quarta-feira, 6 de agosto de 2014

AGRIPA


Agripa Vasconcelos

AGRIPA VASCONCELOS


Rogel Samuel


Foi um escritor de sucesso. Seus livros venderam milhares e ainda vendem. Agripa Vasconcelos escreveu «Silêncio», poemas, que o levou à Academia Mineira de Letras, aos 22 anos de idade, sucedendo a Alphonsus de Guimaraens: O livro se vendeu no Rio em 30 dias e está esgotado até hoje. "Nós e os Caminhos do Destino", foi outro êxito. O romance "Fome em Canaã" concorreu ao Concurso da Revista "O Cruzeiro", e foi  premiado. "Suor de Sangue" ganhou o prêmio "Olavo Bilac", da Academia Brasileira de Letras, primeiro prêmio dos livros brasileiros de poesia, em 1949. Depois veio "A Morte do Escoteiro Caio".

Escreveu livros científicos - "De que morreu o Aleijadinho", em que diagnosticou a morte de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho: especialistas, em livros posteriores confirmam seu parecer, como o mestre Miguel Couto, que escreveu ao aluno que entregava a mão à palmatória, convencido que ficara de seu antigo erro.

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Agripa escritor mineiro de corpo e alma, um verdadeiro fanatismo.
«Para ele, os poetas, os ensaístas, os romancistas mais notáveis da América são os de Minas Gerais», disse um crítico.
A Editora Itatiaia publicou ''São Chico", uma saga sobre o Rio São Francisco e "Gado Preto em ouro verde", o ciclo da cultura do café e da escravidão.

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Era médico, foi para o Nordeste como cirurgião-chefe da Companhia Hidro Elétrica de Paulo Afonso, Bahia, onde construiu o "Hospital Nau Souza".
Aposentado do Banco do Brasil, do Instituto Federal e de companhias particulares no Recife, onde clinicou. Faleceu em Belo Horizonte, no dia 21 de janeiro de 1969.

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Escreveu romances de sucesso: «Sinhá braba, «A vida em flor de dona Beja» (que inspirou a famosa novela), «Gongo-sogo», «Chica que manda», um excelente romance sobre Chica da Silva.

Em carta de Recife ao seu Editor, Pedro Paulo Moreira, disse:

"Minha vida  nada tem de importante para seu estudo. A profissão de médico rural que fui no começo me aproximou do povo, da ralé desclassificada. E dos humildes sem justiça. Quando examino algum deles procuro conhecer vida e hábitos, o linguajar, as lendas, o folclore de sua região. Poucos conhecem o interior com mais profundidade. Homem de nenhuma vaidade, nenhum orgulho, sou um trabalhador por prazer e meus trabalhos refletem meus conhecimentos do nosso povo, daí e daqui. Uma opinião que me agradou foi a do querido Ascenso Ferreira: Seu livro sobre Beja foi o melhor romance que li". (Agripa)

Como poeta está quase desconhecido.

Era um poeta parnasiano tardio, como tantos outros.

Seu belo poema «Chuva do mar», para mim, é um clássico do gênero:

Quando Raquel casou, naquela tarde mansa
Vi desfeito de vez meu sonho de criança. . .
Um desespero atroz meu ser avassalou!
Mas alguém que conhece os mistérios do mundo
Num sussurro me disse um conselho profundo:
- Isso é chuva do mar. Vai passar.
E passou.

Quando, ainda mocinho, eu senti, doido de ira,
Que, parecendo certo, era tudo mentira
O amor que me jurara a pérfida Margot,
Quis Morrer - mas alguém que conhece essa vida
Me falou, sem calor, mas em frase sentida: ,
- Isso é chuva do mar: Vai passar.
E passou.

Quando Ofélia seguiu seu destino sombrio,
Senti, como ainda sinto, o coração vazio!...
Faz tanto tempo já que nem sei mais quem sou!
Mas quem viu, em meu pranto uma simples garoa
Quis em vão me dizer uma palavra boa:
- Isso é chuva de mar. Vai passar.
Não passou.

Nasceu a 12 de abril de 1900, em Matosinhos, município de Santa Luzia. Aluno de Carlos Góis e Aurélio Pires, que o consideraram o melhor aluno que tiveram.
Afrânio Peixoto, que era catedrático, quis conhecê-lo e essa amizade se prolongou até a morte do grande mestre nacional.

Na epidemia da gripe de 1918, no Rio de Janeiro, levado por Leal de Souza, prestou serviços a Coelho Neto, que o considerou sempre "amigo dos que mais viveu em meu coração".

Foi interno do mestre Miguel Couto, que escreveu, ao celebrar seu 25º aniversário como professor, no Hotel Glória, do Rio, que seus melhores internos tinham sido até então Leitão da Cunha, Otávio Aires, Gastão Crulz e Agripa Vasconcelos. A lágrima nos olhos de Miguel Couto revela que sempre o considerou como filho.

No fim do curso médico foi orador de sua turma; e Miguel Couto, paraninfo. Este começou sua oração com o elogio de seu aluno, fato até hoje inédito na oração dos paraninfos.

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