segunda-feira, 3 de agosto de 2009
PAULO JACOB
PAULO JACOB
Rogel Samuel
Sob vários aspectos, ele é o maior romancista da Amazônia.
Não é muito lido, conhecido, porque autor difícil, sofisticado.
Sua morte, no dia 7 de abril de 2004, abre questão grave quanto à divulgação da cultura nacional brasileira.
Sua morte não chamou atenção.
Não se soube.
Eu mesmo, amazonense de Manaus, onde morava o escritor, não tive conhecimento.
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Vim a ouvir da boca de um chofer de táxi, em Manaus, no dia 18 de junho.
Dizia-me ele:
— ...Por ali, na rua onde morava aquele desembargador, que morreu no ano passado...
A rua, cujo nome não me ocorre, fica ao lado do Igarapé.
A casa, em frente ao igarapé, exibe a vocação de Paulo Jacob. Em Manaus, mas sempre voltado para a Floresta. Que ele conheceu bem, pois foi juiz em Canutama, no rio Purus, em 1952, e durante 10 anos viajou pelo Amazonas.
Até que, nos anos 60, foi promovido a desembargador do Tribunal de Justiça.
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Paulo Jacob escreveu muito. Muito. Cerca de 10 romances bem trabalhados.
Quase ganhou o maior prêmio nacional de literatura da sua época, o Walmap, em 1969, com "Dos ditos passados nos acercador do Cassianã", 2º lugar. Excelente livro, imenso, denso, 359 páginas de um tipo pequeno, corpo 10 (Rio de Janeiro, Bloch, 1969).
O Walmap tinha juízes como Jorge Amado, Guimarães Rosa e Antônio Olinto.
Os três deram o 4º lugar para "Chuva branca", em 1967, um dos seus mais belos livros. Outro livro, "Vila rica das queimadas", título bem atual, ecológico, também ficou entre os finalistas do Walmap. O título denuncia, como o livro: "O coração da mata, dos rios, dos igarapés e dos igapós morrendo", sobre o desmatamento. "Chãos de Maíconã" também "menção honrosa" do Concurso Walmap.
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Festejado foi pela crítica, Paulo Jacob.
Leila Miccolis o considera "o Guimarães Rosa da Amazônia".
Guimarães Rosa ficou entusiasmado com "Chuva branca".
Aguinaldo Silva diz que ele fez "o primeiro grande romance da Amazônia".
Assis Brasil compara "Chuva branca" a "Sagarana" de Rosa e a "The wild palms" de Willian Faulkner.
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Ler Paulo Jacob é dificuldade. Chega que ele, em "Chãos de Maíconã", anexou um vocabulário da língua ianoname, no fim do livro.
De um "Dicionário da língua popular da Amazônia" também ele é autor
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Paulo Jacob nasceu em 24 de fevereiro de 1921 e faleceu no dia 7 de abril de 2004. Escreveu ainda: Muralha verde (1964), Andirá (1965), Estirão de mundo (1979), A noite cobria o rio caminhando (1983), O gaiola tirante rumo do rio da borracha (1987), além dos citados acima.
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Em "Chuva branca", o personagem vai-se adentrando, vai-se assimilando na floresta, vai-se afastando da civilização, até que no fim parece que nem existiu - vira mito. No fim, na morte, ele tira a roupa, fica nu, perdido na mata, integrado nela, sabendo que vai morrer, perdido e integrado, no mitificado.
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"O gaiola tirante rumo do rio da borracha" narra a viagem de um navio, um gaiola, um barco a vapor, saindo de Belém até o outro lado da Amazônia, no rio Purus até subir o rio Iaco, onde o navio naufragou e ali se soube que o preço da borracha despencara, de quinze mil réis caiu para oito, pondo na falência todos os coronéis. O personagem é o Comandante Antonio Damasceno.
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Paulo Jacob foi professor universitário e Presidente do Tribunal de Justiça. Como Presidente de tribunal chegou a assumir o Governo do estado, em 1982. Sua morte deixa aberta a vaga de melhor romancista da região Norte.
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