quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
30 anos de “Blade Runner”
Vermelho
www.vermelho.org.br
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Quando a ficção científica se transforma em realidade. O filme de Riddley Scott se transformou num ícone de um futuro terrível e, hoje, muito do que ele registrou em forma artística passou a fazer parte do cotidiano de uma sociedade globalizada, empobrecida e ameaçadora.
Por Paco Arnau
Quase 30 anos depois de sua filmagem, em 1981, Blade Runner – produção norte-americana dirigida pelo britânico Ridley Scott estreada em junho do ano seguinte – é um filme que resistiu à passagem de três décadas “sem despentear-se” e tem sido considerado ela melhor crítica do gênero de ficção científica como uma obra prima em toda a extensão do termo, por muito que a Academia de Hollywood não tenha pensado o mesmo ao não lhe conceder nenhum dos Oscars de 1982 (teve apenas duas indicações no ano da estreia).
Sem dúvida, para a imensa maioria dos cinéfilos e aficionados do gênero, muitos dos quais seguramente perderam a conta das vezes que o assistiram, Blade Runner não é apenas um filme a mais de ficção científica, e inclusive vai além do clichê de filme “cult”: é “o filme”. Sem esquecer, claro, 2002 Uma Odisseia no Espaço, a obra prima de Kubrick de 1968 e verdadeiro ponto de inflexão de uma nova época na sétima arte.
O roteiro de Blade Runner é um trabalho coletivo inspirado – embora não baseado em estrito senso – no romance publicado em 1968 (o mesmo ano da estreia de 2001 Uma Odisseia no Espaço) – Sonham os androides com ovelhas elétricas? (Do androids dream of electric sheep?, no título original) do escritor norte-americano Philip Dick que, infelizmente, não chegou a assistir ao filme pois faleceu apenas três meses antes da estreia nos EUA.
A trilha sonora é de Vangelis, o conhecido e magistral compositor grego de música eletrônica. Os cenários e a ambientação estão baseados nos trabalhos da excelente geração de autores de histórias em quadrinhos dos anos 70 e 80, entre os quais se destaca Jean Giraud, desenhista francês reconhecido internacionalmente como Moebius e um dos principais autores da revista cult Métal hurlant (Heavy Metal em sua versão em outros países, como Espanha, Alemanha, Grã Bretanha, Brasil ou EUA).
É um filme de contrastes. A estética, as roupas e a ambientação de Blade Runner criaram tendência e ainda hoje parece “moderna”... ou pós-moderna. Uma mistura explosiva de vintage, afterpunk e futurismo... Brilhante arquitetura de vanguarda do século 21 sobre uma camada “sedimentar” de avantajados edifícios de cortiços de princípios do século 20. Elegantes trajes e penteados que homenageiam a moda da década de 1940 junto a quinquilharias póspunkies. Sofisticados veículos aero terrestres desviando-se de massas de pessoas que só podem deslocar-se a pé em uma macroconurbação onde não há transporte público... Tudo isso manchado de uma obscuridade nevoenta provocada pela contaminação de poços de petróleo que esgotam as últimas reservas californianas em pleno solo urbano desta cidade fundada pelos espanhóis como Nossa Senhora de Los Ángeles em 1781. Os detalhes nos adereços e na decoração beiram à perfeição.
Sem necessidade de recorrer ao abuso de efeitos especiais (enfeites baratos usados para esconder a debilidade do argumento na maioria dos fracos filmes que estreiam na atualidade) apenas com profissionalismo e boa qualidade cinematográfica, Blade Runner consegue deslumbrar e surpreender cena após cena.
A direção desta grande produção da Warner esteve a cargo, como já dissemos, do britânico Ridley Scott (Inglaterra, 1937), um verdadeiro virtuose da telona que não precisa de apresentação e que também foi autor de filmes imperecíveis com Alien (1979, outra obra prima de referência obrigatória no pouco prolífico gênero da ficção científica), Thelma & Louise (1991) ou Gladiador (2000), entre outras.
Sob suas ordens atuou em Blade Runner um conjunto de atores encabeçado pelo protagonista Harrison Ford no papel de Rick Deckard (trabalho responsável pela consagração definitiva de Ford como estrela internacional) e o “holandês errante” Rutger Hauer, que fez o papel do líder dos androides replicantes Roy Batty; junto ao lado de outros de carreiras mais ou menos irregulares: uma jovem e belíssima (beirando os cânones da perfeição) Sean Young no papel da glamourosa Rachael, a também jovem e linda Daryl Hannah no papel da replicante Pris, e Edward James Olmos, representando o misterioso, sinistro e intrigante detetive Gaff do LAPD.
O contexto social e “histórico” é verossímil porque hoje ele já não parece ficção científica. Não nos estenderemos sobre o argumento de Blade Runner. A ação se desenrola na obscura, caótica, empobrecida e contaminada grande metrópole californiana de Los Angeles no final de 2019 ou princípios de 2020, centro de poder de grandes multinacionais privadas que se converteram, substituindo o Estado, em donas e senhoras da vida (humanas ou humanoides), fazendas e tudo de tudo o que acontece... No início da década de 1980, quando o filme foi rodado, era um futuro distópico, ou utopia perversa (na época a correlação de forças econômicas e sociais globais era certamente diferente da de hoje). Hoje, é mais verossímil, menos distópico e em boa medida descritivo do mundo atual.
As ineficientes e hostis, embora muito lucrativas e onipotentes grandes multinacionais privadas já superam com folga a metade do PIB planetário e também o de muitas nações e também – em consequência – detém o poder real em grande parte deles. As chamadas democracias ocidentais e seus empobrecidos países satélites, sejam vassalos ou submetidos à ocupação e à guerra, como podemos constatar dia a dia.
Deixando de lado os avanços nos campos científicos e tecnológicos que se refletem o 2019 de Blade Runner, e é altamente improvável que os vejamos chegar na próxima décadas, esse mundo empobrecido cujos desígnios dirigem oligopólios privados dominados por um punhado de criminosos a partir de suas torres de cristal opaco (que este filme descreveu tão bem como ficção científica na época em que foi rodado) se parece muito ao mundo atual, nesta etapa de retrocessos sociais globais que teve início no final dos anos 80 e início dos 90 como acontecimentos históricos europeus de consequências nefastas para o planeta e para nossas gerações.
Certamente é por isso que Blade Runner não envelheceu com a passagem de praticamente três décadas desde sua estreia. Sem esquecer, claro, sua excelência desde o ponto de vista artístico, algo que não deixa de surpreender por mais que revisitemos esta obra prima... É por isso que, para terminar, deixamos uma pergunta no ar: por que já não se fazem filmes como este?
Serviço:
No original deste texto podem ser encontrados fotogramas de censas, fotografias de produção e outros recursos gráficos inéditos relacionados com Blade Runner
Fonte: ciudad-futura.net
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
Imagem de inseto preso em resina vence concurso de fotografia científica
DA BBC BRASIL
A imagem de um inseto capturado por uma gota de resina foi a vencedora do concurso espanhol Fotciencia 2010, criado pelo Conselho Superior de Pesquisas Científicas e pela Fundação Espanhola para Ciência e Tecnologia, na Espanha.
Fotciencia 2010/Pedro Ramos
Imagem de inseto preso em resina, captada por Pedro Ramos, vence concurso de fotografia científica na Espanha
Segundo o autor Pedro Ramos, a foto registra o início de um processo que dura milhões de anos e que tem uma importância fundamental para o conhecimento de alguns seres já extintos que tiveram seu DNA preservado pelo âmbar.
O objetivo do concurso é aproximar a ciência e a tecnologia dos cidadãos comuns através da visão artística e estética presente nas imagens científicas.
Qualquer pessoa maior de idade pode participar em duas categorias: Micro, quando a dimensão do objeto é menor ou igual a 1 mm ou a foto foi tirada com microscópio, ou Geral, para os demais casos
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
Rogel Samuel: O SOL E O MAR
Voltamos ao Verão. Vem o verão. Volto ao início dos "Cantos" de Ezra Pound:
E pois com a nau no mar,
Assestamos a quilha contra as vagas
E frente ao mar divino içamos vela
No mastro sobre aquela nave escura,
Levamos as ovelhas a bordo e
Nossos corpos também no pranto aflito,
E ventos vindos pela popa nos
Impeliam adiante, velas cheias,
Por artifício de Circe,
A deusa benecomata.
