sábado, 29 de agosto de 2009

A velha casa e seus poemas

A meu poema "casa abandonada", o poeta Jefferson Bessa escreveu uma resposta:

casa abandonada (Rogel Samuel)


as janelas estavam assassinadas
assistiam a tudo
ao mar, às aves, à montanha
nunca mais fechadas
fecundas de vento
arrebatadas de sol
batidas pelo firmamento
e as janelas nunca mais se fecharam
porque não havia ninguém mais lá dentro
porque os poros da casa se abriram
às verdejantes trepadeiras
que cobriam todo passado


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Esta casa (Jefferson Bessa)

Esta casa é
O abrigo do poema.

E respiram estas paredes
A verde-planta do tempo.
Crescem por sobre a casa
O olhar presente do passado
De entre-ver nossas janelas
Que não se trancam mais.
Por lá não ter ninguém
É que elas me olham.
Por nenhuma noite mais
Fecharei minhas cortinas.

Este poema é
O abrigo desta casa.

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Minha resposta (Rogel Samuel)

Por lá não há mais ninguém
nesta casa abandonada
nem os fantasmas esguios
nem as fadas enamoradas
nem mendigos nem ninguém
mesmo o tempo por lá não encosta
mesmo as recordações se desfazem
as memórias as cansadas
naves da madrugada
cinzas do que passou
solidão das marés
esquecimento e silêncio



2 comentários:

Memória transparente disse...

Lindo toque de almas. Amigos,bem hajam.

Abraços.

ROGEL DE SOUZA SAMUEL disse...

OBRIGADO, AMIGA, GRANDE IRMÃ DE ALMA... (nem o grande oceano nos afasta...)