domingo, 18 de abril de 2010

TERREMOTO NO TIBET













ENTERRANDO SEUS MORTOS

Monge lança um kata

Dongguan Times, published in Guangzhou, China


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Na região autônoma de Qinghai fica o Monastério Thrangu, a cinco quilômetros da cidade de Jyekundo, província de Yushu. Da capital da província, Xining, até lá são 800 quilômetros em uma árdua jornada que não dura menos de 12 horas , mas que cruza algumas das paisagens mais belas do planeta, intocadas pela civilização moderna. As montanhas majestosas e os lagos de um azul turquesa profundo do planalto tibetano são também a origem de três grandes rios da Ásia: o Amarelo, o Yangtsé e o Mekong.
Ali, no século VII, a princesa chinesa Wen Cheng se casou com o rei tibetano Tsongtsen Gampo, e mandou construir o monastério, que chegou a ter 10 mil monges residentes. Desde então, segundo a tradição budista tibetana, seus principais professores vêm reencarnando repetidas vezes para manter vivos os ensinamentos e as tradições.
Ao longo de sua história de 1300 anos, o Monastério Thrangu já foi destruido duas vezes. A primeira foi há 245 anos, por um grande terremoto, e daquela vez como agora o templo principal não foi destruido. Na época pensou-se em reconstruí-lo em outro local, mas a decisão final foi de mantê-lo lá mesmo e ele ganhou o título de "vitorioso sobre os obstáculos dos quatro elementos". A segunda vez foi durante a Revolução Cultural, arrasado pela Guarda Vermelha – a permissão para reconstruir só veio em 1982. A partir daí, um enorme esforço para a reconstrução foi feito por monges e pela escassa população da região de Jyekundo. Até o terremoto, além do monastério, ali funcionava também uma universidade de filosofia e lógica, um centro de retiro e uma escola primária para jovens. Duzentos e cinquenta monges e 65 crianças moravam no local.
O número de mortos no monastério passa de 40, mas há dezenas de monges desaparecidos.

Khenpo Karthar Rinpoche Speaks About the Earthquake

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Uma mensagem do Venerável Khenchen Thrangu Rinpoche



Há muitos desastres provocados pelos quatro elementos – terremotos, incêndios florestais, ventanias e turbulência marítima – e com eles vêm também males e doenças. Em tempos assim, devemos ser cuidadosos e praticar o Dharma o máximo que pudermos.



Jyekundo, no Tibete, é uma região pequena com população escassa, mas é um local onde vivem muitos tibetanos e há muitos monastérios. No Monastério Thrangu, em Jyekundo, muitos lamas e monges – tanto os que estão fora como os que estão lá – colocaram imensos esforços durante longos anos. Esses esforços não foram apenas externos; foram também em termos de prática espiritual. Em termos de estudo e contemplação, foi fundada uma universidade monástica. Ela cresceu gradualmente e formou um corpo de estudantes e estudiosos, que são a fundação dos ensinamentos. Também foi construida uma escola primária para jovens estudantes.



Para a meditação, foi feito um centro de retiros para a prática das Seis Iogas de Naropa, onde monges se dedicam à prática. Outro centro de retiros para a prática de deidades que purificam os reinos inferiores, Sarvavid Vairocana and o proteror Akshobia, foi reformado e monges em retiro fazem suas práticas. Um centro de retiros de Mahakala foi construido durante a época do Karmapa Thekchok Dorje (1798-1868) e abriga uma estátua de Mahakala. Ali, práticas diárias têm sido feitas há muitas gerações. Além disso, havia um grande templo novo, onde eram feitas práticas diárias.



Agora esse terrível terremoto atingiu Jyekundo, Qinghai, e essas estruturas ruiram. Além disso, muitos monges morreram. É uma grande tragédia e um grande obstáculo. Por favor, pensem nisso e façam orações por todos os que se foram. Se vocês acumularem mérito ajudando no resgate e na restauração, poderão beneficiar o mundo em geral e, em particular, prevenir contra o desaparecimento do Dharma. É importante que a linhagem de ensinamentos e práticas não decline: sem uma linhagem de ensinamentos e práticas, o Dharma perecerá.



Algumas pessoas podem pensar que templos e monastérios não são muito importantes.



Há, no entanto, os seres sencientes transitórios e o meio ambiente duradouro. Com relação aos seres sencientes, pode haver muitos durante um tempo, inclusive grandes estudiosos e meditadores. Grandes lamas podem surgir. Pode haver muitos membros na Sangha, mas, assim como a água corre rio abaixo, cinquenta, sessenta, setenta ou oitenta anos depois eles estarão mortos e surgirá uma nova geração. Quando isso acontecer, mesmo que haja uma forte linhagem de Dharma na geração anterior, não sabemos ao certo se ela continuará na geração seguinte.



A maneira pela qual uma linhagem pode continuar de geração a geração é ter um meio ambiente adequado e estável. Quando há o ambiente de um monastério com um templo, um centro de retiros e uma universidade monástica, então, por causa do local, a Sangha, grandes lamas e grandes meditadores podem morrer, mas sua atividade terá continuidade e estará sempre presente.



Por isso é fundamental a restauração de monastérios. Se monastérios se tornarem ruinas, o meio ambiente também se deteriora e os moradores gradualmente desaparecem. O Budismo não será capaz de se manter durante muito tempo nesse mundo. Mas se um monastério segue existindo, grandes lamas e seus professors podem exercer, durante todas as suas vidas, vasta atividade pelo Dharma. Um grupo de estudantes se reunirá; os lamas ensinarão os estudantes e todos praticarão. Aos poucos, os estudantes vão passar a primeira parte de suas vidas estudando e praticando o Dharma e a última parte mantendo, protegendo e difundindo o Budismo. Quando essa geração se for, uma nova geração pode continuar seu trabalho, mantendo, protegendo e difundindo os ensinamentos, que se manterão vivos. Por isso templos e Sangha são tão importantes.



Se patrocinadores puderem fazer contribuições e ajudar de maneira modesta ou grande, será maravilhoso. Nós passamos esta vida acumulando riquezas e bens e algumas vezes isso pode ser significativo, mas outras vezes pode haver o risco que isso se torne o palco de conflito e disputa. Por essa razão, eu peço a todos os leais benfeitores que ajudem da maneira que puderem.



—Khenchen Thrangu Rinpoche








Um comentário:

Anônimo disse...
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