Que é o mesmo mar de Camões, que diz:
Já no largo Oceano navegavam,
As inquietas ondas apartando;
Os ventos brandamente respiravam,
Das naus as velas côncavas inchando;
Da branca escuma os mares se mostravam
Cobertos, onde as proas vão cortando
As marítimas águas consagradas,
Que do gado de Próteo são cortadas
Mas um poeta desconhecido de (quase) todos, Sebastião Norões, escreveu um soneto perfeito, exemplar, único, sobre o mar, o «Mar da memória»:
Eu quero é o meu mar, o mar azul.
Essa incógnita de anil que se destrança
em ânsias de infinito e me circunda
em grave tom de inquietude langue.
O mar de quando eu era, não agora.
Quando as retinas fixavam tredas
a incompreensível mole líquida e convulsa.
E o pensamento convidava longes,
delimitava imprevisíveis rumos
viagens de herói e de mancebo guapo.
Quando as distâncias fomentavam sonhos.
Rebenta em mim essa aspersão tamanha
que a imagem imatura concebeu
de quando o mar era meu, o mar azul.
No verão, o brilho intenso, os ares claros, as nuvens brancas. O outono, a primavera.
Quando jovem, eu morava perto do Arpoador. Tínhamos domingos de sol, de verão.
O sol está ficando forte, vem o verão, a vida, as canções. O brilho intenso do passado estandartiza, nos ares, as claras visões dos cânticos do outono. O verão é o mar, que se vai abrir para o amor. É quando se espera amar. E o mar, o mar azul, «essa incógnita de anil que se destrança / em ânsias de infinito e me circunda / em grave tom de inquietude langue».
Todo verão é assim, esqueço, me esqueço, penso que ainda sou muito jovem. Me lembro dos dias de verão de Copacabana e do Pier de Ipanema. Quem tem sonhos não morre. « O mar de quando eu era, não agora. / Quando as retinas fixavam tredas / a incompreensível mole líquida e convulsa. / E o pensamento convidava longes.»
O mar sempre convida longes. Sempre atravessa o horizonte. Delimitando «imprevisíveis rumos / viagens de herói e de mancebo guapo.»
Naquele tempo acampávamos em praias desertas, e em desertas praias amávamos.
Um dia, em Búzios, um grande e luxuoso barco ancorou na praia onde acampávamos na noite de Reveillon. À noite podíamos ver as mulheres elegantes, os garçons, as champanhas. Fogos de artifícios. Ao nascer do sol, alguns vieram num note menor até a praia. Algumas mulheres, de vestidos longos e brancos, jogaram-se no mar. Outras, completamente nuas. Era Era de 60, onde tudo era permitido. Nas « marítimas águas consagradas, / Que do gado de Próteo são cortadas. »
E «nossos corpos também no pranto aflito, / E ventos vindos pela popa nos / Impeliam adiante, velas cheias». Sim, sim. « Por artifício de Circe, / A deusa benecomata.»
Norões nasceu no dia 7 de março de 1915, em Humaitá, Rio Madeira, Amazonas. Estudou em Fortaleza, daí sua fixação no Mar. Aos 18 anos volta para Manaus, faz a Faculdade de Direito. Foi meu professor no Colégio Estadual. Foi Chefe de Polícia do Estado onde (dizem) protegeu Jorge Amado. Membro do Clube da Madrugada, da Academia Cearense de Letras. Era professor de Geografia.
A geografia do Mar.
Quando éramos jovens, Norões foi nosso professor e Mestre. Posso vê-lo, atrás das baforadas de cigarro. As lentes grossas. Norões impressionava, carismático, culto. Nunca pensei que faria sua “apresentação”, anos mais tarde. Há poucos anos escrevi um prefácio para a segunda edição de seu livro «Poesia Freqüentemente», de 1956. E é uma surpresa sempre que releio seu livro, sua poesia está mais viva ali, sua poesia é azul, lá onde o horizonte mergulha. E desponta.
O mar azul.
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
FELIZ NATAL
Meu Natal
Rogel Samuel
Não fui feliz na infância. Menino triste, doentio, solitário. Tive até poliomielite. Sou e estou muito melhor agora, na velhice. Nunca conheci a felicidade do que minha amiga X designa de “aconchego familiar”. Ela me atribuiu isso. Engano dela. Comecei a ser feliz quando, aos 18 anos, vim sozinho para o Rio de Janeiro. Mas gosto muito de Natal. (leia a continuação em:)
http://www.blocosonline.com.br/home/index.php
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
sábado, 18 de dezembro de 2010
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
FOTO
The legendary architectural photographer Julius Shulman (1910-2009) once said, “Whether we recognize it or not, we all live in a world of architecture.” Shulman would have celebrated his 100th birthday on Oct. 10, and to mark the occasion, the Julius Shulman Institute — which was founded in 2005 at Woodbury University in Burbank, Calif. — will present “Image.Architecture.Now,” an exhibition and symposium that explore the intersections between architecture and photography.
Just as Shulman’s own distinctive vision defined his remarkable body of work, the exhibition’s curator, Audrey Landreth, believes that a photograph is defined by its photographer’s eye rather than by the building it depicts. The work of the 10 photographers that she selected for the show reveals just how many ways there are to capture architecture through the lens. Featuring both well-known names (James Welling, Catherine Opie) and emerging artists (Chris Mottalini, Victoria Sambunaris), “Image.Architecture.Now” showcases each photographer’s personal exploration of space and human experience, from the grand and glorious to the poignant and devastating.
“375 Lexington” by Jason Schmidt, a frequent contributor to T, frames a diminutive human figure against the monumental scale of Midtown Manhattan, while Sze Tsung Leong shows how history and progress coexist, often uncomfortably, in contemporary Chinese cities. Iwan Baan, who almost always includes people in his work and is best known for his lively images of Herzog and de Meuron’s National Stadium in Beijing, will receive the institute’s first annual Julius Shulman Photography Award. At an Oct. 9 symposium, several of the photographers will discuss their approaches with the architects whose work is their subject matter.
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FOTO
“Hedonism is not just about all-night partying, it is the pursuit of pleasure in everyday life,” Fleur Britten tells me as we sip our herbal teas in the sun outside the hipster/gay hangout Dalston Superstore. As the editor of “A Hedonist’s Guide to London,” Britten has made it her job to know how to enjoy living in that city, and is taking me on a design tour of some of her favorite hangouts.
There is a new mood on the hedonist scene, away from shiny, overdesigned venues to something more appropriate for the times. You could call it “austerity chic,” but do not confuse it with cheap. Britten says that it mirrors fashion: “Purchasing a full catwalk look and outwardly spending lots of money is now considered vulgar and shows no inventiveness. In the same way, an interior that just looks expensive and like every other ‘trendy’ bar is just not good enough anymore. People enjoy spaces that show some personality and soul.” The shift means that aggressive design and unnecessary accouterments, like tricky lighting walls, are definitely out. The Met Bar is no longer the desirable place it once was, and the glossy Buddha Bar went bust in May, less than two years after it opened. Instead the look is deconstructed, un-glossed and a little bit messy. While the aesthetic may change from place to place, the components favor the use of salvaged and “preloved”materials.
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You could spend the last weekend before Christmas running all over Manhattan, hunting for the perfect gift, infecting yourself with decidophobia. Or you could let T do all the hard work. Here are three promising sources for those in need of last-minute gifts that combine value, intrigue and art.
The first stop, tucked away among the galleries in Chelsea, is the Poster Shop. It’s situated atop the rehabbed 19th-century fire station that houses the Matthew Marks Gallery. Inside the loftlike space, there’s an eclectic range of original posters, books and artworks. You can pick up an Inez van Lamsweerde original gallery show poster for a measly $30 — or, even better, a poster from a 2007 Nan Goldin show for $20. Posters or prints that are signed by the artist, like this one by Robert Adams, will set you back around $200.
