NEUZA MACHADO - DO PENSAMENTO CONTÍNUO À TRANSCENDÊNCIA FORMAL
RIO DE JANEIRO
2006
Machado, Neuza, 1946-
Do pensamento contínuo à transcedência formal. 1. ed. – Rio de Janeiro: NMachado, 2006
Bibliografia e Notas
1 . Teoria Literária - Crítica Literária - Sociologia da Literatura - Filosofia - Literatura Brasileira
I . Machado, Neuza, 1946- II .
SUMÁRIO
I -.... INTRODUÇÃO ...................... 11
II -... UM SERTÃO INESQUECÍVEL ............................................................. 33
II.1 -... Sertão: Casa da Infância 33
II.2 -... O Artista e suas Máscaras 50
II.3 -... Sertão: Cenário da verdadeira representação
do Eu Ficcional do ArtistA.............................................. 60
II.4 -... Aprendendo a administrar
Conflitos ......................... 74
Conflitos ......................... 74
II.5 -... Resgatando Lembranças 85
II.6 -... O Tempo suspenso entre o antes
e o depois ......................... 93
e o depois ......................... 93
II.7 -... A Filosofia do Vazio em
contraposição à do Cheio 96
contraposição à do Cheio 96
II.8 -... Passagem dos Cogitos 104
II.9 -... O Sonho do Artista: Elo de Ligação
com o Cogito(4) .............. 127
com o Cogito(4) .............. 127
II.10-.. Psicanálise da Criação 132
II.10.1 Da reprodução à autêntica criação 132
II.10.2 Uma perspectiva dialética 152
II.10.3 Mudanças no discurso narrativo 161
II.10.4 Sob a influência do fogo 169
II.10.5 Da agitação ao conflito 182
II.10.6 O colorido do sertão roseano 191
II.10.7 Uma perspectiva maravilhada 200
II.10.8 Sertão: sofrimento e conflito 210
II.10.9 Os graus da imaginação na obra roseana 219
II.10.10 A temática da água .... 225
II.11-.. Ascensão ao Concreto 244
II.11.1 Uma perspectiva substancial infinita 244
II.11.2 O narrador perde a vez 255
II.11.3 O elemento Ar: a um passo do infinito 263
II.11.4 Além do cogito(3) ........ 272
II.11.5 Conclusão: Recriando o passado 282
III -.. CONCLUSÃO ....................... 285
IV -.. BIBLIOGRAFIA .................... 297
V - NOTAS ....................................................................................................... 301
Quer queira quer não, o romancista revela o fundo de seu ser, ainda que se cubra literalmente de personagens. Em vão ele se servirá "de uma realidade" como uma tela. É ele que projeta essa realidade, é ele sobretudo que a encadeia.
*Gaston Bachelard
Nasci no ano de 1908. (...). Minha biografia, sobretudo minha biografia literária, não deveria ser crucificada em anos. As aventuras não têm princípio nem fim. E meus livros são aventuras; para mim, são minha maior aventura. Escrevendo, descubro sempre um novo pedaço de infinito; o momento não conta. Vou revelar um segredo: creio já ter vivido uma vez. Nesta vida, também fui brasileiro e me chamava João Guimarães Rosa. Quando escrevo, repito o que vivi antes. E para estas duas vidas um léxico apenas não me é suficiente.
Nasci em Cordisburgo, uma cidadezinha não muito interessante, mas para mim, sim, de muita importância. Além disso, em Minas Gerais, sou mineiro. E isto sim é o importante, pois quando escrevo, sempre me sinto transportado para esse mundo: Cordisburgo.
Eu sou antes de mais nada um "homem do sertão"; e isto não é apenas uma afirmação biográfica, mas também, e nisto pelo menos eu acredito firmemente, que ele, esse "homem do sertão", está presente como ponto de partida mais do que qualquer outra coisa.
Este pequeno mundo do sertão, este mundo original e cheio de contrastes, é para mim o símbolo, diria mesmo o modelo de meu universo.
Fui médico, rebelde, soldado. Foram etapas importantes de minha vida. (...). Estas três experiências formaram até agora meu mundo interior; e, para que isto não pareça demasiadamente simples, queria acrescentar que também configuram meu mundo a diplomacia, o trato com os cavalos, vacas, religiões e idiomas.
É impossível separar minha biografia de minha obra.
Tudo isto é curioso, mas o que não é curioso na vida? Não devemos examinar a vida do mesmo modo que um colecionador de insetos contempla os seus escaravelhos?
**GUIMARÃES ROSA
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