sexta-feira, 29 de maio de 2015

A PANTERA 7



A PANTERA 7

ROGEL SAMUEL 

À medida que avançávamos então pelo caminho sem nos falar, formos encontrando sepulcros desiguais e incertos,  restos dos exércitos destruídos, esqueletos podres, cadáveres em tanques de excrementos, mas de modo mais agro o solo todo coberto de pisadas e rastros, e tampas e terríveis que uns eram túmulos outros eram muros e trincheiras, - o forte cheiro da morte inda ali restava. 
E entra a guerreira por vereda estreita, entre o muro e os martírios vai seguindo e eu após ela, pois a seus passos os meus passos se continuam, passando entre as sepulturas descobertas, os corpos estragados, comidos de bichos, os corpos em decomposição, a vida se acabando. 
Mas ouço novamente aquele som, de súbito saído do horizonte, seguido a um clarão que tanto me horroriza, que à Jara me abracei, apavorado, tremido. E na sombra eu tinha já fitado o vulto da pantera perto de uma tumba aberta. A guerra crua faz na gente o espanto e com ansiosos olhos olhei os lados, a ver se algum guerreiro sobrara ainda vivo para nos atacar. Súbito ergueu-se um pássaro em gritaria, quando da pantera se viu ameaçado. 
Eu começava a lembrar alguma coisa do que fui, do que fiz, pois não sem motivo estava eu por ali, pois daquela guerra não estava de juízo certo. 
E então, se bem percebo, ao fundo vejo um precipício. Mil jazem por aqui, pensei, e as almas mortas nesses ares esvoaçam, os corpos desciam o vale horrendo que odientos vapores exalavam. 
Foi quando fomos atacados por uma tribo desconhecida, com muitas flechas e gritos lancinantes, que mais tinham o intento de nos afastar que de matar, pois nós não víamos ninguém no dentro da floresta. 
Mas eu comecei a disparar os tiros e os gritos silenciaram e as flechas acabaram.

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