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
NO FAMOSO BLOG DO ROCHA
NOSSO "O AMANTE DAS AMAZONAS" GANHOU REFERÊNCIA
NO FAMOSO BLOG DO ROCHA, LEIA EM:http://jmartinsrocha.blogspot.com/2010/12/cidade-de-manaus-passado-presente-e.html
SBT cutuca monopólio da TV Globo
Por Altamiro Borges
Mentido numa grave crise, o Grupo Silvio Santos resolveu chutar o pau da barraca na disputa por mais espaço na televisão comercial. Nem vacilou em explicitar o racha na Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV (Abert), que é hegemonizada pela Rede Globo. Em comunicado oficial divulgado nesta terça-feira (14), o SBT fez duras críticas ao PLC-116, projeto de lei que cria novas regras para a TV por assinatura.
Na sua avaliação, a iniciativa em tramitação no Congresso Nacional irá favorecer o monopólio global. Declarando pela primeira vez que "é contra a propriedade cruzada, contra a publicidade na TV paga, e é a favor da produção independente", a emissora de Silvio Santos firma sua oposição ao PLC. "Para estimular a competição e garantir a pluralidade da informação e dos conteúdos é necessário que existam mecanismos para o controle, de fato, da propriedade cruzada, especialmente para evitar formação de monopólios e/ou oligopólios".
Publicidade na TV a cabo
Contrapondo-se às ambições das Organizações Globo, a SBT afirma ainda que não deve ser permtida a veiculação de publicidade na TV a cabo, uma vez que o setor "já têm na assinatura e na venda de serviços fonte adequada de financiamento, reservando-se desta forma a publicidade para financiamento dos serviços de comunicação social". Para o SBT, este mecanismo privilegiaria a concorrente. Numa cutucada explícita, ele cita uma "TV aberta que sozinha abocanha 80% das verbas publicitárias do setor".
O SBT se coloca ainda favorável ao estabelecimento de cotas para exibição de canais e obras audiovisuais brasileiras nos serviços de TV paga e rejeita qualquer tipo de restrição à produção de conteúdo por parte das empresas de operação dos serviços de TV paga. "Para a emissora, qualquer pessoa física, ou jurídica, independentemente do setor em que atua, tem o direito de produzir, adquirir ou financiar conteúdos de qualquer natureza", diz a nota.
http://altamiroborges.blogspot.com/
Plenos poderes
O Parlamento da Venezuela aprovou nesta terça-feira um projeto de lei que concede ao presidente venezuelano, Hugo Chávez, plenos poderes para governar por decreto durante um ano.
A lei habilitante foi aprovada por 157 votos a favor e 5 votos contra na primeira discussão na Assembleia Nacional. Agora o projeto segue para uma consulta pública e deve ser sancionada, sem dificuldades, na próxima quinta-feira.
A medida permitirá a Chávez legislar nas áreas de moradia, infra-estrutura, terras urbanas e rurais, economia, defesa e cooperação internacional. O Executivo argumenta que a medida busca acelerar decisões para enfrentar a crise ocasionada pelas fortes chuvas que assolam o país e que já deixaram um saldo de mais de 30 mortos e pelo menos 130 mil desabrigados.
"A situação continua sendo crítica e necessitamos atendê-la com um conjunto de leis", afirmou Chávez, nesta terça-feira, enquanto visitava um refúgio de desabrigados, acompanhado do presidente do Equador, Rafael Correa.
De acordo com o vice-presidente, Elias Jaua, "quase 40% do país foi afetado" pelas chuvas. "É muito grave o que aconteceu e a oposição tenta minimizar isso", acrescentou Jaua, logo depois de entregar o projeto de lei ao Parlamento, em Caracas.
Para a oposição, Chávez não precisaria de poderes especiais para atender a emergência e estaria utilizando esse argumento para incrementar o peso do Estado em outras áreas. "Isso é um engano para todo nosso povo", afirmou o governador opositor Capriles Radonski.
Para o deputado eleito Alfonso Marquina, a lei habilitante "é um ato ilegítimo que pretende continuar concentrando o poder na figura do presidente", afirmou Marquina à BBC.
Novo parlamento
Chávez ganha plenos poderes para governar a menos de um mês para a renovação do Parlamento. A partir de 5 de janeiro, a bancada chavista não contará mais com a maioria absoluta que lhe permitiu, durante cinco anos, aprovar com facilidade todas as reformas aplicadas neste período.
No ano que vem, o governo continuará contando com a maioria das 165 cadeiras no Congresso, porém, não poderá aprovar leis orgânicas sem o aval de parte dos 65 deputados opositores, eleitos
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
Chuva de granizo surpreende
Fenômeno não muito frequente em Manaus ou mesmo no interior do Estado, a chuva de granizo surpreendeu moradores de algumas áreas da capital e do município de Itacoatiara. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e o Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) confirmam que em áreas isoladas de Manaus ocorreu chuva de granizo, especificamente aquelas situadas na orla do Rio Negro, na Zona Sul. Os ventos, de acordo com os dois órgãos, chegaram a 28kmh
Especialista em meteorologia, a chefe do 1º Distrito do Inmet, Lúcia Gularte diz que há dias a capital está encoberta por uma nuvem de 15km de espessura. Em seu interior a tempera é de -80 graus centígrados, onde a água evaporada se transforma em gelo. Quando há ocorrência de vários dias de calor, como aconteceu semana passada, durante uma chuva como a de hoje o cristal de gelo não consegue derreter antes de chegar ao chão.
MEC define diretrizes para o Ensino Fundamental
FOTO A. CESAR ARAUJO
MEC define diretrizes para o Ensino Fundamental de 9 anos
O Ministério da Educação (MEC) homologou as diretrizes para o Ensino Fundamental de nove anos, elaboradas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), tornando-se resolução número 7 de 2010. O texto deverá servir de base para a elaboração do currículo em todas as escolas do País já no início de 2011. O ponto central é a definição dos três primeiros anos do Esino Fundamental como um único ciclo, que não tenha reprovação, mas que não tenha aprovação automática. Trata-se de um imenso avanço, algo que venho propagandeando neste blog.
Sobre os Princípios:
Éticos: de justiça, solidariedade, liberdade e autonomia; de respeito à dignidade da pessoa humana e de compromisso com a promoção do bem de todos, contribuindo para combater e eliminar quaisquer manifestações de preconceito e discriminação.
Políticos: de reconhecimento dos direitos e deveres de cidadania, de respeito ao bem comum e à preservação do regime democrático e dos recursos ambientais; de busca da equidade no acesso à educação, à saúde, ao trabalho, aos bens culturais e outros benefícios; de exigência de diversidade de tratamento para assegurar a igualdade de direitos entre os alunos que apresentam diferentes necessidades; de redução da pobreza e das desigualdades sociais e regionais.
Estéticos: de cultivo da sensibilidade juntamente com o da racionalidade; de enriquecimento das formas de expressão e do exercício da criatividade; de valorização das diferentes manifestações culturais, especialmente as da cultura brasileira; de construção de identidades plurais e solidárias.
Objetivos
Propiciar o desenvolvimento do educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe os meios para que ele possa progredir no trabalho e em estudos posteriores, segundo o artigo 22 da Lei nº 9.394/96 (LDB), bem como os objetivos específicos dessa etapa da escolarização (artigo 32 da LDB), devem convergir para os princípios mais amplos que norteiam a Nação brasileira.
A peculiaridade desta etapa de desenvolvimento
Nos anos iniciais do Ensino Fundamental, a criança desenvolve a capacidade de
representação, indispensável para a aprendizagem da leitura, dos conceitos matemáticos básicos e para a compreensão da realidade que a cerca, conhecimentos que se postulam para esse período da escolarização. O desenvolvimento da linguagem permite a ela reconstruir pela memória as suas ações e descrevê-las, bem como planejá-las, habilidades também necessárias às aprendizagens previstas para esse estágio. A aquisição da leitura e da escrita na escola, fortemente relacionada aos usos sociais da escrita nos ambientes familiares de onde veem as crianças, pode demandar tempos e esforços diferenciados entre os alunos da mesma faixa etária. A criança nessa fase tem maior interação nos espaços públicos, entre os quais se destaca a escola. Esse é, pois, um período em que se deve intensificar a aprendizagem das normas da conduta social, com ênfase no desenvolvimento de habilidades que facilitem os processos de ensino e de aprendizagem.
