domingo, 14 de outubro de 2012

Nísia Nóbrega

Adeus              
                                       Nísia Nóbrega


Assim plena de amor, em meio à Primavera
despeço-me de ti, e a solidão reclamo;
mas, ao dizer-te adeus, é como se dissera
com a boca nos teus lábios: meu amor, eu te amo!

Entôo esta cantiga onde a tristeza impera  
qual árvore que vê partir-se o último ramo
curvando-se de dor, sem nada mais à espera:
- eu peço que te vás, e quase que te chamo!

Que em tuas mãos perdure o aroma destas flores;
colhe quantas quiseres, pois quando te fores,
nenhuma restará na angústia dos meus braços!

A sombra do meu rosto seja o último beijo,
e, docemente, vá contigo, e em leve adejo
apague-se no chão com a sombra dos teus passos!


1950

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