quarta-feira, 18 de abril de 2007

OLEGÁRIO MARIANNO


CANTIGA SIMPLES

Rio, que cantas as mágoas,

Que queres com o teu cantar?

Quero levar minhas águas

Até às águas do mar.
Árvore, que ergues os braços,

Que queres a bracejar?

Quero galgar os espaços

Para o sol me acariciar.
Nuvem, de côres estranhas,

Que queres a galopar?

Quero descer às montanhas,

Vestir montanhas de luar.
Lua feita de incerteza,

Que queres com o teu palor?

Quero boiar na tristeza

Dos olhos do teu amor.
Pastor, que sobes o monte,

Que queres galgando-o assim?

Quero ver do alto o horizonte,

Que foge sempre de mim.
Estréia, pequena e clara,

Que queres? Dize, eu te dou.

- Quero ser a jóia rara

Da mulher que nunca amou.
Onda crêspa, onda serena,

Que queres no teu vaivém?

Beijar a pele morena

Da praia que me quer bem.
Andorinha peregrina,

Que queres de asas ao léu?

- Quero morar na colina

Mais alta, perto do céu.
Coração, que em comovida

Marcha, bates, sofredor,

Que queres? Prazer ou dor?

- “Eu nada quero da vida,

Além da vida do Amor”.

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