Currículo
O acesso ao conhecimento escolar tem, portanto, dupla função: desenvolver habilidades intelectuais e criar atitudes e comportamentos necessários para a vida em sociedade. O aluno precisa aprender não apenas os conteúdos escolares, mas também saber se movimentar na instituição pelo conhecimento que adquire de seus valores, rituais e normas, ou seja, pela familiaridade com a cultura da escola.
O currículo da base nacional comum do Ensino Fundamental deve abranger obrigatoriamente, conforme o artigo 26 da LDB, o estudo da Língua Portuguesa e da Matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente a do Brasil, bem como o ensino da Arte, a Educação Física e o Ensino Religioso.
Os componentes curriculares obrigatórios do Ensino Fundamental serão assim organizados em relação às áreas de conhecimento:
I – Linguagens:
a) Língua Portuguesa
b) Língua materna, para populações indígenas
c) Língua Estrangeira moderna
d) Arte
e) Educação Física
II – Matemática
III – Ciências da Natureza
IV – Ciências Humanas:
a) História
b) Geografia
V - Ensino Religioso
O Ensino Fundamental deve ser ministrado em língua portuguesa, mas às
comunidades indígenas é assegurada também “a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem” (Constituição Federal, art. 210, §2º, e art. 32, §3º da LDB).
OS OLHOS TUDO PODEM
Poema Dos Olhos Da Amada
Vinicius de Moraes
Composição: Vinicius de Moraes / Paulo Soledade
Oh, minha amada
Que os olhos teus
São cais noturnos
Cheios de adeus
São docas mansas
Trilhando luzes
Que brilham longe
Longe nos breus
Oh, minha amada
Que olhos os teus
Quanto mistério
Nos olhos teus
Quantos saveiros
Quantos navios
Quantos naufrágios
Nos olhos teus
Oh, minha amada
Que olhos os teus
Se Deus houvera
Fizera-os Deus
Pois não os fizera
Quem não soubera
Que há muitas eras
Nos olhos teus
Ah, minha amada
De olhos ateus
Cria a esperança
Nos olhos meus
De verem um dia
O olhar mendigo
Da poesia
Nos olhos teus
Mona Lisa guarda em pupila a chave de sua identidade, segundo nova teoria
Seg, 13 Dez, 12h09
Londres, 13 dez (EFE).- A Mona Lisa de Leonardo da Vinci guarda em sua pupila esquerda a clave da identidade da modelo em que o pintor se inspirou, segundo o investigador italiano Silvano Vinceti, cujas teorias são divulgas nesta segunda-feira pelo jornal "The Guardian".
De acordo com Vinceti, que é presidente da comissão nacional de patrimônio cultural em seu país, o gênio renascentista, amante dos códigos, pintou uma série de letras pequenas nas duas pupilas de Mona Lisa.
"Invisíveis ao olho humano e pintadas em preto sobre verde e marrom, estão as letras LV em sua pupila direita, obviamente as iniciais de Leonardo, mas o mais interessante está em sua pupila esquerda", afirma o investigador, em declarações recolhidas pelo jornal.
Vinceti mantém que no olho aparecem as letras "B" e "S", além de, possivelmente, as iniciais "CE", o que considera de vital importância para averiguar a identidade da modelo.
Esta foi identificada frequentemente como Lisa Gherardini, a esposa de um mercador florentino, mas o investigador italiano não está de acordo, já que mantém que a Mona Lisa foi pintada em Milão.
"Atrás do quadro aparecem os números 149, com um quarto número médio apagado, o que sugere que Da Vinci o pintou quando estava em Milão na década de 1490, usando como modelo uma mulher da corte de Ludovico Sforza, o duque de Milão", declara ao jornal.
"Leonardo gostava de utilizar símbolos e códigos para transmitir mensagens, e queria que descobríssemos a identidade da modelo através de seus olhos", prossegue o italiano, que deve detalhar suas conclusões no próximo mês.
O mistério da Mona Lisa já foi objeto de teorias também na ficção, como no caso do romance "O Código Da Vinci", na qual o autor, Dan Brown, sugere que o nome é um anagrama para Amon l'Isa, em referência a antigas divindades egípcias. EFE
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
MERCEDES DE OURO
Gold Mercedes C63
This United Arab Emirates-registered gold-mirror-finish Mercedes-Benz C63 AMG was caught at the Bling on Wheels Show, otherwise known as the valet area at the Mall of the Emirates in Dubai. While we have nothing untoward to say about someone who decks out his/her ride in any manner desired, we are always intrigued when someone looks to have spent the worth of a car – on top of the price of the car itself – on "beautification."
There is some debate as to whether this is a real paint job or a wrap, but parking your gold-wrapped C63 next to a genuinely chrome SLR would be shamefully ludicrous. A C63 AMG goes for about 300,000 AED (about $82,000 USD). Unless gold paint bubbles out of the ground as well, a liquid gold paint job has to cost a good portion of that.
sábado, 11 de dezembro de 2010
Salvar o gatinho: leopardo amur
A Rússia ofereceu à China criar uma reserva natural conjunta para ajudar a salvar o leopardo amur, felino mais raro do mundo e espécie ameaçada de extinção.
"Nós enviamos nossas propostas à China", disse neste sábado o vice-premiê Sergei Ivanov, responsável por um programa estatal para salvar a espécie.
Joerg Sarbac
Filhote fêmea de leopardo amur é exibido no Parque Serengeti, em Hodenhagen, na Alemanha
Ivanov disse que o habitat destes leopardos caiu para a metade nos últimos 20 anos e restam apenas 30 ou 35 deles no extremo leste da Rússia, além de dez nas vizinhas China e Coreia do Norte.
"O leopardo amur está à beira da extinção", disse Ivanov à Sociedade Geográfica Russa, acusando caça, exploração madereira e incêndios florestais.
Ivanov destacou algumas das propostas, como a construção de um túnel de US$ 100 milhões para evitar a construção de estradas e o desmatamento excessivo do habitat dos leopardos.
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
ASSALTO À CATEDRAL DE MANAUS
Dois dos suspeitos entraram e se fingiram de fiéis antes de fazer seis pessoas de refém na secretaria da igreja.
Dupla esperou o movimento da igreja diminuir para agir.
Foto: Caio Pimenta
Manaus - Parte do dinheiro arrecadado no primeiro dia de arraial da Catedral Metropolitana de Manaus, no Centro, cerca de R$ 6 mil, foi roubada ontem por dois homens armados. Eles invadiram a secretaria da igreja e fizeram seis pessoas reféns por cerca de cinco minutos.
As informações são do secretário paroquial Paulo Henrique Santos, 42, que foi vítima dos assaltantes. Segundo ele, o crime ocorreu por volta de 11h30. Havia seis pessoas na secretaria. Todas elas foram amarradas com fios elétricos. O vigário-geral de Manaus, padre José Sabino, não estava na igreja no momento do assalto. O dinheiro, que estava sendo preparado para ser depositado no banco foi levado pelos suspeitos, que fugiram à pé. “Toda a quantia era depositada em partes para não chamar a atenção de ladrões dentro do banco. Mas fomos surpreendidos aqui dentro da igreja”, disse. Paulo afirmou que a maior parte do dinheiro arrecadado no arraial já havia sido depositada quando ocorreu o assalto.
O comandante da 1ª Companhia Interativa Comunitária (1ª Cicom), major da Polícia Militar (PM) Darcelo Gomes, contou que os suspeitos entraram na igreja e ficaram sentados num banco observando, de longe, o entra e sai de pessoas da secretaria. Quando o local ficou menos movimentado, eles se passaram por fiéis em busca de informações sobre agendamento de um batizado. “Quando eram atendidos pelo secretário da paróquia, anunciaram o assalto. Os bandidos fizeram isso para evitar gritaria”, afirmou.
