sábado, 22 de novembro de 2008

O Buda é mente



O Buda é mente

Rogel Samuel


Dogen (1200 - 1253) escreveu um pequeno e enigmático poema que diz:


"A mente é em si mesma Buda" - difícil de praticar, mas fácil de explicar.
"Quando não há mente não há Buda (No mind, no Buda)" - difícil de explicar, mas fácil
de praticar.
(The Zen Poetry of Dogen: Verses from the Mountain of Eternal Peace, by Steven Heine).


Dogen é um dos poetas máximos do Zen.
Na realidade ele deve ter sido um mestre realizado.
Ora, o que ele quis dizer com "A mente é em si mesma Buda"?
Se o Buda é mente significa que a visão de samsara e nirvana se intercomunicam, ou
são a mesma coisa.
Samsara não é o inferno, o sofrimento mundano. Nem nirvana é o céu, o paraiso celestial.
Tudo depente de uma interpretação mental, ou melhor, do tipo de visão que assumimos.
O nosso mundo pode ser visto em sua verdadeira natureza, e aí está o nirvana.
Ou pode ser visto através das distorções de nossos fatores mentais do ódio, do desejo
e da obscuridade. E aí temos o samsara.
O mundo não é nem paraiso nem inferno.
Ele é o que nós mesmos fazemos dele.
Nós o construímos. Podemos construir o paraíso e o inferno.

Um dia, dois homens passeavam na orla do mar. O céu estava limpo e no horizonte se
descortinava o panorama do universo, amplo e luminoso.
Mas tinha havido uma prolongada greve dos coletores de lixo da cidade.

- Que lindo dia! - exclamou o primeiro homem.
- Quanta sujeira! - exclamou o segundo homem, sempre de cabeça baixa, olhando o lixo das
calçadas.
- Que magnífica paisqagem!
- Que fedor!

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