Primavera
Enfermiça, tristemente, a primavera expulsou
O inverno, estação da arte serena, o inverno lúcido.
E o meu ser, a quem o sangue preside abatido,
A impotência, num longo bocejo, se espreguiçou.
Sob o meu crânio se amornam alvos crepúsculos
Que em círculo de ferro encerra um túmulo velho.
Triste, perambulando, após um sonho, vago e belo
Pelos campos onde a seiva imensa se adorna.
Depois, abatido, caio de perfumes d’árvores, cansado,
E, um obstáculo cavando da minha face a meu sonho,
Mordo a terra quente na qual crescem lilases.
Afundando-me, espero que meu tédio cresça
- Entretanto, ri o Azul sobre a sebe e o despertar
De tantos pássaros, ao sol gorjeando em flor.
(Trad. de Cunha e Silva Filho)
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