A PANTERA - SETE - ROGEL SAMUEL
À medida que avançávamos então pelo caminho sem nos falar, fomos encontrando sepulcros desiguais e incertos, restos do exército destruído, esqueletos, cadáveres em tanques de excrementos, mas de modo mais agro o solo coberto de pisadas e de rastros e tampas e terríveis que uns eram túmulos outros eram muros e trincheiras, o fedor da morte ali restava.
E entra a guerreira por vereda estreita, entre o muro e os martírios, e vai seguindo e eu após ela, pois a seus passos os meus passos se continuam, passando entre as sepulturas descobertas, os corpos estragados, comidos de bichos, os corpos em decomposição, a vida se acabando.
Mas ouço novamente aquele rugir, de súbito saído do horizonte, seguido a um clarão que tanto me horroriza, que à Jara me abracei, apavorado, tremido. E na sombra eu já tinha fitado o vulto da pantera perto de uma tumba aberta. A guerra crua faz na gente o espanto e com ansiosos olhos olhei os lados, a ver se algum guerreiro sobrara ainda vivo para nos alvejar.
Súbito ergueu-se um pássaro em gritaria, quando da pantera se viu ameaçado.
Eu começava a lembrar alguma coisa do que fui, do que fiz, pois não sem motivo estava eu ali, e daquela guerra não estava de juízo certo.
E então, se bem percebo, ao fundo, percebo um precipício e mil jazem por aqui, refleti, e as almas mortas desses ares esvoaçavam, seus corpos desciam o vale horrendo que odientos vapores exalavam.
Foi quando fomos atacados por uma tribo desconhecida, com muitas flechas e gritos lancinantes, que mais tinham o intento de nos afastar que de matar, pois nós não víamos ninguém no dentro da floresta.
Mas eu comecei a disparar os tiros e os gritos silenciaram e as flechas acabaram.
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