A ÉGUA (L. RUAS) A égua caminhava a passos largos Por entre a lama espessa, mal cheirosa, A égua que nasceu de barro e sopro, Pesada e, ao mesmo tempo, vaporosa. A égua percorreu todo o passado: É lenda, é mito, é sombra luminosa; Galopa semeando vida e morte, É frágil como a flor e belicosa. Tem alma muito embora em seu ventre Aninhe uma fauna tenebrosa De serpes e batráquios peçonhentos. A égua chega sempre. Chora, às vezes. Às vezes, come fezes. Eu a vi Comendo, em céu de estrelas, uma rosa.
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