaulado não é lirismo.
Um poema de James Hopkins diz mais ou menos assim, que traduzo:

trate
os fantasmas
do quase-passado
com um pouco mais de respeito
aquelas vaporosas pistas que derivam dos parques
aproveitam as ruas
em segredo.
o tremor
apenas
no vértice
da escuridão
quando o vermelho
escorreu do céu.
a sombra que pisca
no canto de seu olho
antes da noite
engolir
a lua.

Eight Pale Women, by James C. Hopkins.
107 pgs. Paper $10.00
ISBN: 0-915380-53-6

quarta-feira, 14 de julho de 2021

PRIMEIRO DISCURSO DO BUDA


 DHAMMACAKKAPPAUATTANASUTTAM


Discurso da Inauguração do Reino da Verdade

[Literalmente: Discurso de por em ação a Roda da Verdade ou do Dhamma, a Doutrina, talvez o mais importante de todos os Suttas, pois nele se expões as chamadas QUATRO NOBRES VERDADES, ponto de base de toda a teoria budista. Foi o Primeiro Discurso do Sublime a tratar da Dharma, reencontrando os seus cinco antigos discípulos]

NAMÔTASSÊ BHAGUEVÊTO AREHATÔ SAMMÁ SAMBUDHASSÊ!
Louvado seja Ele, o Valioso, o Perfeito, o Supremamente Iluminado!

NAMÔTASSÊ BHAGUEVÊTO AREHATÔ SAMMÁ SAMBUDHASSÊ!
Louvado seja Ele, o Valioso, o Perfeito, o Supremamente Iluminado!

Assim foi ouvido por mim:
Naquele tempo o Sublime estava em Baranasi, Isipatana, no Parque das Gazelas, quando, então, o Sublime se dirigiu aos monges que formavam um grupo de cinco:
“Ó monges, existem estes dois extremos que não devem ser freqüentados por um recluso; há este apreço pelos divertimentos do mundo, com respeito aos prazeres sensuais, baixo, comum, pertencente ao homem comum, (caminho este que é) desprezível, conectado com sofrimento; e há este apego à auto-mortificação, (que é cheio de) sofrimento, ignóbil, conectado com sofrimento. Ó monges, sem se aproximar desses dois extremos, o caminho do meio foi bem realizado pelo Conquistador, produzindo introspecção, produzindo conhecimento, levando à serenidade, especial conhecimento, mais alta iluminação, Nibbana.

E monges, o que é este caminho do meio que foi bem realizado pelo Conquistador, produzindo Introspecção, produzindo conhecimento, levando à serenidade, especial conhecimento, correta iluminação, Nibbana?
Este não deve ser nenhum outro além do Nobre Óctuplo Caminho, a saber: Correta visão, correta intenção, correta palavra, correta ação, correto meio de subsistência, correto esforço, correta atenção e correta concentração. Este, ó monges, é o caminho do meio realizado pelo Conquistador, produzindo introspecção, produzindo conhecimento, que leva à serenidade, especial conhecimento, mais alta iluminação, Nibbana.

Esta, ó monges, é a Nobre Verdade do Sofrimento: Nascimento é sofrimento, velhice é sofrimento, doença é sofrimento, morte é sofrimento, união com o indesejável é sofrimento, separação do amado é sofrimento, não conseguir o que se deseja é sofrimento, e assim os fatores dos cinco agrupados são sofrimento. Este, ó monges, é a Nobre Verdade da raiz do sofrimento: A avidez de todos os meios que causam vir-a-ser no próximo mundo, que consiste no apaixonado deleite que busca por prazer nisto ou naquilo, ou seja: avidez por prazeres sensuais, avidez por vir-a-ser, avidez por não vir-a-ser.
Este é, então, ó monges, o Nobre Caminho da Extinção do Sofrimento: pela extinção da vida, mesma, através do radical desapego, da renúncia, do abandono, da liberdade, da não-prisão. Este, ó monges, é o Nobre Caminho, o Caminho que leva à extinção (desta miséria, deste mar de sofrimento). Este é o único, o Nobre Óctuplo Caminho, a saber: Correta visão, correta intenção, correta palavra, correta ação, correto meio de subsistência, correto esforço, correta atenção e correta concentração.

Este é a Nobre Verdade do Sofrimento, para mim, ó monges, com referência às outras doutrinas nunca ouvida antes, o olho nasceu, a cognição nasceu,  a sabedoria nasceu, o conhecimento nasceu, a luz nasceu.
Sem dúvida esta Nobre Verdade do Sofrimento poderia ser compreendida por mim, ó monges, com referência às outras doutrinas isto nunca foi ouvido antes, o olho nasceu, a cognição nasceu, a sabedoria nasceu, o conhecimento nasceu, a luz nasceu. Sem dúvida esta Nobre Verdade do Sofrimento foi compreendida por mim, ó monges, com referência às outras doutrinas nunca ouvidas antes, o olho nasceu, a cognição nasceu, a sabedoria nasceu, o conhecimento nasceu, a luz nasceu. Esta é a Nobre Verdade da raiz do sofrimento, para mim, ó monges, com referência às outras doutrinas nunca foi ouvida antes, o olho nasceu, a cognição nasceu, a sabedoria nasceu, o conhecimento nasceu, a luz nasceu.

Sem dúvida esta é a Nobre Verdade que a raiz do sofrimento pode ser abandonada, por mim, ó monges, com referência às outras doutrinas isto nunca foi ouvido antes, o olho nasceu, a cognição nasceu, a sabedoria nasceu, o conhecimento nasceu, a luz nasceu.

