Adeus
Nísia Nóbrega
Assim plena de amor, em meio à Primavera
despeço-me de ti, e a solidão reclamo;
mas, ao dizer-te adeus, é como se dissera
com a boca nos teus lábios: meu amor, eu te amo!
Entôo esta cantiga onde a tristeza impera
qual árvore que vê partir-se o último ramo
curvando-se de dor, sem nada mais à espera:
- eu peço que te vás, e quase que te chamo!
Que em tuas mãos perdure o aroma destas flores;
colhe quantas quiseres, pois quando te fores,
nenhuma restará na angústia dos meus braços!
A sombra do meu rosto seja o último beijo,
e, docemente, vá contigo, e em leve adejo
apague-se no chão com a sombra dos teus passos!
1950
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