Diários de viagem de dom Pedro II entram em programa da Unesco
- Documentos do Museu Imperial mostram a curiosidade científica do imperador
RIO — Se toda a tecnologia disponível hoje em dia fosse uma realidade no século XIX, dom Pedro II certamente teria à mão um tablet ou smartphone para registrar suas viagens pelo mundo e, quem sabe, transmitir em tempo real todas as novidades apresentadas a ele. Como na época só havia cadernetas de papel, foi nelas que ele fez muitas anotações e desenhos. Elas integram um arquivo maior, de 2.210 documentos, que acaba de ganhar reconhecimento internacional. Na terça-feira, o material, que faz parte da História do país e está sob a guarda do Museu Imperial de Petrópolis, foi inscrito no Registro do Programa Memória do Mundo, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), após passar pelo crivo de um comitê formado por 22 personalidades de várias áreas, que ficou reunido até ontem na Coreia do Sul.
O diretor do museu, Maurício Vicente Ferreira Jr., ressalta que o reconhecimento dado aos documentos do imperador é equivalente ao título de Patrimônio Cultural da Humanidade, concedido também pela Unesco ao Cristo Redentor, no Rio de Janeiro. A coleção enviada à organização tem registros de viagens que ocorreram entre 1840 e 1913. São 44 diários de dom Pedro II e dez da imperatriz Teresa Cristina. Além disso, há diários de viagem de Luísa Margarida de Barros Portugal, a condessa de Barral, e de Luís Pedreira do Couto Ferraz, o barão do Bom Retiro, que integravam habitualmente a comitiva. Há, ainda, correspondência, itinerários de viagem, livros de visitas e registros de contatos, panfletos e fotografias, entre outros documentos.
Em seu site, a Unesco ressalta que o material não só revela aspectos do pensamento de dom Pedro II, sobre descobertas científicas e paixões políticas, mas também permitem analisar as relações diplomáticas do Brasil na época.
— Dom Pedro II tinha uma personalidade curiosa, era um cientista autônomo, que registrava o que estava na sua frente de forma perspicaz. Nas viagens, ele se comunicava com personalidades, cientistas, artistas do período, como Victor Hugo, Alessandro Manzoni, Alfred Nobel, Louis Pasteur, Henry Longfellow, Richard Wagner e Louis Agassiz. Ele foi o único chefe de Estado presente nas comemorações pelo centenário da Independência dos Estados Unidos — conta Maurício, acrescentando que foram enviadas 162 páginas de documentos em defesa da inscrição do acervo.
O dossiê foi encaminhado à Unesco em março do ano passado. Na ocasião, a historiadora Alessandra Bettencourt Fraguas, do Museu Imperial, ao falar sobre o imperador, citou que ele, em visita ao Alto Nilo, no Sudão, cercado por egiptólogos, escreveu um diário técnico, praticamente um ensaio de arqueologia. Dom Pedro II foi um dos primeiros a financiar as pesquisas de Pasteur, inventor da pasteurização, e ofereceu asilo a Richard Wagner, na época em que o compositor alemão sofreu perseguições políticas na Alemanha.
O museu em Petrópolis preserva atualmente 250 mil documentos. Com a premiação, passa a ser a primeira unidade museológica do Instituto Brasileiro de Museus, do Ministério da Cultura, a receber o diploma da organização internacional.
— Vamos digitalizar o material e disponibilizar na internet. A ideia é organizar exposições em todos os países visitados pelo imperador e levar até eles a visão de dom Pedro II — disse Maurício.
Também na terça-feira, o comitê da Unesco inscreveu no Registro do Programa Memória do Mundo uma coleção com 8.927 documentos, esboços, álbuns e desenhos técnicos do arquiteto Oscar Niemeyer. O material, segundo a entidade da ONU, forma um valioso registro da obra de um artista que transformou a arquitetura do século XX no mundo.
O diretor do museu, Maurício Vicente Ferreira Jr., ressalta que o reconhecimento dado aos documentos do imperador é equivalente ao título de Patrimônio Cultural da Humanidade, concedido também pela Unesco ao Cristo Redentor, no Rio de Janeiro. A coleção enviada à organização tem registros de viagens que ocorreram entre 1840 e 1913. São 44 diários de dom Pedro II e dez da imperatriz Teresa Cristina. Além disso, há diários de viagem de Luísa Margarida de Barros Portugal, a condessa de Barral, e de Luís Pedreira do Couto Ferraz, o barão do Bom Retiro, que integravam habitualmente a comitiva. Há, ainda, correspondência, itinerários de viagem, livros de visitas e registros de contatos, panfletos e fotografias, entre outros documentos.
Em seu site, a Unesco ressalta que o material não só revela aspectos do pensamento de dom Pedro II, sobre descobertas científicas e paixões políticas, mas também permitem analisar as relações diplomáticas do Brasil na época.
— Dom Pedro II tinha uma personalidade curiosa, era um cientista autônomo, que registrava o que estava na sua frente de forma perspicaz. Nas viagens, ele se comunicava com personalidades, cientistas, artistas do período, como Victor Hugo, Alessandro Manzoni, Alfred Nobel, Louis Pasteur, Henry Longfellow, Richard Wagner e Louis Agassiz. Ele foi o único chefe de Estado presente nas comemorações pelo centenário da Independência dos Estados Unidos — conta Maurício, acrescentando que foram enviadas 162 páginas de documentos em defesa da inscrição do acervo.
O dossiê foi encaminhado à Unesco em março do ano passado. Na ocasião, a historiadora Alessandra Bettencourt Fraguas, do Museu Imperial, ao falar sobre o imperador, citou que ele, em visita ao Alto Nilo, no Sudão, cercado por egiptólogos, escreveu um diário técnico, praticamente um ensaio de arqueologia. Dom Pedro II foi um dos primeiros a financiar as pesquisas de Pasteur, inventor da pasteurização, e ofereceu asilo a Richard Wagner, na época em que o compositor alemão sofreu perseguições políticas na Alemanha.
O museu em Petrópolis preserva atualmente 250 mil documentos. Com a premiação, passa a ser a primeira unidade museológica do Instituto Brasileiro de Museus, do Ministério da Cultura, a receber o diploma da organização internacional.
— Vamos digitalizar o material e disponibilizar na internet. A ideia é organizar exposições em todos os países visitados pelo imperador e levar até eles a visão de dom Pedro II — disse Maurício.
Também na terça-feira, o comitê da Unesco inscreveu no Registro do Programa Memória do Mundo uma coleção com 8.927 documentos, esboços, álbuns e desenhos técnicos do arquiteto Oscar Niemeyer. O material, segundo a entidade da ONU, forma um valioso registro da obra de um artista que transformou a arquitetura do século XX no mundo.
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