quinta-feira, 5 de novembro de 2009
O verso-corpo
O verso-corpo
Rogel Samuel
Jefferson Bessa escreveu um dos seus melhores poemas, o mais erótico, o mais interessante.
Na realidade ali vejo, ali leio um ato copular, excelente e sensual. A poesia erótica fina, que tem sua própria estética, como escreveu o autor: "Penso que os melhores são os que fazem do erotismo uma própria estética...pensar na constituição de um verso com o erotismo que há no corpo humano e, por outro lado, o verso que se torna erótico por ser também um corpo ao lado de outro corpo - o corpo humano".
Nada melhor, nada mais sagrado do que a expressão do corpo humano, com seus músculos, com seus braços, ombros e mãos, e mesmo o "verso vigoroso". Difícil é esta arte de expressar a erótica da arte, ou seja, a estética erótica.
São poucos os escritores de eros, poucos que sabem (de sabor e de saber) dar conta do corpo de prazer.
Os antigos gregos o sabiam. Os grandes iogues tântricos o praticavam. Nossa civilização foi perdendo e desgastando e corrompendo esta arte fina.
verso-corpo
Jefferson Bessa
no vão do braço
no vão dos músculos
o verso sobe e se deita
na contração natural se esvai,
na linha de fibra cordial
o verso desce e desliza
ombros e mãos se elevam
tudo recebe assim afável
a cavidade crescente cortê
o corpo se abre como assento
nele aqui deixarei se sentar
o verso ofertado e mais vigoroso
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