Segundo o major, um terceiro suspeito estava no lado de fora da catedral dando cobertura aos comparsas. O crime foi registrado ontem à tarde na Delegacia Especializada em Robos, Furtos e Defraudações (DERFD).
Ilya Kaminsky
Paul Celan
He writes towards your mouth
with his fingers.
In the lamplight he sees mud, wind bitten trees,
he sees grass still surviving this hour, page
stern as a burnt field:
Light was. Salvation
he whispers. The words leave the taste of soil
on his lips.
"Paul Celan" previously appeared in Tikkun
Ilya Kaminsky
Elisabeth Murawski
Abu Ghraib Suggests the
Isenheim Altarpiece
Arms behind him shackled to the wall,
Jamadi’s knees buckle. He lands on air.
Let us reposition him to stand erectly,
homo sapiens, place the irons higher up
on the window bars. When again he falls
forward, hangs like Jesus from his wrists,
call it faking, possum-playing. Persist.
Lift him up on legs that ragdoll-sag
into a third collapse, the effect
grotesque as Grunewald’s Christ: bones
about to pop from their sockets. The silence
curious, raise the hood that hid a face,
asphyxiation, wag a finger past the eyes.
It has begun, the turning of the skin
to purple, the indigo of Tyre and Sidon. Note
as he’s lowered to the floor, the stunning
rush of blood from nose and mouth,
the Red Sea. In this heat, let us blur
the time of death, pack the flesh in ice
like fish or meat, pretend he’s merely
sick, hooked to an I.V., a patient
on a stretcher. Destroy the crime scene.
Throw away the bloodied hood. It stings
with the quality of mercy.
Note: This poem is based on material in “A Deadly Interrogation” by Jane Mayer, The New Yorker, Nov. 14, 2005.
Elisabeth Murawski is the author of Zorba’s Daughter, which was selected by Grace Schulman for the 2010 May Swenson Poetry Award, Moon and Mercury, and two chapbooks, Troubled by an Angel and Out-patients. She was a Hawthornden fellow in 2008. Publications include The Yale Review, The Virginia Quarterly Review, Southern Review, Antioch Review, The New York Quarterly, et al. “Abu Ghraib Suggests the Isenheim Altarpiece” won the 2006 Ann Stanford Prize. She currently resides in Alexandria, VA.
Boto seduz Luciano Huck no Amazonas
Os botos e as lendas da Amazônia impressionaram o apresentador Luciano Huck que gravou em Manaus esta semana o programa Caldeirão . O apresentador postou no Twitter uma foto na qual aparece "no meio da floresta"acariciando um boto.
Luciano escolheu Manaus para gravar o quadro "A Festa é Sua" com 300 alunos da rede pública estadual de ensino e integrantes do Projeto Jovem Cidadão. A gravação ocorreu na terça-feira e o quadro vai ao ar no dia 25
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
Aretha Franklin, Facts & Statistics, pancreatic cancer
The Detroit News
"It has the worst prognosis of any major human malignancy. It is the most dreaded cancer to get."
—DR. DIANE SIMEONE, director of the Pancreatic Tumor Clinic at the University of Michigan, speaking about pancreatic cancer, for which singer Aretha Franklin is reportedly being treated [via The Detroit News]
Only 5% of those diagnosed with pancreatic cancer can expect to survive five years, and 36,800 Americans will die of the disease this year, according to the National Cancer Institute. Among celebrities, Patrick Swayze recently succumbed to it, though Steve Jobs and Ruth Bader Ginsburg have both successfully beaten the illness.
Aretha Franklin Cancels Concerts for the Next Six Months
“At the insistence” of the 68-year-old’s doctors, Aretha has had to cancel her upcoming appearances, BBC News reports.
Aretha was admitted to a Detroit hospital last month for unknown reason, but is now “resting comfortably” at home. She broke two ribs in a bad fall and had to cancel two concerts in August as a result.
But the singer wishes she could be on stage!
Aretha’s publicist said in a statement she is “very anxious to get back on the road to perform for her fans.”
“The award-winning songstress sends her sincerest apologies to her loyal followers and colleagues for the canceled shows.”
She will be missed!
Rafael Correa: "Vamos rumo a uma globalização descontrolada''
Vermelho
www.vermelho.org.br
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09/12/2010
O presidente equatoriano Rafael Correa manifesta, nesta entrevista, preocupação com a espionagem e as operações políticas reveladas pelo Wikileaks. Também fala sobre a tentativa de golpe que sofreu e o desenrolar da crise mundial. Para ele, a situação é grave, pois não se atacou a raiz do problema, que é o descontrole absoluto dos mercados em geral e, em particular, dos mercados financeiros.
"Isto é, vamos rumo a uma globalização, mas sem mecanismos de governança em nível mundial. É um absurdo ter um mercado mundial sem mecanismo de governança para esse mercado", denuncia na entrevista abaixo, concedida ao jornal argentino Página/12 e publicada no último dia 4, antes da Cúpula Ibero-americana de Mar del Plata.
Sorridente e relaxado, Rafael Correa parece ter desfrutado seu dia em Buenos Aires, que começou cedo com um doutorado "honoris causa" na Universidade de Buenos Aires e continuou com um encontro com membros da comunidade do seu país, a inauguração de uma rua em Puerto Madero que leva o nome da heroína equatoriana Manuela Sáenz, a apresentação do seu livro "Ecuador: de Banana Republic a la No República", em que respondeu a perguntas do público, incluindo as de Federico Luppi, Piero, Osvaldo Bayer e do economista Mario Rappoport.
Ao cair da noite, depois de uma coletiva com a imprensa local e estrangeira, ele concedeu uma entrevista exclusiva ao jornal Página/12. Veja abaixo:
Página/12: Qual sua opinião sobre os vazamentos do Wikileaks?
Rafael Correa: É algo terrível, muito grave. Traiu-se a confiança dos países amigos dos Estados Unidos. Vamos esperar um pouco mais. Pedimos relatórios de inteligência para ver até onde chega a gravidade do assunto e, em função disso, daremos as respostas pertinentes.
Página/12: Vai mudar a maneira de fazer diplomacia?
Rafael Correa: Sem dúvida. Depois do que aconteceu, deve ser muito mais cuidadosa para que não nos espiem, para que não estejam nos grampeando, para que não influenciem em nossa política externa, etc.
Página/12: Dos documentos que puderam ser vistos até agora, qual é o que mais lhe preocupa?
Rafael Correa: Até agora, nada. Talvez a ingenuidade dos EUA de pensarem que podem, por meio dessa querida amiga que é Cristina Fernández de Kirchner, influenciar para que o presidente Correa seja mais maduro, mais moderado, mais equilibrado em sua relação com a Colômbia. Isso revela o apoio incondicional que os EUA tiveram pela Colômbia, apesar de a Colômbia ter sido o agressor no bombardeio de Angostura.
A ingenuidade de pensar que uma querida amiga como Cristina ia me influenciar, ia se prestar a isso, para tratar de resolver o problema com a Colômbia, e não resolvê-lo com base no litígio, mas sim por meio de concessões do Equador. Nós não temos nada a temer. Que tirem o que quiserem de informações sobre o Equador. Em todo o caso, o que nos interessa mais é o que tentaram fazer conosco. Insisto, estamos recompilando essa informação.
Página/12: Chama-lhe a atenção que tenha havido tantos documentos sobre a Argentina?
Rafael Correa: Eu não tinha essa notícia, não posso opinar a respeito.
Página/12: A abstenção do Equador e da Bolívia na votação da OEA pelo conflito entre a Nicarágua e a Costa Rica marca uma ruptura com a Alba?
Rafael Correa: Não, isso incomoda um pouco. Nunca se votou na OEA, sempre se decidiu por consenso, por isso decidimos pelo mal menor, que foi nos abster. Mas a Nicarágua e a Costa Rica são países próximos, muito queridos pelo Equador, e o que esperamos é que esse impasse seja resolvido o mais rápido possível.
