quarta-feira, 28 de abril de 2010

Camilo Pessanha





Sim. Os olhos estão apagados. Mas vêem, sem luz. A água cai, das beiras dos telhados a água cai. Cai, sempre. Cai, para sempre. Cai, como a morrer. Os olhos tristes vêem, cansados, em lágrimas, na vã tristeza ambiente, os olhos. Como a água morrente (Rogel Samuel)




Água morrente

Meus olhos apagados,
Vede a água cair.
Das beiras dos telhados,
Cair, sempre cair.
Das beiras dos telhados,
Cair, quase morrer...
Meus olhos apagados,
E cansados de ver.
Meus olhos, afogai-vos
Na vã tristeza ambiente.
Caí e derramai-vos
Como a água morrente.

Camilo Pessanha

Um comentário:

Jefferson Bessa disse...

Muito belo esse poema.
De raríssima beleza.
Abraços.
Jefferson.