INÊS, RAINHA PÓSTUMA
Estavas, linda Inês, póstuma e lívida,
como se a vida em ti não mais fluísse,
mas quem te contemplasse saberia
que eras enfim o nervo do conflito:
não tanto aquele que te fez a vítima
dos reis e das intrigas da península,
mas o que dentro de ti mesma
urdiram
teu sangue abrupto o teu amor sem bridas.
Por isso é que o sossego não te
cinge
nem te refreia o frêmito do
instinto
que ainda fustiga o flanco de tuas cinzas.
Ali, na pedra, és de ti própria a
epígrafe:
princípio e fim da mísera e mezquinha
que depois de ser morta foy Rainha.
(JUNQUEIRA, Ivan. A rainha arcaica. Rio de Janeiro, Nova
Fronteira, 1980, p. 118).
Apud. Rogel Samuel. Literatura básica. Petrópolis, Vozes, 1985.
Apud. Rogel Samuel. Literatura básica. Petrópolis, Vozes, 1985.
Um comentário:
Belo retrato de um episódio na História de Portugal, num belo poema! Poema de homenagem ao amor... Poema de homenagem à Mulher!
Postar um comentário