O OBJETIVO DO CAMINHO É O CAMINHAR
ROGEL SAMUEL
Escreve-me uma grande Amiga: “Estava mesmo para te escrever sobre seu último texto. Eu queria saber mais, se não for te incomodar, a respeito desta frase:
"De nada precisamos nós, do ponto de vista espiritual. Podemos estar em paz."Eu li algo semelhante em Osho (Rajneesh), A semente de mostarda, onde ele segue (ou pelo menos tenta) ir por um caminho zen, e sinceramente não entendi bem:
"Porque todo caminho é a morte. A morte é o objetivo do caminhar, o fim do caminho."Porém nesta trajetória, até a morte, não precisamos tentar evoluir espiritualmente?
Me explica, por favor, pode ser?
Outra coisa: podemos falar em um taoísmo zen? Está certa esta afirmação?”
"De nada precisamos nós, do ponto de vista espiritual. Podemos estar em paz."Eu li algo semelhante em Osho (Rajneesh), A semente de mostarda, onde ele segue (ou pelo menos tenta) ir por um caminho zen, e sinceramente não entendi bem:
"Porque todo caminho é a morte. A morte é o objetivo do caminhar, o fim do caminho."Porém nesta trajetória, até a morte, não precisamos tentar evoluir espiritualmente?
Me explica, por favor, pode ser?
Outra coisa: podemos falar em um taoísmo zen? Está certa esta afirmação?”
Não sei. Nada sei.
Acho que me meti numa armadilha, o responder.
Primeiramente: "De nada precisamos nós, do ponto de vista espiritual. Podemos estar em paz."
Esta frase, se invertida, torna-se clara: “Se estivermos em paz, de nada precisamos nós, do ponto de vista espiritual”.
Esta frase, se invertida, torna-se clara: “Se estivermos em paz, de nada precisamos nós, do ponto de vista espiritual”.
Pois, o de que precisamos nós?
Se alcançamos a paz, que mais? De que mais necessitamos?
O que é a paz?
A paz, na definição dos mestres budistas, é “claridade e vacuidade”.
Quando estou em paz, estou “e m equilíbrio, tanto tempo quanto possível. Eu permaneço no estado de consciência chamada de "unidade de consciência e vazio". O movimento é chamado
de "unidade do movimento e do vazio". A clareza desobstruída que é chamada de "unidade de clareza e de vazio". Estou livre dos extremos da existência e não-existência, aparecendo como um sonho, na natureza de uma ilusão”. Isto escreveu “ Zhujin Tsultrim Rinchen, e compilado por Khyentse Wangpo, na Coleção de Sadhanas [sGrub Thabs Kun bTus], volume DA [11]”.
Quando estou em paz, se estou em paz, já cheguei, não estou em busca de nada. Toda busca, toda tentativa de “evoluir espiritualmente”, só faz criar uma instabilidade na paz, na minha meditação, na clareza, na luminosidade. Porque se estou buscando é porque me acho infeliz, incompleto, incapaz, inapto. Se estou buscando, ainda não encontrei.
Mas o caminho é inverso, o caminho espiritual, se é que existe, é ao contrário, parte do não buscar, ele acontece quando a busca cessa, quando o pensamento cessa, quando a ansiedade e o medo cessam, sim o medo, e todo medo é medo da morte, dessa morte que não conhecemos, o medo do desconhecido, o medo do não ser.
Quando nada esperamos, quando não esperamos nenhuma recompensa, então um milagre acontece, a eternidade acontece, o eterno, e no eterno não há tempo, e se não há tempo não existe fim, nem morte.
A paz é a espera de nada.
É a alegria, a felicidade suprema, de quem tudo encontrou.
Você pode estar em paz, mesmo sendo um milionário, mesmo sendo um mendigo, mesmo.
Se vê observa a respiração, a flor, a árvore, em completo silêncio, aí acontece a beleza.
Pois o silêncio não é a ausência de sons.
O silêncio é a paz.
(Mas eu fico aqui falando do que não sei, nem compreendo...)