O SILÊNCIO ANTES DA CATÁSTROFE
Rogel Samuel
Li na internet que, de acordo com um relatório da OMS (a organização mundial de saúde) e do UNICEF, mais de 2,6 bilhões de seres humanos – ou seja, mais de 40 por cento da população mundial - não tem água de boa qualidade, e para mais de um bilhão de pessoas a água é completamente não-potável, anti-higiênica.
O relatório - "A realização de objetivos de desenvolvimento do milênio para potável e sua purificação" – avalia os anos de 1990 a 2002, e chega a dados catastróficos.
A purificação da água, em escala mundial, não será alcançada para o extraordinário e desnorteante número de um e meio bilhão de indivíduos - a maioria deles vivendo da agricultura na África e Ásia.
Os esgotos não tratados ou abertos contaminam de várias doenças e matam milhões de crianças, e deixam milhões de pessoas no limite da sobrevivência.
O mundo está para alcançar um nível crítico de consumo de água em relação ao crescimento da população, de forma que 800 milhões de pessoas beberão água contaminada até 2015.
Os efeitos catastróficos poderiam ser evitados, segundo a UNICEF e o OMS, se se tomassem as providências cabíveis e se se ensinasse uma higiene elementar para as populações.
O relatório aponta para uma crescente tendência mundial de favelização e marginalidade urbana das grandes cidades.
Por conseqüência, as famílias que moram em aldeias e em distritos deserdados pelas cidades ricas serão dominadas por um ciclo de doenças e pobreza maior.
Crianças são as primeiras vítimas, mas a falta de higiene também terá um efeito negativo no crescimento econômico mundial.
«Num mundo em que milhões de crianças nascem sem as necessidades elementares», declarou a Sra. Carol Bellamy, diretora geral do UNICEF, «a desigualdade crescente entre os que têm e os que não têm acesso a serviços de base está matando por dia aproximadamente 4.000 crianças, e são a causa de morte de 10 milhões de crianças todos os anos. Nós precisamos agir agora, caso contrário este número de vítimas vai certamente aumentar».
Nas regiões mundiais em desenvolvimento, como a África saariana, reside o maior perigo.
Na ex-União Soviética só 83 por cento da população têm acesso a instalações de purificação de água suficiente. Com o crescimento das pressões econômicas e da população essas porcentagens podem diminuir.
De acordo com o OMS e o UNICEF a inatividade de hoje terá conseqüências sérias. A diarréia será responsável pela morte de 1,8 milhões de pessoas todos os anos. Na maioria dos casos crianças de menos de cinco anos.
Na África as pessoas perdem mais de 40 bilhões de horas de trabalho para ir buscar a água que bebem. E muitas crianças, em particular as meninas, não vão para a escola por falta de latrinas, o que é um desperdício para suas possibilidades intelectuais e econômicas.
Não basta dinheiro, diz a Sra. Bellamy e o Dr Lee, para inverter essa tendência e se ir aproximando de uma cobertura mundial de água, mas de políticas nacionais de reorientar recursos para benefício das comunidades mais pobres, com a cooperação da administração local e o setor privado para a contribuição de uma solução possível.
«Para alcançar os objetivos de 2015, os países têm que criar uma determinação política e têm que constituir recursos que permitam socorrer um bilhão de habitantes de cidade novas, e diminuir em cerca de um bilhão o número de habitantes que não tem acesso a instalações de purificação de água suficiente - caso contrário nós arriscamos a deixar à margem caminho do desenvolvimento milhões ou até mesmo um bilhão de seres humanos», diz o Dr Lee.
«Temos de garantir os elementos básicos à vida até 2015».
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