Página/12: Mudou alguma coisa com a crise ou o capitalismo se recompôs e é mais do mesmo?
Rafael Correa: O capitalismo se recompôs e há mais do mesmo. Sem dúvida, houve mudanças. Obama tomou muitas das mesmas medidas que o governo equatoriano havia tomado. Mas não se atacou a raiz do problema, que é o descontrole absoluto dos mercados em geral e, em particular, dos mercados financeiros. Isto é, vamos rumo a uma globalização, mas sem mecanismos de governança em nível mundial.
Então, é um absurdo ter um mercado mundial sem mecanismo de governança para esse mercado. Vamos ser vítimas desse mercado, e é o que estamos vivendo, porque não se atacou a raiz do problema. Podem-se injetar bilhões de dólares no sistema, mas não vai se resolver o problema se as sociedades estão submetidas ao mercado, e não o mercado submetido às sociedades humanas.
Página/12: O que mudou?
Rafael Correa: Muito pouco. Por exemplo, aqueles que viviam insultando o Estado tiveram que recorrer ao Estado para sair da crise. Mas, insisto, são reformas dentro do sistema. O sistema em si mesmo deve ser mudado em seus fundamentos.
Página/12: Quais são seus objetivos para a Cúpula de Mar del Plata ?
Rafael Correa: Tomara que consigamos acordos vinculantes, senão tudo fica em uma foto. Devemos conseguir uma cooperação mútua para melhorar indicadores qualitativos, não só os quantitativos da educação. Uma meta é conseguir currículos homogêneos para diversos países.
Página/12: Quem está freando o Banco do Sul?
Rafael Correa: (Risos) Não posso dizer, mas mostra-se muita falta de vontade em alguns países.
Página/12: Alguns dos mais poderosos?
Rafael Correa: (Ri outra vez) Mostra-se falta de vontade de alguns países.
Página/12: Depois da refundação, como se faz para continuar mobilizando, para manter a militância ativa?
Rafael Correa: Isso não se faz com uma Constituição. Isso se faz com organização, e isso nos faltava, sempre dissemos isso. Evo (Morales) veio das organizações sociais, Hugo (Chávez), do movimento Quinta República, nossa situação foi quase espontânea. Fomos poder, fomos governo sem essa estrutura política. Temos um grande capital político, mas não o estruturamos, não o mobilizamos. Por isso, somos vítimas fáceis de minorias com grande capacidade de mobilização.
Então, era um desafio, sabíamos disso desde o primeiro dia de governo, mas estávamos sobrepassados pelo trabalho de governar. Agora, felizmente, nesta segunda etapa de governo, o desafio era criar essa estrutura política, organizada, com capacidade de mobilização. Isso é precisamente o que começamos a fazer. No dia 14 de novembro, tivemos a primeira convenção nacional do nosso partido, Alianza PAIS. E estamos nisso. Ninguém vai parar a nossa revolução cidadã.
Página/12: Depois da tentativa de golpe há dois meses, suponho que o senhor tem muito interesse em fortalecer as instituições do país.
Rafael Correa: Bom, isso é o que viemos fazendo fortemente. O que acontece é que este é um novo Estado, não em função das burguesias e das elites, essas elites que manejam os meios de comunicação que dizem que estamos desinstitucionalizando o país.
O país estava desinstitucionalizado. Estamos institucionalizando-o, mas não em favor dessa gente. Quanto mais fortes forem as instituições, menos dependentes são das lideranças pessoais. Isso é o que todos desejamos, mas, enquanto isso, e em todos os países, as lideranças continuam sendo importantes.
Página/12: O senhor tem uma relação difícil com os líderes da principal organização indígena.
Rafael Correa: É que existe uma direção indígena bastante intransigente com a qual é impossível falar. E não queremos falar com eles porque são desrespeitosos, sem seriedade. Você pode chegar aos acordos mais claros, firmá-los, e eles descem as escadas e já estão se contradizendo. Defendem interesses corporativos, o espaço que têm na educação bilíngue, cotas de poder, não o bem comum.
Mas de nenhuma forma isso significa que não temos o apoio indígena. Temos um imenso apoio dos indígenas. Infelizmente, existe uma direção bastante intransigente, muito dura, que perdeu o rumo. Qual é seu projeto político? Não entendo. Até fazem coisas ridículas.
Querem me levar à Corte Interamericana de Direitos Humanos acusar-me de genocídio, de etnocídio, de xenofobia, ou seja, de ódio aos estrangeiros, quando minha esposa é estrangeira. Têm propostas inviáveis, como mais escolas, mais hospitais, mais construção, mas não ao petróleo, não à mineração, não ao monocultivo, etc. Então, como se obtém o que tanto pedem se não temos capacidade de gerar renda?
Página/12: O senhor foi muito crítico com a burocracia dos órgãos internacionais de crédito. Isso pode lhe prejudicar em sua tentativa de atrair investimentos ao Equador?
Rafael Correa: Nós queremos investimentos desde que cumpram com normas éticas. O problema é pensar que todo investimento estrangeiro é bom. Há investimentos que destroem os nossos países.
Também é um erro acreditar que o investimento estatal compete com o investimento privado. Todas as forças econômicas são necessárias: local e estrangeira, privada e estatal. Mas terminemos com o mito de que todo investimento estrangeiro é bom. É preciso ter regras muito claras, bons controles, senão acaba tirando mais do que dá.
Página/12: Surpreendeu-lhe a rapidez com que se recompuseram as relações com a Colômbia depois da saída de Uribe do governo desse país?
Rafael Correa: É que, precisamente durante dois anos, Uribe disse que não ia nos dar a informação simples à qual tínhamos direito. Por exemplo, de como se realizou o bombardeio (do acampamento das FARC no Equador), porque havia sérios rumores de que um terceiro país havia participado. Por exemplo, informação sobre os supercomputadores de Reyes que sobreviveram ao bombardeio, com base nos quais fizeram toda uma campanha de desprestígio e de vinculação com as FARC.
Uribe nunca cumpriu. Veio Juan Manuel (Santos), e, no mesmo dia da posse, ele me deu um disco rígido com um computador supostamente de Reyes. Depois, nos entregou toda a informação do bombardeio de Angostura. Então, há uma mudança drástica na vontade de dar satisfação legítima ao Equador frente à agressão que sofreu da Colômbia. Frente a esses sinais, frente ao cumprimento dos requerimentos, sem dúvida vamos normalizar as relações bilaterais sem jamais esquecer o passado, que é o melhor para o povo. Se você se refere ao fato de que houve uma mudança radical na política exterior colombiana, isso sim é surpreendente. Santos é muito inteligente.
Depois da Colômbia, os mais prejudicados pelo conflito colombiano somos nós, os países vizinhos. As tropas na fronteiras colombiana para frear os guerrilheiros e os paramilitares nos custam mais de 100 milhões de dólares por ano, além dos mortos e feridos. É um absurdo envolver países vizinhos no conflito colombiano para ganhar popularidade em casa. Santos mudou radicalmente essa política, e, em consequência, pudemos acelerar o processo de normalização das relações bilaterais.
Aretha Franklin luta contra câncer no pâncreas
RIO - Aretha Franklin está lutando contra um câncer no pâncreas. Na semana passada, cantora passou por uma cirurgia nos Estados Unidos, mas se recusou a revelar a razão. Na quarta-feira, o jornal americano "Detroit News" revelou que a diva de 68 anos havia sido diagnosticada com a doença.
De acordo com o Reverendo Jesse Jackson, amigo da cantora, Franklin está se "recuperando muito bem da cirurgia", mas não confirmou se a diva está mesmo com um câncer, limitando-se a dizer que Aretha "está otimista e de bm humor".
A saúde de Franklin, que é dona de sucessos como "Respect" e "I say a little prayer", tem sido alvo de muita especulação depois que a cantora recebeu ordens médicas para que cancelasse todos os shows e compromissos profissionais até maio do ano que vem.
