segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Dante no paraíso de Bilac


Dante no paraíso de Bilac



Escreveu nosso poeta maior no seu parnaso:

DANTE NO PARAISO
Olavo Bilac

Enfim, transpondo o Inferno e o Purgatório, Dante
Chegara à extrema luz, pela mão de Beatriz:
Triste no sumo bem, triste no excelso instante,
O poeta compreendera o mal de ser feliz.
Saudoso, ao ígneo horror do báratro distante,
Ao vórtice tartáreo o olhar volvendo, quis
Regressar à geena, onde a turba ululante
Nos torvelins raivando arde na chama ultriz:
E fatigou-o a paz do esplendor soberano;
Dos réprobos lembrando a irrevogável sorte,
A estância abominou do perpétuo prazer;
Porque no coração, cheio de amor humano,
Sentiu que toda a Vida, até depois da morte,
Só tem uma razão e um gozo só: sofrer!

Ora, depois do Inferno e do Purgatório, Dante vê a turbulenta e feérica luminosidade que cega dentro da qual aparece "a paz do esplendor soberano" e ele, cheio de compaixão, pensa nos humanos que deixou para trás, se entristece em vez de ser feliz, quer regressar à geena, ao fogo do inferno onde arde e sofre a população, o mundo dos homens, é um momento surpreendente dos dois poetas, pois Bilac abomina o prazer perpétuo de Deus, ele está cheio de piedade, de amor humano, e vê que vida e morte é só sofrer!

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