Sem dúvida esta Nobre Verdade da raiz do Sofrimento foi abandonada, para mim, ó monges, com relação às outras doutrinas isto nunca foi ouvido antes, o olho nasceu, a cognição nasceu, a sabedoria nasceu, o conhecimento nasceu, a luz nasceu. Sem dúvida esta é a Nobre Verdade da Extinção do Sofrimento, para mim, ó monges, com relação às outras doutrinas isto nunca foi ouvido antes, o olho nasceu, a cognição nasceu, a sabedoria nasceu, o conhecimento nasceu, a luz nasceu.

Sem dúvida esta Nobre Verdade da extinção do Sofrimento pode ser realizada, para mim, ó monges, com relação às outras doutrinas isto nunca foi ouvido antes, o olho nasceu, a cognição nasceu, a sabedoria nasceu, o conhecimento nasceu, a luz nasceu. Sem dúvida esta Nobre Verdade da extinção do Sofrimento foi realizada ...

Sem dúvida este é o Nobre Caminho que leva à extinção do Sofrimento ... Sem dúvida este Nobre Caminho que leva à extinção do Sofrimento pode ser desenvolvido ... Sem dúvida este Nobre Caminho que leva à extinção do Sofrimento foi desenvolvido.

Enquanto, ó monges, então, com referência a estas Quatro Nobres Verdades, os três círculos, doze vezes repassados, a visibilidade concretamente real e clara não estava pura, eu ainda não, ó monges, declarava ao mundo, com seus deuses e maras, brahmas, reclusos e povo, incluindo os brâhmanes, junto com os deuses e seres humanos, que Eu realizei a insuperável e supremamente completa iluminação. Depois de um certo ponto, ó monges, com o olhar firme nestas Quatro Nobres Verdades, então, os três círculos, doze vezes realizados, a visibilidade concretamente real e clara começou a ficar pura.

Então Eu, ó monges, na inteireza do Universo, com os devas e os maras, os brahmas, os reclusos e o povo, incluindo os brâhmanes junto com os devas e seres humanos, declaro que Eu realizei a insuperável completa iluminação. A luz da visão cognitiva nasceu e ficou clara para mim. A soltura e amplidão de minha mente com nada é perturbada. Este é o meu último nascimento. Não há mais um futuro vir-a-ser agora”.
O Sublime disse isto. Os monges que pertenciam ao grupo dos cinco ficaram felizes e aprovaram as palavras do Sublime.

Quando esta explicação estava bem dita, para o venerável Kondanna, nasceu o Olho do Dhamma, livre de mancha, livre de pó (e ele disse:)
“Qualquer que seja o real que nasça, isto tem a qualidade de morrer”.

Quando a Roda do Dhamma foi posta a rolar pelo Sublime, os devas da terra alardearam a notícia:
“Pelo Sublime, em Baranasi, Isipatana, no Parque das Gazelas, a insuperável Roda do Dhamma foi posta a rolar, a qual nunca pôde ser posta a rolar por nenhum recluso ou brâhmane ou deva ou mara ou brahma ou por ninguém deste mundo.
Tendo ouvido a notícia dos devas da terra, os devas Catummaharajika proclamaram a notícia:
“Pelo Sublime, em ...”
Tendo ouvido a notícia dos devas Catummaharajika os devas Tavatinsa proclamaram a notícia:
“Pelo Sublime, em ...”
Tendo ouvido dos devas Tavatimsa, os devas Yamma proclamaram a notícia:
“Pelo Sublime, em ...”
Tendo ouvido dos devas Yama, os devas Tusita proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos devas Tusita, os devas Nimmanarati proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos devas Nimmanarati, os devas Paranimmitavasavatti proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos devas Paranimmitavasavatti, os devas Brahmaparisajja proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos devas Brahmaparisajja, os devas Brahmapurohita proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos devas Brahmapurohita, os devas Mahabrahma proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos devas Mahabrahma, os devas Parittabha proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos devas Parittabha, os devas Appamanabha proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos devas Appamanabha, os devas Abhassara proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos devas Abhassara, os devas Parittasubha proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos devas Paritassubha, os devas Appamanasubha proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos devas Appamanasubha, os devas Subhakinhaka proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos devas Subhakinhaka, os devas Vehapphala proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos devas Vehapphala, os devas Aviha proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos devas Aviha, os devas Atappa proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos devas Atappa, os devas Sudassa proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos devas Sudassa, os devas Sudassi proclamaram a notícia.
Tendo ouvido dos devas Sudassi, os devas Akanitthaka proclamaram a notícia:
“Pelo Sublime, em Baranasi, Isipatana, no Parque das Gazelas, a insuperável Roda do Dhamma foi posta a rolar, a qual nunca pôde ser posta o rolar por nenhum outro asceta ou Brâmane, ou deva ou mara, ou brahma ou por ninguém deste mundo”.

Então, naquele momento, desde que aquela notícia foi proclamada, um grande rumor nasceu no mundo dos Deuses. E os Dez Mil Universos estremeceram, sacudiram ruidosamente. Grandes e ilimitadas luzes apareceram no universo, vindas de longe, do alcance do poder dos Deuses.
Então o Sublime proferiu uma exclamação de alegria: “De fato meu querido Kondañña atingiu o Conhecimento, de fato meu querido Kondañña atingiu o Conhecimento!”.  E por esta razão Annakondanna passou a se chamar venerável Kondañña.

Que pela força desta verdade você tenha vida virtuosa, longa e feliz! Que pela força desta verdade todos os seus problemas desapareçam! Que pela força desta verdade você tenha feliz e longa vida!