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
Violência faz parte da vida de transexuais e travestis
Para Aureliano Biancarelli, casos de agressões por supostas razões homofóbicas, como os da avenida Paulista, em São Paulo, não são novidade
Por Suzana Vier, do Rede Brasil Atual
Os recentes casos de violência por suposta motivação homofóbica, como os que envolveram jovens na avenida Paulista, em São Paulo, em novembro passado, não são novidade na vida de travestis e transexuais, afirma o pesquisador e jornalista, Aureliano Biancarelli.
Autor do livro “A Diversidade Revelada”, que narra o dia a dia de transexuais e travestis, ele relata que a violência contra essas pessoas começa cedo, já na infância, e no interior da própria família e se repete na escola e ao longo de toda a vida.
“A violência é uma constância na vida delas. Começa com uma violência que é menos visível, mas mais danosa para a pessoa que é a violência dentro de casa”, pontua. Nem sempre travestis e transexuais sofrem violência física, mas em geral passam pela exclusão familiar. “Ou você se enquadra no sexo que nasceu ou vai ser expulso de casa”, acentua Biancarelli.
Em entrevista à Rede Brasil Atual, o jornalista explicou que a violência doméstica, física ou psicológica, acaba levando transexuais e travestis às ruas e à marginalidade. “Se vai para rua e é um travesti, um homossexual que quer viver como travesti, vai acabar caindo na marginalidade. A única coisa que vai encontrar no mercado de trabalho é a prostituição ou, raramente, vai encontrar trabalho como cabeleireiro”, analisa.
De acordo com definições médicas citadas pelo antropólogo e pesquisador Bruno Cesar Barbosa em entrevista à Agência USP de Notícias, uma ou um travesti seria aquele que se comporta e se veste como o outro gênero, mas não quer a cirurgia para mudar seu órgão sexual. Já os/as transexuais, sentem a necessidade de fazer a cirurgia, pois se sentem do outro gênero desde o nascimento.
As transexuais consideram que nasceram com o corpo errado. A mente age como se fosse de um sexo e o corpo é de outro, por isso desejam fazer a operação que recolocaria o corpo no lugar que deveria estar, diz Biancarelli.
Segundo o pesquisador, uma ínfima porcentagem de famílias compreendem e aceitam familiares transexuais ou travestis. Motivo que leva muitas pessoas a viverem escondidas ou se relacionarem apenas dentro do mesmo grupo.
Como exemplo do medo que ronda a vida dessa população, Biancarelli cita a história de um homem trans, com corpo feminino,que perto de se casar, prefere esconder da família da noiva sua condição de transexual. Ou a história do professor de inglês, homem trans, que tem uma vida em comum com uma professora da mesma área, mas vive sempre no “limiar do risco”, com receio de que colegas e familiares descubram a transexualidade.
A rejeição social também impacta no estilo de vida de trans e travestis.”Eles têm medo do dia. Têm uma vida na escuridão”, comenta. “Quando escurece, aí se travestem, se enfeitam, mas durante o dia saem o mínimo possível de casa. Elas não têm coragem de tomar Metrô, ou ônibus, por exemplo”, acrescenta em relação às travestis.
Discriminação
Biancarelli detectou que transexuais e travestis sofrem preconceito e humilhação em ações simples do dia a dia, como ir ao banheiro ou procurar um médico.
“Homem e mulher trans, como se vestem de mulher, utilizam banheiros femininos e todas elas relatam violência nessas situações porque mulheres reclamam se descobrem ou sabem. Da mesma forma não seriam aceitas com roupa de mulher em banheiro de homem”, alega Biancarelli. Há casos de profissionais demitidos ou que tiveram de se submeter a usar “o banheiro dos fundos” para permanecer na empresa, informa o jornalista.
Ir ao médico é outra questão complicada para essa população. Primeiro, a transexual ou travesti é chamada pelo nome de homem, mas quem levanta e vai ao encontro do médico ou da enfermeira é uma mulher. Depois, os trans homens não têm ginecologista para atendê-los. “Não tem como ir a um ginecologista vestida de homem”, argumenta o jornalista. Da mesma forma, é difícil para uma trans mulher ir ao proctologista. “Como iam procurar hormônio?”, indaga o pesquisador.
Saúde
Segundo o jornalista, travestis e transexuais têm a saúde muito precária. Entrevistas realizadas com a população mais jovem aponta que apesar de não procurarem cuidados médicos há vários anos, em geral ainda não manifestaram problemas. Entretanto, a faixa etária mais velha sofre com graves problemas de saúde.
Da população que procura o centro de acolhimento do Centro de Referência da Diversidade (CRD) na rua Major Sertório, centro da capital paulista, quase metade estava infectada e outra metade nunca havia feito exames, por isso não sabe seu estado de saúde real. Biancarelli diz que as travestis acabam bebendo muito e usando drogas diariamente para aguentar a precariedade em que vivem. “Na noite você as vê cheirando cocaína, às 21 horas. Uma das coisas que o hotel ou boate condiciona é que ela incentive o cliente a beber e o cliente quer que ela beba também”, conta.
Também é frequente que clientes queiram que a prostituta use drogas com ele. “Eles estão usando crack, então elas acabam caindo no crack rapidamente”, elucida. “Elas precisam de mais serviços de saúde”, afirma o jornalista.
Amor
Ao acompanhar o dia a dia do Centro de Referência da Diversidade, o pesquisador diz que se surpreendeu com as inúmeras histórias de amor vividas por transexuais e travestis. A maioria das mulheres e homens transexuais sonha com casamento, família e quer a mudança de sexo.
“Elas querem uma vida mais regrada, recolhida”, esclarece. ”Vi vários casos de trans casadas, estabelecidas. Impressionou o número de trans que tinham relacionamentos”, enfoca. O jornalista também encontrou muitas travestis casadas ou namorando transexuais, michês, cafetões.
“Já esperava ouvir relatos de humilhações e maus-tratos sofridos pela população LGBT… Só não esperava que o amor e o companheirismo sobrevivessem com tanta força entre esses personagens. No Centro de Referência da Diversidade é comum ver casais de mãos dadas, ela travesti, ele heterossexual, os dois morando na rua. Em todos os relatos, em meio a histórias de maus-tratos, abandono e discriminação, há sempre uma história de amor”, revela em trecho do livro “A Diversidade Revelada”.
Na publicação, Biancarelli acentua que “respeito e os cuidados psicológicos e médicos a essa população dependem de um amadurecimento da sociedade. Vai do conhecimento e da atenção médica, que inclui cirurgias complexas e reordenações do serviço público, aos avanços em termos da legislação e até mesmo às interpretações do Judiciário”, sublinha.
domingo, 5 de dezembro de 2010
sábado, 4 de dezembro de 2010
Lenin: Tolstoi, um grande artista
Vermelho
www.vermelho.org.br
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Morreu Leon Tolstoi. Sua importância mundial como artista e sua popularidade universal como pensador e pregador refletem, a seu modo, a importância mundial da revolução russa.
Por Vladimir Ilitch Lênin*
Leon Tolstoi se manifestou como um grande artista desde os tempos do regime da servidão. Em várias obras geniais, escritas por ele no transcurso dos longos cinquenta anos em que se prolongou a sua atividade literária, pintou de preferência a velha Rússia anterior à revolução, que depois de 1861 ficou em um regime de semisservidão; pintou a Rússia aldeã, a Rússia do latifundiário e o camponês. Ao pintar esse período da vida histórica da Rússia, Leon Tolstoi soube apresentar tantas questões fundamentais em seus escritos, alcançou em sua arte tão grande força, que suas obras figuram entre as melhores da literatura mundial.
A época em que se preparava a revolução em um dos países oprimidos pelos senhores feudais foi, graças à forma genial com que Tolstoi a tratou, um passo adiante no desenvolvimento artístico de toda a humanidade.
Como artista, somente uma minoria insignificante o conhece na Rússia. Para fazer efetivamente suas grandes obras patrimônio de todos, há que lutar contra o regime social que condenou milhões e milhões de seres à ignorância, ao embrutecimento, a um trabalho próprio de condenados e à miséria; há que fazer a revolução socialista.
