domingo, 29 de novembro de 2009

Robert de Montesquiou



Robert de Montesquiou, retrato por Giovanni Boldini, Paris, Musée d'Orsay.




Robert de Montesquiou


Rogel Samuel

Ele era temido e admirado. Rico (depois se arruinou). Dândi. Escritor e poeta. Homem de sociedade. Era muito culto e inteligente. Sarcástico, talvez homossexual, tinha um talvez namorado de origem peruana, seu secretário.

"O fascínio exercido por este personagem sobre os seus contemporâneos fez dele um modelo para numerosos heróis de romance: des Esseintes em À Rebours (1884) de Huysmans, O conde de Muzaret, em Monsieur de Phocas (1901) de Jean Lorrain e, principalmente, o Barão de Charlus em Em Busca do Tempo Perdido de Marcel Proust".

Ele era importantíssimo: Proust disse que a chave da Recherche era ele.

Celeste Albaret dedica um capítulo inteiro sobre ele. Que era esnobe. Irritante. Certa vez, num jantar de grande pompa, Montesquiou se reencontrou como uma senhora que detestava e que era sua vizinha de mesa:

- Senhora, no meio de um intervalo de silêncio gritou ele para a dona da casa, não compreendo que me tenha colado ao lado desse camelo!

A dona da casa ficou fora de si e nada respondeu, houve um silêncio constrangedor, depois as pessoas, todas ricas e elegantes, continuaram a comer e a conversar fingindo nada ter escutado. A vítima, envergonhada, também fingiu que não era com ela.

Ele era a insolência impune em pessoa. Mas Proust lhe tinha uma grande admiração. Para construir o personagem.

Montesquiou foi capaz de colocar uma cobra venenosa aos pés de uma senhora que odiava, a cobra vinha dentro de uma cesta. Eles estavam dentro de um bonde. A vítima desmaiou. Ele deu grandes gargalhadas, com sua voz bem aguda.


Era descendente de D'Artagnan. Escreveu:


Berceuse d'ombre

Des formes, des formes, des formes
Blanche, bleue, et rose, et d’or
Descendront du haut des ormes
Sur l’enfant qui se rendort.
Des formes!



Des plumes, des plumes, des plumes
Pour composer un doux nid.
Midi sonne: les enclumes
Cessent; la rumeur finit. . .
Des plumes!


Des roses, des roses, des roses
Pour embaumer son sommeil,
Vos pétales sont moroses
Près du sourire vermeil.
O roses!



Des ailes, des ailes, des ailes
Pour bourdonner à son front,
Abeilles et demoiselles,
Des rhythmes qui berceront.
Des ailes!



Des branches, des branches, des branches
Pour tresser un pavilion,
Par ou des clartés moins tranches
Descendront sur l’oisillon.
Des branches!



Des songes, des songes, des songes
Dans ses pensers entr’ouverts
Glissez un peu de mensonges
A voir la vie au travers,
Des songes!



Des fées, des fées, des fées
Pour filer leurs écheveaux
De mirages, de bouffées
Dans tous ces petits cerveaux.
Des fées!



Des anges, des anges, des anges
Pour emporter dans l’éther
Les petits enfants étranges
Qui ne veulent pas rester . . .
Nos anges!

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