Tolstoi não só escreveu obras literárias que sempre serão apreciadas e lidas pelas massas quando estas criem para si condições de vida humana, derrubando a opressão dos latifundiários e dos capitalistas; ele soube também descrever com força admirável o estado de ânimo das grandes massas subjugadas pela ordem de coisas desse tempo, soube também pintar sua situação e expressar os seus sentimentos espontâneos de protesto e indignação. Tostói que pertenceu, principalmente, à época de 1861 a 1904, refletiu com assombroso realce em suas obras – como artista e como pregador – as características da especificidade histórica de toda a primeira revolução russa, sua força e sua debilidade...
Olhem com atenção o que dizem de Tolstoi os jornais do governo. Choram lágrimas de crocodilo assegurando que têm em alta estima o “grande escritor”; mas, ao mesmo tempo, defendem o “santíssimo” sínodo. E os santíssimos padres acabam de cometer uma canalhice das mais imundas, enviando seus popes à cabeceira do moribundo, para enganar o povo e dizer que Tolstoi se “arrependeu”. Antes, o santíssimo sínodo havia excomungado Tolstoi.
Prestem atenção no que dizem de Tolstoi os jornais liberais. Eles se apressam com estas frases ocas, oficial-liberalescas, batidas e professorais sobre “a voz da humanidade civilizada”, “o eco unânime do mundo”, “as ideias da verdade e do bem”, etc. etc., pelas razões que Tolstoi castigava com tanta força e tanta razão contra a ciência burguesa. Os jornais liberais não podem dizer clara e concretamente o que pensam das idéias de Tolstoi sobre o Estado, a Igreja, a propriedade privada da terra e o capitalismo. Isso não porque a censura os atrapalha – pelo contrário, a censura os ajuda a sair da dificuldade.
Eles não podem porque cada tese da crítica de Tolstoi é uma bofetada no liberalismo burguês; porque, por si, a valente, franca e implacavelmente dura concepção das questões mais candentes e mais malditas de nossa época por Tolstoi é uma bofetada nas frases estereotipadas, nos batidos subterfúgios e na falsidade escorregadia, “civilizada” de nossa imprensa liberal (e liberal populista).
Morreu Tolstoi, e se foi o passado da Rússia anterior à revolução, a Rússia cuja debilidade e impotência se expressaram na filosofia do genial artista e vemos refletidas em sua obras. Mas em sua herança há coisas que não pertencem ao passado. Pertencem ao futuro. Essa herança passa às mãos dos proletários da Rússia, que a está estudando. Daí virá a explicação às massas trabalhadoras e exploradas da significação da crítica que Tolstoi fez ao Estado, à Igreja, à propriedade privada da terra; e não o fará para que as massas se limitem à autoperfeição e a suspirar por uma vida santa, mas para que se levantem com o fim de lançar um novo golpe à monarquia czarista e à posse da terra por latifundiários, que em 1905 só foi ligeiramente quebrada e que deve ser destruída. Então se explicará às massas a crítica que Tolstoi fez do capitalismo, mas não o fará para que as massas se limitem a maldizer o capitalismo e o poder do dinheiro, mas para que aprendam a apoiar-se, em cada passo de sua vida e de sua luta, nas conquistas técnicas e sociais do capitalismo, para que aprendam a se agrupar em um exército único de milhões de lutadores socialistas, que derrubarão o capitalismo e criarão uma nova sociedade sem miséria para o povo, sem exploração do homem pelo homem.
* Fragmentos do texto de Lênin refletindo a morte de Tolstoi
Fonte: Publicado em 16 (29) de novembro de 1910 em “O Social-democrata”
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
Malikai Dapana: a escola de pajés
Índios baniwa criam o primeiro centro de formação para xamãs do Brasil
São Gabriel da Cachoeira (AM)
Leandro Prazeres
Pajé usa tabaco e chacoalha seu maracá como parte do tratamento de seu paciente. Manuel da Silva, o “Mandu”, é o pajé mais poderoso do povo baniwa (Foto: Euzivaldo Queiroz)
Um grunido de dor ecoa na floresta. O corpo fraco do velho xamã não suporta mais o pariká como antigamente. A cada dia, o pó sagrado lhe deixa mais e mais esgotado. Mesmo assim, ele apoia o corpo franzino em um cajado e, lentamente, se afasta do paciente. Sai da maloca chacoalhando seu maracá e olhando para o céu. Em transe, ele pede aos espíritos da mata que o ajudem até que sua boca expele uma mistura de vômito e saliva. É a materialização da doença. A cura está próxima.
O velho que precisa de um cajado para se equilibrar se chama Manoel da Silva, 75, mais conhecido pelo apelido “Mandu”. Ele é professor da primeira escola de pajés do Brasil, localizada na aldeia onde vive, Uapuí-Cachoeira, às margens do rio Ayari, em São Gabriel da Cachoeira (a 858 quilômetros de Manaus). A escola foi criada em novembro do ano passado com a missão de evitar a morte do xamanismo entre os baniwa que, desde o início dos anos 90, lutam para revitalizar sua cultura.
A escolha de “Mandu” para ser professor da Malikai Dapana (Maloca dos Conhecimentos dos Pajés) não foi por acaso. Ele é o pajé mais poderoso do povo baniwa, etnia do tronco linguístico aruak que vive entre Brasil, Colômbia e Venezuela. De acordo com o antropólogo norte-americano Robin Wright, que estuda a região desde 1976, “Mandu” é o único “pajé-onça” de todo o povo baniwa. “O pajé-onça é o estágio mais avançado que existe. Para um xamã chegar a esse nível, ele demora, em média, dez anos. Existem outros pajés, mas poderoso como o Seu ‘Mandu’, nenhum”, diz Wright, um dos idealizadores da escola.
Papel
Entre os antropólogos que estudam o povo baniwa, há consenso de que o pajé não é um mero curandeiro, mas uma espécie de médico com amplo conhecimento dos remédios extraídos das plantas, mas, sobretudo, um guia espiritual e mediador entre os espíritos das diversas camadas que compõem o mundo deles e o plano físico em que os índios vivem.
A ideia de criar a escola de pajés surgiu das conversas entre Wright e Alberto de Lima da Silva, 47, filho e aluno de “Mandu”. “A gente sentiu a necessidade de resgatar esses conhecimentos. O meu pai já está velho e os jovens precisam aprender essas coisas, senão a pajelança vai desaparecer”, diz Alberto.
O risco de “extinção” do xamanismo baniwa tem explicação. Durante quase 300 anos, missionários católicos e evangélicos proibiram os índios de praticar seus rituais. Os pajés praticamente desapareceram. Desde o início dos anos 90, porém, diversas etnias iniciaram um processo de revitalização e reforço étnico que, em Uapuí-Cachoeira, culminou com a construção da Malikai Dapana.
Escola diferente
A escola construída pelos baniwa em nada se parece com uma escola convencional. Ela tem a forma de uma grande maloca construída com vigas de madeira entrelaçadas com cipó e coberta com palha de caraná, uma palmeira da região. Tem dez metros de comprimento por cinco de largura e três de altura.
“Mandu” dá aula a 15 alunos. Quase todos são jovens, parentes do professor e vivem em Uapuí-Cachoeira. Alberto diz que já mandou recado para as outras aldeias convocando novos alunos, mas até agora não recebeu resposta. João Joaquim de Lima da Silva tem 16 anos, é neto de “Mandu” e um dos primeiros alunos da escola. Seu interesse pelos conhecimentos dos mais velhos é coisa rara entre a juventude baniwa. “É importante cultivar os conhecimentos do meu avô. Isso faz parte da nossa história e eu quero preservar. Não quero que nossa cultura morra com o meu avô”, diz o aprendiz de pajé.
EM NÚMEROS - US$ 18 mil
Esse é o valor repassado pela organização não-governamental Foundation For Shamanic Studies (Fundação para Estudos Xamânicos). O valor foi utilizado na construção da maloca. Outros US$ 4,5 mil foram liberados neste ano. 5,8 mil é a população estimada pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa) dos índios baniwa no Brasil. A etnia se espalha pela Colômbia, também. Eles se encontram em centenas de comunidades na calha do rio Içana, Ayari Cubate e Cuiari.
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